Na ilha mediterrânea da Sardenha, pertencente à Itália, há vestígios impressionantes de um passado remoto que permanece envolto em mistérios. Entre as principais curiosidades históricas do local estão as chamados “Casas de Fadas”. São tumbas monumentais que remontam a cerca de 5 mil anos atrás. Esculpidas diretamente na rocha, essas estruturas funerárias pré-históricas oferecem um vislumbre fascinante sobre as civilizações que ali habitaram, revelando detalhes sobre rituais e práticas de povos antigos.
Localizadas em sítios arqueológicos espalhados por diversas áreas da ilha, as tumbas das “Domus de Janas” constituem um dos patrimônios mais emblemáticos da Sardenha. Acredita-se que foram construídas durante a era do Neolítico, com diferentes comunidades utilizando técnicas peculiares para escavar e modelar as câmaras funerárias nas formações rochosas. Assim, essas sepulturas coletivas ainda guardam vestígios de celebrações fúnebres e objetos de valor simbólico. Isso atesta a importância do culto aos mortos na sociedade daquela época.

O que faz das “Casas de Fadas” tão únicas?
O nome popular “Casas de Fadas” reflete o imaginário místico presente na cultura local, embora as tumbas tenham originalmente uma função funerária. A arquitetura desses túmulos destaca-se pela complexidade e cuidado nos detalhes. Elas apresentam entradas talhadas no formato de portas, câmaras internas que reproduzem elementos de casas antigas e até mesmo esculturas decorativas nas paredes. Além disso, muitas possuem nichos e pequenos altares. São aspectos que sinalizam a riqueza das tradições religiosas locais e a crença em forças sobrenaturais protetoras.
A diversidade das estruturas varia conforme o período de construção e a região da Sardenha. Porém, há traços comuns, como a reutilização dos espaços por diferentes gerações e a disposição das tumbas em grupos, formando verdadeiros cemitérios rupestres. Para os arqueólogos, essas características indicam não só técnicas avançadas para a época, como também a existência de uma sociedade organizada, preocupada em manter laços entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Quais são os principais sítios arqueológicos da Sardenha?
Entre os sítios mais conhecidos, destaca-se o complexo de Sa Domu ‘e s’Orcu, no sul da ilha, e o local de Sant’Andrea Priu, ao norte, ambos com tumbas escavadas em paredes de arenito. Em Sant’Andrea Priu, por exemplo, há câmaras múltiplas que datam do quarto milênio antes de Cristo e que ainda preservam pinturas murais enigmáticas, sugerindo vínculos com antigos rituais religiosos. Além desses, diversos povoados da ilha mantêm pequenos grupos de tumbas integrados à paisagem, que se tornaram pontos de interesse turístico e científico.
- Sa Domu ‘e s’Orcu: Considerada uma das maiores necrópoles do período pré-nurágico.
- Sant’Andrea Priu: Reconhecido internacionalmente pelas gravuras nas paredes e estado de conservação.
- Montessu: Sítio destacado pela quantidade e variedade de estruturas mortuárias talhadas.
A visita a esses locais proporciona contato direto com a história ancestral da Sardenha, evidenciando o valor arqueológico das “Casas de Fadas” e sua relevância para a compreensão dos povos mediterrâneos antigos.

Como era realizado o processo de construção e uso dessas tumbas?
Os antigos habitantes da Sardenha utilizaram ferramentas de pedra e ossos para esculpir as rochas calcárias e areníticas da ilha, moldando corredores, portas falsas e cômodos internos das tumbas. A técnica exigia trabalho coletivo e conhecimento detalhado do solo, além de uma organização social capaz de planejar e executar obras tão complexas. Após a escavação, as câmaras recebiam os corpos acompanhados de oferendas, cerâmicas, artefatos e alimentos, refletindo o respeito e rituais destinados aos antepassados.
Além do aspecto funcional, muitos desses túmulos apresentam pinturas ou entalhes geométricos, reforçando o aspecto simbólico e espiritual das cerimônias ali realizadas. A reutilização das “Casas de Fadas” por séculos atesta a sua importância para diferentes grupos e demonstra como a tradição funerária contribuiu para formar traços identitários da própria região.
A influência das “Casas de Fadas” na cultura e no turismo atual
Mesmo após milênios, o legado das tumbas rupestres continua influenciando a cultura sarda. Muitas lendas populares atribuem as construções a seres mágicos ou fadas, uma crença que ajudou a manter vivas as histórias sobre esses monumentos. Hoje, as “Casas de Fadas” compõem roteiros de turismo arqueológico, atraindo visitantes do mundo todo interessados em conhecer de perto vestígios da vida pré-histórica europeia.
O estudo e preservação desses túmulos são fundamentais para o entendimento de práticas ancestrais e contribuem para posicionar a Sardenha como um dos destinos mais importantes no panorama da arqueologia mundial. As pesquisas continuam em andamento, revelando novas camadas de significado sobre esses monumentos silenciosos, que resistem ao tempo como testemunhas de um passado distante.










