Economia

Governo diz que liberou 45% das obstruções feitas por caminhoneiros

Em entrevista coletiva, ministros explicaram como vai funcionar o uso das forças armadas para desobstruir vias e disseram que o governo vai "à extremidade" para garantir abastecimento

Fernando Jordão
postado em 25/05/2018 18:39
Caminhões parados em estrada

Em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira (25/5), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou que 419 pontos de obstrução de estrada por caminhoneiros em todo o país foram liberados após o acordo anunciado pelo governo com os caminhoneiros. O número, segundo o ministro, equivale a cerca de 45% das 933 obstruções que o Brasil chegou a ter ao longo dos cinco dias de greve.

[SAIBAMAIS] Jungmann ressaltou que o fim de quase metade das obstruções "aponta para a adesão crescente dos senhores caminhoneiros aos termos do acordo que foi fechado". Nessa quinta-feira (24/5), o governo anunciou que havia fechado um acordo com os caminhoneiros. Porém, os termos não foram aceitos por todas as entidades. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil trabalhadores, por exemplo, foi uma das que refutaram o acordo. Assim, a greve continuou e seus reflexos seguiram afetando a população pelo quarto dia consecutivo.

O ministro disse ainda que determinou que a Polícia Federal abra uma investigação para apurar as suspeitas de locaute, quando empresários de um setor se apropriam de um movimento e impedem a continuidade das atividades do setor a fim de obter vantagens econômicas. Diferente da greve, que é um direito constitucional, o locaute é uma prática criminosa. "Duas dezenas de empresários estão sendo chamados a depor e responderão, caso as investigações comprovem, por atentado contra a segurança do serviço de utilidade pública, paralisação do trabalho de interesse coletivo, atentado contra a segurança do transporte, atentado contra a liberdade do trabalho, associação criminosa e incitação ao crime", elencou. Porém, ainda que seja comprovado o locaute, os termos acordados serão mantidos, acrescentou Jungmann.

Garantia da Lei e da Ordem

O uso das forças armadas para a desobstrução de estradas, anunciada mais cedo pelo presidente Michel Temer, se dará por meio de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em todo território nacional, até 1; de junho, conforme anunciou o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna. Jungamann acrescentou que, caso necessário, Temer editará ainda um decreto de requisição de bens. "Caso se faça necessário, estaremos em condições de, dispondo de motoristas, poder pilotar veículos, inclusive privados, para que o desabastecimento seja contido", destacou o titular da Segurança Pública.

Negociação

Todos os ministros presentes na coletiva tentaram ressaltar que as medidas mais enérgicas adotadas pelo governo vinham depois de exauridas as tentativas de negociação. Carlos Marun, da Secretaria de Governo, afirmou que "mesmo criticado, o governo optou pela negociação, porque entendeu justa algumas das reivindicações".

Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, pontuou que, apesar de ter apostado "em primeiro lugar na negociação", o governo não deixaria de "usar a energia necessária para garantir que a população não sofra a interrupção do fornecimento dos itens de primeira necessidade". O risco de desabastecimento, aliás, foi, de acordo com o ministro, o gatilho para que o governo deixasse as negociações para partir para ações mais enérgicas.

Já o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu padilha, foi taxativo ao dizer que, por parte do governo, as negociações estão encerradas, que o momento agora é de cumprimento por parte dos caminhoneiros e que, se for preciso, o governo vai "à extremidade para garantir o abastecimento à população".

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