Ensino_EnsinoSuperior

Universidades federais convocam greve geral em 15 de maio

A convocação está sendo feita pela UNE, Fasubra, AdUnB, Sintfub e ANPG

Eduarda Esposito*, Ana Paula Lisboa, Brenda Silva*
postado em 02/05/2019 12:27
Movimentos sindicais e estudantis convocam greve geral contra cortes nas universidades federais para 15 de maio em todo o Brasil. Mobilização surge contra a decisão tomada pelo Ministério da Educação (MEC) de cortar 30% do orçamento das instituições de ensino do país. Manifestação conta com o apoio de entidades como União Nacional dos Estudantes (UNE), Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e Sindicato dos Servidores Técnico Administrativo da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub).
Segundo organizadores, ato reúne cerca de 450 pessoas no momento

Ato contra os cortes nas federais

Ocorre pacificamente ato convocado por estudantes e trabalhadores da Universidade de Brasília (UnB) em defesa da autonomia universitária e da educação pública. Os manifestantes se reúnem no Restaurante Universitário (RU), que ficou lotado com o movimento, desde as 12h.
A mobilização conta com apoio da AdUnB (Associação dos Docentes da Universidade de Brasília),
do Sintfub, da Fasubra e da UNE.
Beatriz Teotônio, 21 anos, estudante de publicidade da UnB, veio participar do protesto. "Eu vim porque acho importante participar de atos na UnB", diz.
A estudante Beatriz Teotônio veio participar do ato
"Participar da mobilização é muito importante para que nos posicionemos e lutemos pelos nossos direitos de estudantes, trabalhadores e professores e para que lutemos pelas universidades", explica.
[FOTO1377404]
Apesar disso, ela tinha expectativa por mais movimento no RU nesta quinta-feira (2). "Eu achei que estava muito vazio e esperava bem mais dos estudantes", diz. "Mas tem professores debatendo e chamando os alunos pra participar, e isso é muito importante."
Ulysses Carneiro Martins, estudante de sociologia
Ulysses Carneiro Martins, 26 anos, estudante do curso de sociologia da UnB, também se indignou com as ameaças. ;Não devemos aceitar o corte porque vai interferir na área de pesquisa e ensino, bolsas de auxílio, os terceirizados e o preço do RU;, afirma.
Representantes da UNE consideram um absurdo cortar o orçamento, ainda mais num momento em que universidades como a UnB têm que lidar com estragos causados pelas fortes chuvas dos últimos tempos
Jacques de Novion, primeiro vice-presidente da AdUnB, convoca trabalhadores para paralisação geral em 15 de maioO evento vem em resposta à promessa do Ministério da Educação (MEC) de cortar verbas das universidades federais. Edmilson Lima, representante do Sintfub, estima que o ato reúna no momento 450 pessoas. Representantes da Fasubra estão convocando trabalhadores das universidades federais para uma paralisação geral em 15 de maio.
Bruna Brelaz, representante da UNE, repudiou o corte de 30% no orçamento das universidades, o que é ainda mais crítico para a UnB neste momento. "É um absurdo o governo fazer esse corte, sendo que, há algumas semanas, passamos por uma forte chuva: há uma crise emergencial dentro da estrutura da universidade. A espera é de que fosse investido dinheiro e não cortado", diz.
Jacques de Novion, primeiro vice-presidente da AdUnB e um dos organizadores do ato, explica que "o ato não é só uma resposta aos ataques, mas também é um processo inicial de mobilização da UnB que, em 15 de maio, participará da paralisação de todo o setor de educação". Jacques se posicionou contra os cortes anunciados pelo MEC.
"No dia 30, quando o ministro anunciou o corte nas universidades, alegando baixo rendimento, ele não só cometeu ilegalidade e desrespeito à Constituição, como demonstrou desconhecimento sobre a realidade das universidades e dos institutos federais", critica.

Laura Eli, 26 anos, estudante de gestão de agronegócio, discursou no evento. ;Estamos vivendo um momento muito difícil, de retrocesso, de ataque aos direitos e à soberania do Brasil", argumenta. "E existe uma necessidade de nos organizarmos para desenvolver o Brasil. A solução para sair do momento em que nos encontramos é um projeto nacional de desenvolvimento em serviço do povo brasileiro;, aponta.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) compareceu ao ato.

Entenda o caso

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, mudou de ideia após ter afirmado que reduziria recursos destinados a universidades com resultados acadêmicos "aquém do esperado" ou nas quais ocorra "balbúrdia" ; critérios nos quais ele enquadrou a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), apesar de as três serem bem avaliadas tanto nacional quanto internacionalmente.
As intenções geram preocupação e indignação entre professores, estudantes, funcionários e outros interessados no ensino superior público e na pesquisa. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) questionou os argumentos do MEC e pediu diálogo.
Outras instituições como Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais, UNE (União Nacional dos Estudantes), ANPG (Associação Nacional dos Pós-Graduandos), Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas no Brasil), Atens (Sindicato Nacional dos Técnicos de Nível Superior das Ifes) e Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico) também se manifestaram contra os cortes.
*Estagiárias sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação