Criança de 9 anos que caiu de prédio em BH será sepultada nesta quinta

Garoto teria cortado proteção da janela e despencado do 4º andar. Polícia deve colher depoimentos nos próximos dias

Cristiane Silva/Estado de Minas
Guilherme Peixoto - Estado de Minas
Cecília Emiliana/Estado de Minas
Deborah Lima - Estado de Minas
postado em 20/08/2020 11:46 / atualizado em 20/08/2020 11:49
 (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Será sepultado nesta quinta-feira (20/8), em Belo Horizonte, o corpo do menino M.A.S, de 9 anos, que morreu, nessa quaerta-feira (19/8), ao cair da janela de um apartamento no 4º andar de um prédio no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-Sul da capital. O caso é investigado pela Polícia Civil.

O corpo do menino foi liberado à noite do Instituto Médico Legal (IML) e será enterrado às 16h no Cemitério do Bonfim, na Região Noroeste da cidade. Nesta manhã, a Polícia Civil informou que há depoimentos previstos para os próximos dias. Os laudos periciais e médico-legais estão em andamento.

A queda ocorreu por volta das 10h30 de quarta-feira. A ocorrência mobilizou a Polícia Militar (PM), a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros (CBMMG). Segundo os bombeiros, quando as equipes chegaram, um médico que passava pelo local já havia atestado a morte da criança.

Peritos encontraram vestígios de sangue na cozinha do apartamento em que o menino morava. Segundo o delegado Vinícius Augusto de Souza Dias, da 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil – Sul, a corporação vai analisar o material encontrado. O objetivo é saber se o sangue é da criança ou do frango que a empregada cozinhava naquele momento.

“Vamos identificar se é sangue humano e qual a origem”, garantiu o chefe das investigações. A Polícia Civil, inicialmente, não trabalha com a hipótese de homicídio. M.A.S. morreu após passar pela tela que protegia uma das janelas de um apartamento do 4° andar do edifício e cair de aproximadamente 13 metros de altura.

De acordo com o major Mauro Júnior, do 22º Batalhão, a proteção da janela do apartamento foi cortada com tesoura, encontrada no parapeito, e com uma faca, deixada em cima da cama. Segundo a polícia, ele morava com a mãe, A., o pai, R.F.S, ambos de aproximadamente 45 anos, a irmã, de 18, e a avó. No momento do incidente, apenas a empregada doméstica estava no local.

Discussão

De acordo com a polícia, a criança teria discutido com a mãe pouco antes do episódio. Ela teria chamado a atenção do filho por estar muito tempo envolvido em atividades no computador. A mulher então desligou o aparelho e o tirou do quarto da criança, o que teria deixado o menino irritado. Em seguida, ela saiu de casa para levar a avó do garoto a uma consulta médica.

M.A.S. aproveitou a brecha para tentar sair do edifício, mas foi barrado pelo porteiro. Ele então voltou para casa e, pouco tempo depois, foi visto já desacordado na calçada pela empregada. Ela teria ligado para o pai da criança e acionado a PM. Muito abalada, a mãe chegou a ser levada ao hospital, em estado de choque.

A irmã da criança, de 18 anos, também ficou muito abalada, assim como a funcionária da família, que precisou ser amparada por vizinhos. Ela relata que fazia o almoço e cuidava dos afazeres da casa no momento da queda. O corpo de M.A.S. foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML).

Investigação

De acordo com os trabalhos iniciais da perícia, a criança teria arrastado a cadeira do computador para debaixo da janela e cortado a tela de proteção com uma tesoura escolar. Ele teria colocado a cabeça para fora e desequilibrado – e não se jogado, pois não havia indícios de que o menino teria apoiado no parapeito da janela.

“Diante das investigações preliminares, inicialmente não colocamos que tenha acontecido algum homicídio de qualquer forma”, afirmou o delegado Dias, ressaltando que o local foi preservado. “Em cima da cadeira havia vestígios da tela que foi cortada. Foi encontrada ainda tesoura escolar, e o CPU (computador) também não se encontrava no local, o que confirma as versões”, descreveu o delegado Dias.

Segundo os depoimentos colhidos até o momento, testemunhas informaram que era recorrente a insatisfação da criança com as decisões da mãe, o que ainda será verificado pelas investigações. “Também será constatado se tem resquícios de outras pessoas na tesoura do menino”, afirmou. A empregada doméstica e vizinhos que foram testemunhas do caso foram ouvidos na tarde. O delegado revelou que, para preservar a saúde dos pais, eles serão ouvidos posteriormente.

Ainda segundo o delegado, a empregada doméstica ficou abalada com o ocorrido. “Ela estava muito assustada e triste porque ela relata que tinha um carinho muito grande pelo menino”, disse o delegado, sem saber precisar há quanto tempo a funcionária trabalhava no local. “Do ponto de vista técnico, preliminarmente conclui-se que ele caiu, e não se jogou”, reforçou Dias.


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