Jornal Correio Braziliense

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Universidades federais convocam greve geral em 15 de maio

A convocação está sendo feita pela UNE, Fasubra, AdUnB, Sintfub e ANPG

Movimentos sindicais e estudantis convocam greve geral contra cortes nas universidades federais para 15 de maio em todo o Brasil. Mobilização surge contra a decisão tomada pelo Ministério da Educação (MEC) de cortar 30% do orçamento das instituições de ensino do país. Manifestação conta com o apoio de entidades como União Nacional dos Estudantes (UNE), Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e Sindicato dos Servidores Técnico Administrativo da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub).

Ato contra os cortes nas federais

Ocorre pacificamente ato convocado por estudantes e trabalhadores da Universidade de Brasília (UnB) em defesa da autonomia universitária e da educação pública. Os manifestantes se reúnem no Restaurante Universitário (RU), que ficou lotado com o movimento, desde as 12h.
A mobilização conta com apoio da AdUnB (Associação dos Docentes da Universidade de Brasília),
do Sintfub, da Fasubra e da UNE.
Beatriz Teotônio, 21 anos, estudante de publicidade da UnB, veio participar do protesto. "Eu vim porque acho importante participar de atos na UnB", diz.
"Participar da mobilização é muito importante para que nos posicionemos e lutemos pelos nossos direitos de estudantes, trabalhadores e professores e para que lutemos pelas universidades", explica.
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Apesar disso, ela tinha expectativa por mais movimento no RU nesta quinta-feira (2). "Eu achei que estava muito vazio e esperava bem mais dos estudantes", diz. "Mas tem professores debatendo e chamando os alunos pra participar, e isso é muito importante."
Ulysses Carneiro Martins, 26 anos, estudante do curso de sociologia da UnB, também se indignou com as ameaças. ;Não devemos aceitar o corte porque vai interferir na área de pesquisa e ensino, bolsas de auxílio, os terceirizados e o preço do RU;, afirma.
O evento vem em resposta à promessa do Ministério da Educação (MEC) de cortar verbas das universidades federais. Edmilson Lima, representante do Sintfub, estima que o ato reúna no momento 450 pessoas. Representantes da Fasubra estão convocando trabalhadores das universidades federais para uma paralisação geral em 15 de maio.
Bruna Brelaz, representante da UNE, repudiou o corte de 30% no orçamento das universidades, o que é ainda mais crítico para a UnB neste momento. "É um absurdo o governo fazer esse corte, sendo que, há algumas semanas, passamos por uma forte chuva: há uma crise emergencial dentro da estrutura da universidade. A espera é de que fosse investido dinheiro e não cortado", diz.
Jacques de Novion, primeiro vice-presidente da AdUnB e um dos organizadores do ato, explica que "o ato não é só uma resposta aos ataques, mas também é um processo inicial de mobilização da UnB que, em 15 de maio, participará da paralisação de todo o setor de educação". Jacques se posicionou contra os cortes anunciados pelo MEC.
"No dia 30, quando o ministro anunciou o corte nas universidades, alegando baixo rendimento, ele não só cometeu ilegalidade e desrespeito à Constituição, como demonstrou desconhecimento sobre a realidade das universidades e dos institutos federais", critica.

Laura Eli, 26 anos, estudante de gestão de agronegócio, discursou no evento. ;Estamos vivendo um momento muito difícil, de retrocesso, de ataque aos direitos e à soberania do Brasil", argumenta. "E existe uma necessidade de nos organizarmos para desenvolver o Brasil. A solução para sair do momento em que nos encontramos é um projeto nacional de desenvolvimento em serviço do povo brasileiro;, aponta.

Entenda o caso

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, mudou de ideia após ter afirmado que reduziria recursos destinados a universidades com resultados acadêmicos "aquém do esperado" ou nas quais ocorra "balbúrdia" ; critérios nos quais ele enquadrou a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), apesar de as três serem bem avaliadas tanto nacional quanto internacionalmente.
Agora, o Ministério da Educação afirma que o corte de 30% no orçamento será geral para todas as universidades federais. O "bloqueio" de recursos deve ocorrer no segundo semestre deste ano.
As intenções geram preocupação e indignação entre professores, estudantes, funcionários e outros interessados no ensino superior público e na pesquisa. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) questionou os argumentos do MEC e pediu diálogo.
Outras instituições como Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais, UNE (União Nacional dos Estudantes), ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos), Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas no Brasil), Atens (Sindicato Nacional dos Técnicos de Nível Superior das Ifes) e Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico) também se manifestaram contra os cortes.
*Estagiárias sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa