Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 14:59
Paralelamente à crise sanitária mais grave que o Brasil já enfrentou, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viu o ambiente político ser também contaminado e, em um intervalo de 13 dias, foi obrigado a promover alterações em três importantes pastas: Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Advocacia-Geral da União. Com as recentes substituições no alto escalão do governo federal, o mandatário acumula agora 10 mudanças em ministérios e órgãos ligados ao Executivo desde que assumiu o comando do país, há 16 meses.
Contudo, nos últimos 20 anos, nesse mesmo intervalo de tempo, Bolsonaro não foi o presidente que mais fez modificações ministeriais ou nas chefias de instituições vinculadas à administração pública federal. Considerando apenas o primeiro mandato dos seus três antecessores, ele fica à frente de Michel Temer (MDB) na quantidade de exonerações, empata com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e é superado por Dilma Rousseff (PT), campeã de demissões no período.
Com uma demissão a menos que Lula e Bolsonaro, Temer trocou nove chefes de ministérios até novembro de 2017, quando completou 16 meses como presidente depois da posse em agosto de 2016 (veja a relação ao fim desta reportagem). A troca mais rápida foi a do advogado-geral da União Fábio Medina Osório, que ficou subordinado ao ex-mandatário por apenas 10 dias. Em um ano e quatro meses, assim como Bolsonaro já mexeu duas vezes na mesma pasta (demitiu Gustavo Bebianno e Floriano Peixoto da Secretaria-Geral da Presidência), Temer também exonerou dois ministros do mesmo órgão: retirou Marcelo Calero e Roberto Freire do extinto Ministério da Cultura, e Alexandre de Moraes e Osmar Serraglio do antigo Ministério da Justiça.
Saiba Mais
Dilma, por sua vez, acumulou 15 mudanças ministeriais na sua primeira passagem pela Presidência da República. Mais da metade das exonerações aconteceram no ano seguinte à sua eleição: em 2011, ela demitiu nove ministros. Chefes das pastas da Casa Civil, Antonio Palocci, do Esporte, Orlando Silva, da Defesa, Nelson Jobim, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, foram alguns que duraram menos de 12 meses no governo da ex-presidente.
Demitidos em até 16 meses*
Lula (primeiro mandato)
- Benedita da Silva (Assistência Social). Foi substituída por Patrus Ananias, no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
- Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia). Foi substituído por Eduardo Campos;
- Miro Teixeira (Comunicações). Foi substituído por Eunício Oliveira;
- Cristovam Buarque (Educação). Foi substituído por Tarso Genro;
- Ricardo Berzoini (Previdência Social). Foi substituído por Amir Lando;
- José Graziano Filho (Segurança Alimentar). Foi substituído por Patrus Ananias, no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
- Jaques Wagner (Trabalho e Emprego). Foi substituído por Ricardo Berzoini;
- Anderson Adauto (Transportes). Foi substituído por Alfredo Nascimento;
- Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social). Foi substituído por Jaques Wagner;
- Emília Fernandes (Secretaria de Direitos das Mulheres). Foi substituída por Nilcéa Freire
Dilma (primeiro mandato)
- Wagner Rossi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Foi substituído por Mendes Ribeiro Filho;
- Mário Negromonte (Cidades). Foi substituído por Aguinaldo Ribeiro;
- Aloizio Mercadante (Ciência, Tecnologia e Inovação). Foi substituído por Marco Antonio Raupp;
- Nelson Jobim (Defesa). Foi substituído por Celso Amorim;
- Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário). Foi substituído por Pepe Vargas;
- Fernando Haddad (Educação). Foi substituído por Aloizio Mercadante;
- Orlando Silva (Esporte). Foi substituído por Aldo Rebelo;
- Ideli Salvatti (Pesca e Aquicultura). Foi substituída por Luiz Sérgio Nóbrega;
- Luiz Sérgio Nóbrega (Pesca e Aquicultura). Foi substituído por Marcelo Crivella;
- Carlos Lupi (Trabalho e Emprego). Foi substituído por Paulo Roberto dos Santos Pinto;
- Alfredo Nascimento (Transportes). Foi substituído por Paulo Sérgio Passos;
- Pedro Novais (Turismo). Foi substituído por Gastão Vieira;
- Iriny Lopes (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres). Foi substituída por Eleonora Menicucci;
- Luiz Sérgio Nóbrega (Secretaria de Relações Institucionais). Foi substituído por Ideli Salvatti;
- Antonio Palocci (Casa Civil). Foi substituído por Gleisi Hoffmann.
Temer
- Bruno Araújo (Cidades). Foi substituído por Alexandre Baldy;
- Marcelo Calero (Cultura). Foi substituído por Roberto Freire;
- Roberto Freire (Cultura). Foi substituído por Sérgio Sá Leitão;
- Alexandre de Moraes (Justiça). Foi substituído por Osmar Serraglio;
- Osmar Serraglio (Justiça). Foi substituído por Torquato Jardim;
- José Serra (Relações Exteriores). Foi substituído por Aloysio Nunes;
- Torquato Jardim (Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União). Foi substituído por Wagner Rosário;
- Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Foi substituído por Antônio Imbassahy;
- Fábio Medina Osório (Advocacia-Geral da União). Foi substituído por Grace Mendonça.
Bolsonaro
- Osmar Terra (Cidadania). Foi substituído por Onyx Lorenzoni;
- Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional). Foi substituído por Rogério Marinho;
- Ricardo Vélez (Educação). Foi substituído por Abraham Weintraub;
- Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Foi substituído por André Luiz Mendonça;
- Luiz Henrique Mandetta (Saúde). Foi substituído por Nelson Teich;
- Santos Cruz (Secretaria de Governo). Foi substituído por Luiz Eduardo Ramos;
- Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral). Foi substituído por Floriano Peixoto;
- Floriano Peixoto (Secretaria-Geral). Foi substituído por Jorge Oliveira;
- André Luiz Mendonça (Advocacia-Geral da União). Foi substituído por José Levi Mello;
- Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Foi substituído por Walter Braga Netto.
*Não foi considerado o período em que Michel Temer ficou como presidente interino do Brasil, de 12 de maio a 30 de agosto de 2016.
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