Cidades

Jovem picado por naja passa por hemodiálise e tem leve melhora

Estudante de veterinária teve reações graves e administração do soro precisou ser interrompida; Ele está em coma desde ontem

Correio Braziliense
postado em 08/07/2020 19:39
Estudante de veterinária teve reações graves e administração do soro precisou ser interrompida; Ele está em coma desde ontemO estudante de veterinária Pedro Henrique Lehmkuhl, de 22 anos, que foi picado por uma cobra do gênero naja nesta terça-feira (7/7) apresentou melhora no fim da tarde desta quarta (8/7). Segundo o Grupo Santa Lúcia, Pedro Henrique continua internado na UTI em estado grave.A cobra foi encontrada na noite desta quarta-feira.

Após ser atingido, o jovem foi levado para o Hospital Maria Auxiliadora, no Gama. O soro antiofídico necessário para anulação do veneno foi entregue pelo Instituto Butantan em caráter emergencial, e chegou ao DF na madrugada de quarta-feira.

Segundo apuração do Correio, ainda durante a madrugada, Pedro sofreu um choque anafilático, consequência de uma reação alérgica grave, e a administração do soro precisou ser interrompida. Só após um período de mais de seis horas em observação, a equipe médica pôde continuar o procedimento.  

Nesta manhã, Pedro apresentou melhora após ministração do soro. O Correio apurou, ainda, que Pedro precisou ser submetido à uma hemodiálise, com o intuito de remover substâncias tóxicas do sangue. Ele continua em coma.

Todo o procedimento foi coordenado entre o hospital e o Instituto Butantan.

Estudante de veterinária

Pedro Henrique cursa veterinária no Centro Universitário Uniceplac. Segundo a coordenadora do curso, Daniella Ribeiro Guimarães Mendes, vários alunos manifestam apreço pelos mais diversos tipos de animais, mas são instruídos sobre a necessidade do respeito ao habitat de cada espécie. "Para aulas, podemos ter bovinos, equinos e outros animais mais domésticos. Animais selvagens em cativeiro representam um perigo e pode ser um mal para o próprio animal. Até porque é impossível alguém sair andando e se deparar com uma espécie dessas por aqui", avalia.

A professora explica ainda que esse tipo de serpente é proveniente da Índia e da África. A espécie específica, uma naja kaouthia, vive apenas no sul da Ásia e apenas instituições autorizadas pelo Ibama, a exemplo do próprio Instituto Butantan, têm autorização, no Brasil, de criar serpentes do gênero e ter ambientes que promovam segurança, inclusive, para o animal. A Polícia Civil vai investigar a origem do animal que picou o rapaz.

O Grupo de Estudos de Animais Silvestres e Exóticos (Gease) do Uniceplac emitiu uma nota de pesar em apoio ao estudante e à família. Mas o grupo ressalta que não incentiva a criação de animais que possam oferecer riscos à saúde humana, ou do próprio animal. “Aconselhamos que os membros que desejem adquirir um animal silvestre, façam isso seguindo as leis e normativas vigentes no país”, afirmam.  

“O aluno e amigo Pedro Henrique, é um importante membro deste grupo. Nos sentimos consternados com a situação e aceitamos todas as manifestações de carinho que ajudem em sua recuperação neste momento. Sejamos solidários evitando julgamentos que não contribuem para a melhora do quadro geral e faz com que sofram àqueles que o amam”, finalizam.  

Sobre a cobra 

Segundo o major Elias Costa do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), a polícia ainda tenta falar com a família do estudante picado para tentar recolher o animal. "Queremos colocá-lo em um ambiente adequado e não pode ser solto no Distrito Federal", diz. Ele ressalta a importância de não domesticar animais silvestres nem peçonhentos. "Caso alguém que não tenho o conhecimento necessário tentar manipular esses animais, o risco de acidentes é grande", explica. 

A naja, encontrada especialmente na Tailândia e responsável por vários acidentes no país, possui uma peçonha capaz de afetar o sistema nervoso central das vítimas, vindo a ser fatal. A espécie brasileira que mais se assemelha ao tipo de veneno e comportamento da naja é a cobra-coral verdadeira. Contudo, a peçonha da naja tem maior potencial danoso às pessoas.

O major diz que, ao encontrar uma cobra, é necessário ter calma. "O primeiro passo é se afastar do animal e tentar desviar o caminho. Se não for possível, pegar um galho comprido e encostar na cobra fará com que ela se incomode e então saia do caminho". 

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