Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 13:50
Duraram menos de 24 horas as comemorações no Planalto em razão da ação da Polícia Federal que mirou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel e agentes públicos do estado. A ação deflagrada pela corporação nesta quarta-feira (27/5) mira as bases de sustentação do governo e que mantém o percentual de aceitação do presidente. No centro do alvo, está o chamado "Gabinete do Ódio", que seria uma espécie de centro de mobilização digital em defesa do Executivo.Foram alvos de mandados de busca e apreensão autores de sites governistas e e de uma rede de fake news criada para atacar opositores de Jair Bolsonaro e espalhar críticas e boatos sobre quem se posicionar contra o presidente da República.
O principal nome é o blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, acusado de espalhar informações falsas para beneficiar o Executivo. Mais do que atingir a rede do chamado Gabinete do Ódio, a operação ronda o Planalto ao colocar na mira parlamentares governistas.
O principal nome é o blogueiro Allan dos Santos, do site Terça Livre, acusado de espalhar informações falsas para beneficiar o Executivo. Mais do que atingir a rede do chamado Gabinete do Ódio, a operação ronda o Planalto ao colocar na mira parlamentares governistas.
Carla Zambelli, Bia Kicis e o deputado Felipe Barros são afincos defensores de Bolsonaro e das ações do governo no dia a dia do Congresso. Em meio à pandemia de coronavírus, que tritura a economia e deixa um rastro de doentes e mortos, o governo tem se valido da estratégia de atacar adversários, usar cortinas de fumaça e preencher as redes sociais com elogios ao presidente para tirar a atenção de erros e ações controversas.
Ao mesmo tempo que abandona as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reforçar o isolamento social, e adota o uso de medicamentos em que cientificamente já está provado que são inúteis ao coronavírus, o governo apela para argumentos de campanha, como combate ao comunismo e armamento da população, para manter uma boa parcela de sua base de eleitores.
Para isso, a base de blogueiros que prestam apoio irrestrito, empresários que financiam essas ações e políticos que atuam como ativistas para a imagem do presidente são fundamentais. No entanto, escolher o Supremo Tribunal Federal como inimigo não parece ter sido a melhor escolha. Um inquérito controverso, aberto na Corte no ano passado, monitora as redes para identificar quem ultrapasse limites legais ao se referir ao Tribunal ou a seus ministros.
Há algumas semanas, segurando uma arma de alto poder de fogo, o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, afirmou que estaria pronto para "o bom combate". Em seguida, minutos depois, publicou uma postagem defendendo um golpe contra o Supremo. "Bolsonaro, para atender o povo e tomar as rédeas do governo, precisa de duas atitudes inadiáveis: demitir e substituir os 11 ministros do STF, herança maldita".
A publicação não passou despercebida e gerou a inclusão dele no inquérito. Ações do Supremo, como a decisão do ministro Alexandre de Moraes que vetou a nomeação de Alexandre Ramagem para chefiar a Polícia Federal, irritaram apoiadores do governo e fizeram a Corte ser alvo da chamada "milícia digital" bolsonarista.
Desde a campanha eleitoral, como já revelou o Correio, uma rede profissional de fake news criada para moldar os rumos da política, atua no país, sustentada por ações deliberadas em bunkers montados no Brasil e no exterior.
Desde a campanha eleitoral, como já revelou o Correio, uma rede profissional de fake news criada para moldar os rumos da política, atua no país, sustentada por ações deliberadas em bunkers montados no Brasil e no exterior.
O assunto está presente em ações de cassação de chapa apresentadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na CPMI das Fake News, no Congresso, a deputada Joice Hasselmann, ex-aliada do governo, afirmou que as investigações sobre o caso vão parar dentro do Palácio do Planalto. O temor de avanço das investigações foi revelado pelo próprio presidente, que em conversa por WhatsApp com o ex-ministro Sergio Moro, afirmou, no começo do ano, que o fato de 10 a 12 deputados bolsonaristas estarem na mira do Supremo seria "mais um motivo para trocar", se referindo ao comando da Polícia Federal.
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