Após quase três horas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou seu depoimento na ação penal sobre o sítio de Atibaia (SP). A audiência refere-se a denúncias sobre reformas feitas do sítio Santa Bárbara, frequentado pela família do ex-presidente.
Segundo a força-tarefa da Operação Lava-Jato, o petista teria recebido propina do Grupo Schain por meio do pecuarista José Carlos Bumlai e das empresas OAS e Odebrecht em troca de acordos fechados com a Petrobras. Lula está preso desde 7 de abril último, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os valores, que chegariam a R$ 1 milhão, foram pagos por meio de melhorias na propriedade. Ao aceitar a denúncia, em agosto de 2017, o juiz Sérgio Moro afirmou que as provas do inquérito levavam ao entendimento de que o petista se comportava como proprietário do local e que as obras seriam em benefício próprio. O ex-presidente nega as acusações e diz não ser o dono do sítio, que está em nome de um dos sócios do filho dele.
Com o afastamento de Moro, que aceitou o cargo de ministro da Justiça no governo Bolsonaro, a juíza federal substituta Gabriela Hardt conduz o processo. A juíza iniciou a audiência fazendo perguntas ao réu e depois abriu para fala da acusação, neste caso o Ministério Público Federal. Hardt trabalha com o futuro titular do Ministério da Justiça desde 2014 e já chegou a substituí-lo em audiências.
Essa é a primeira vez que Lula deixa a Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, desde que foi preso, em abril. Apesar do forte esquema de segurança, não houve bloqueios no trajeto de quatro quilômetros entre a sede da PF e o prédio da Justiça Federal. Manifestantes pró-Lula se concentraram durante toda a tarde em frente ao edifício onde ocorreu o depoimento.