Cidades

Covid-19: pesquisadores sugerem que medidas de combate sejam sustentáveis

Para grupo da Universidade de Brasília (UnB), o momento não exige medidas mais severas de isolamento e sim algo que possa ser mantido no longo prazo

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 06:05
Para grupo da Universidade de Brasília (UnB), o momento não exige medidas mais severas de isolamento e sim algo que possa ser mantido no longo prazo permite aos pesquisadores do Observatório de Predição e Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (PrEpidemia), da Universidade de Brasília (UnB), estimarem as datas dos picos de infectados e hospitalizados. De acordo com o último boletim publicado pelo grupo, o DF enfrentaria as fases mais duras da doença entre 7 de julho e 9 de setembro e entre 17 de julho e 29 de setembro, dependendo do cenário, típico ou pessimista. 

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Diante do cenário analisado, o grupo faz algumas recomendações para manter o mesmo nível e evitar novos surtos, entre elas ,a manutenção das medidas de contenção adotadas até o momento. Contudo, o documento traz uma ressalva: "não é recomendada, para o momento, a imposição radical de medidas de isolamento e interrupções de atividades sociais, já que essas medidas não são sustentáveis por longos períodos e a pandemia deverá continuar por mais alguns meses". 

Antes de qualquer tomada de decisão por parte do poder Executivo local de flexibilização de novas atividades, os pesquisadores salientam a importância de assegurar a disponibilidade de infraestrutura hospitalar, considerando as estimativas, com as devidas margens de segurança. "Destaca-se que o pico de utilização de UTI até 31 de dezembro, estimado para o cenário pessimista, é de 854 leitos', observam pesquisadores no relatório.

No que tange a atenção à saúde, a sugestão ao GDF é também assegurar um tratamento isonômico para a população, tendo em vista que há uma relação entre a taxa de letalidade e o IDH. Válido destacar ainda a importância da manutenção das atividades educativas a fim de conscientizar a população sobre a importância do isolamento social, das medidas de higiene e de uso adequado de máscaras.

Por fim, duas ações recomendadas pelo grupo ao governo são o investimento em inteligência geográfica, para gerar protocolos regionais de ação e previsão, e o investimento em inteligência epidemiológica para compreender os meios de contaminação que necessitam de melhores controles.
 
"Isso pode ser feito entrevistando-se os indivíduos que tiveram confirmação de infecção recente para identificar os possíveis locais de contaminação. Por exemplo, quantos fazem uso de transporte coletivo? Onde (trabalho, feira, casa de familiar, etc.) estiveram no intervalo provável de infecção? Com quem teve contato nos últimos 7 dias? O próprio infectado pode ter sugestão de onde contraiu a doença. Conhecendo os ambientes de maior contaminação, é possível definir protocolos mais efetivos e adaptados a cada contexto."

Um dos coordenadores do observatório e pesquisador da Associação GigaCandanga, Paulo Angelo Alves Resende reconhece que fazer o controle de uma pandemia não é tarefa fácil. "Temos um relativo controle da epidemia, todavia, você vê que não tem sido efetivo como se esperava. Tanto a sociedade quanto o governo, quando criou-se as medidas, esperavam que em dois meses estaria tudo resolvido. Defendemos medidas que são sustentáveis do ponto de vista econômico e social. É preciso ser resiliente até ter a vacina. Vai demorar. Fizemos essas projeções todas e vimos que vai até o fim do ano e início do ano que vem, então, o que precisa agora é inteligência epidemiológica", defende. 

O fato de ter uma imunidade de grupo é positivo. Contudo, o preço disso é a vida humana. "Como você sai disso? Pesquisando onde estão os focos da epidemia e atuando. Se você descobre alguns focos significativos, você consegue reduzir a reprodução para baixo de um e economizar muitas vidas", explica. 

O pesquisador também comenta sobre a politização da pandemia que se criou no Brasil, tanto em relação às medidas como em relação às formas de tratamento. "Todas as medidas são válidas. Hoje, não achamos que seja o caso de fazer um lockdown, porque haverá uma redução, mas uma hora você tem que voltar, porque é uma ação custosa e não é efetiva. E basta uma infecção nova para retornar a disseminação, por isso falamos em medidas sustentáveis no longo prazo", detalha. O grupo também sugere que o governo trabalhe de maneira individualizada por regiões. 

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