Guilherme Goulart, Alexandre de Paula
postado em 15/10/2019 16:21
As jornalistas Ana Maria Campos, Denise Rothenburg e Gláucia Guimarães entrevistaram Rodrigo Rollemberg no CB.Poder de segunda-feira (14/10). Em pouco mais de 30 minutos de programa, o ex-governador criticou a reforma da Previdência e os governos de Ibaneis Rocha e Jair Bolsonaro. Também fez um balanço à frente do GDF (2014-2017), mas evitou comentar eventual candidatura para as eleições de 2022.Confira a checagem do Holofote:
"Nós enfrentamos 152 manifestações na Esplanada dos Ministérios nos dois primeiros anos de governo em função do processo de impeachment (de Dilma Rousseff)"
Há discrepâncias nas informações apresentadas pelo ex-governador, principalmente em relação ao número exato de manifestações nos dois primeiros anos de governo. Segundo dados da então Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, 151 protestos realizados apenas em 2016 marcaram o ano como o de maior quantidade de atos da história do Distrito Federal. A média foi de uma manifestação a cada dois dias, conforme retrospectiva publicada pelo Correio Braziliense no último dia de 2016.
Rollemberg tem repetido essa estatística dada no CB.Poder desde 2017, inclusive durante o período eleitoral, quando disputou a reeleição. Às vezes, porém, cita 151 manifestações; em outra ocasiões, volta a mencionar 152.
No entanto, como o Holofote não conseguiu as estatísticas oficiais, optou-se por usar a etiqueta ;Mistério;. O nosso núcleo de checagem de fatos solicitou dados oficiais sobre o total de manifestações nos anos mencionados por Rollemberg, mas a assessoria da Secretaria de Segurança Pública informou que não há um "levantamento nos moldes solicitados, de acordo com a área responsável. Esse recorte, como solicitado, começou a ser feito ano passado."
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"Tivemos as nossas contas aprovadas no Tribunal de Contas"
O ex-governador tem razão ao dizer que as contas de 2018 foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Porém, a Corte fez 10 ressalvas à gestão financeira do último ano de gestão do socialista. Entre os pontos negativos levantados pelos conselheiros estão a realização de despesas sem cobertura contratual, a estimativa exagerada de arrecadação e a falta de metodologia para avaliar o custo-benefício de renúncias de receitas.
"Levamos em conta o modo como o governo anterior recebeu o governo e o modo como ele tratou de todas as dificuldades. As despesas sem cobertura contratual diminuíram muito em 2018, e o governo anterior devolveu o DF abaixo de todos os limites de gastos de pessoal. Entendemos que foi uma gestão com responsabilidade fiscal", avaliou o conselheiro do TCDF Renato Rainha, à época, ao justificar a aprovação com ressalvas.
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"O governador (Ibaneis Rocha), na campanha, dizia que ia acabar e, no primeiro mês de governo, convocou extraordinariamente a Câmara Legislativa não apenas para manter, mas para ampliar o modelo do Instituto Hospital de Base"
De fato, o governador Ibaneis Rocha (MDB) criticou o Instituto Hospital de Base durante a campanha de 2018 e expressou o desejo de extinguir o modelo. "Eu pretendo fazer isso. Não consigo entender ainda o que é o IHB. Parece uma maneira de tirar a transparência do sistema", disse, em entrevista ao CB.Poder, como candidato, em 20 de agosto de 2018.
Depois de eleito, o governador mudou de ideia. Em 7 de janeiro, ao assinar o decreto de emergência para a saúde, falou sobre a intenção de ampliar o modelo de gestão. Ibaneis, porém, sempre afirmou que, na gestão Rollemberg, a instituição não era transparente. "Critiquei o modelo do Instituto Hospital de Base, e o governador (Rodrigo) Rollemberg (PSB) não me explicou como era. Agora, vejo que é um modelo que tem que se espalhar pelo Distrito Federal", justificou à época.
Também em janeiro, o emedebista fez, como afirma Rollemberg, uma convocação extraordinária para que a Câmara Legislativa avaliasse o projeto que ampliava o IHB. A entidade passou a se chamar Instituto Estratégico de Gestão da Saúde do DF (Iges/DF) e, além do Hospital de Base, é responsável pelo Hospital Regional de Santa Maria e pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Com a natureza jurídica de serviço social autônomo, o Iges/DF pode realizar compras de insumos sem licitação, contratar prestadores de serviços da iniciativa privada e admitir profissionais pelo regime celetista.
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"Nós tivemos a maior redução de homicídios do Brasil nos últimos quatro anos. Saímos de 24,6 homicídios por 100 mil habitantes e fechamos o governo com 14 homicídios por 100 mil habitantes"
O ex-governador errou dois terços dos dados apresentados nesta resposta. De fato, segundo o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Distrito Federal teve a maior redução de homicídios no Brasil entre 2014 e 2017.
As taxas de homicídios informadas por Rollemberg, no entanto, não batem com as do levantamento. Segundo os dados do Atlas da Violência, o índice de 2014, primeiro ano de governo do entrevistado, foi de 29,55 assassinatos por 100 mil habitantes na capital federal, e não de 24,6. Em 2017, quando Rollemberg deixou o GDF, a taxa caiu para 20,07, e não para 14.