Opinião

Artigo: Mobilidade e violência

Mobilidade urbana e insegurança são temas urgentes. É inadmissível que motoristas e passageiros de transporte individual remunerado de passageiros e de massa fiquem à mercê da ação de criminosos

Adriana Bernardes
postado em 17/10/2019 09:00
[FOTO1]O assassinato de dois motoristas de aplicativo no Distrito Federal em 48h provocou o debate sobre a insegurança diária vivida por esses profissionais e ; por que não dizer? ; pelos usuários que embarcam nesses veículos. Dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública revelam que, entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 71 roubos com restrição de liberdade, tendo como vítima essa categoria profissional, um aumento de 24,5% a mais que no mesmo período do ano passado.

Seria preciso uma avaliação mais profunda por parte dos gestores da segurança para entender o que esses dados revelam: houve aumento do tipo de crime, ou cresceu muito o número de condutores de aplicativos neste período? Com o agravamento da crise econômica e a evidente precarização das relações de trabalho, tem crescido o número de trabalhadores que buscam alternativa de renda. As empresas de aplicativos são um dos caminhos.

O fato é que a insegurança dessa categoria é real, não só no DF, mas também em outras unidades da Federação e não pode ser negligenciada nem pelas forças de segurança nem pelas empresas de aplicativo a quem eles estão vinculados. O olhar para a insegurança nos deslocamentos diários da população precisa ser ampliado.

Quando se fez a licitação de ônibus no DF, uma das exigências era de que os veículos tivessem câmeras de segurança, uma promessa de mais segurança para o usuário. Mas nem todos os veículos estão equipados com esse dispositivo. No primeiro semestre deste ano, foram registrados, em média, diariamente, quatro roubos a coletivo na capital, totalizando 737 ocorrências. O número, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é 23,9% menor que o mesmo período do ano passado. Ainda assim, é uma afronta àqueles que madrugam e embarcam no ônibus para trabalhar ou estudar.

Mobilidade urbana e insegurança são temas urgentes. É inadmissível que motoristas e passageiros de transporte individual remunerado de passageiros e de massa fiquem à mercê da ação de criminosos. Quando se é mulher, além do risco de assalto, há o perigo do assédio sexual, não só em veículos de aplicativos, como também em táxis, ônibus e metrô. Um dos requisitos para atrair mais passageiros para os transporte de massa é justamente a segurança. É bom para todos que essa rotina de violência fique no passado. Se não pelas pessoas que dependem do serviço, mas que seja pelo viés econômico que interessa aos empresários do setor.

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