Pandemia

Pazuello diz que aumento de casos e mortes por covid é "repique"

Até então, o Ministério da Saúde não havia reconhecido o aumento de infectados e óbitos no país. Números da 47ª semana epidemiológica confirmam incremento de casos já visto na 46ª

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 26/11/2020 19:29 / atualizado em 26/11/2020 19:30
 (crédito: Agência Brasil/Reprodução)
(crédito: Agência Brasil/Reprodução)

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu, pela primeira vez, nesta quinta-feira (26/11), o novo aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus. Durante uma coletiva de imprensa para falar sobre ações de prevenção e cuidado da prematuridade, o general reconheceu que há um aumento de infecções e óbitos, o que caracterizou como sendo um “repique”.

“Nós estamos falando, também, de repique de contaminações e mortes em algumas regiões do país. Sim, é só nós acompanharmos o nosso site que nós podemos observar os dados. No Sul e Sudeste do país, o repique é mais claro; e no Norte e Nordeste, o repique é bem menos impactante, com algumas cidades que são fora da curva. O Centro-Oeste é mais no meio do caminho. E sim, isso é o repique da nossa pandemia”, indicou o ministro.

Até então, o Ministério da Saúde não havia reconhecido o aumento de casos e mortes da covid-19. Na última coletiva oficial da pasta, em 19 de novembro, ao ser questionado sobre a situação, o secretário-geral, Élcio Franco, afirmou não ser possível fazer a análise devido à instabilidade ocasionada na inserção de novos dados após a tentativa de invasão do sistema da pasta. Após o fechamento da semana epidemiológica 47, com dados que evidenciam aumentos, o Ministério da Saúde não realizou mais coletivas para atualizar a situação.

Na comparação entre a 47ª e a 46ª houve um aumento de 4% nas infecções, passando de 195.398 novos registros semanais para 203.827. Já ao avaliar as mortes houve estabilidade já que o acúmulo de mortes em sete dias variou de 3.389 para 3.331 óbitos, ou seja, 58 mortes a menos.

O último boletim Infogripe, da Fiocruz, também mostra tendências de incremento em pelo menos uma macrorregião de Saúde de 21 das 27 unidades federativas. A taxa de incidência, que já se encontrava em níveis altos por todo o país, voltou a subir em vários estados e em suas capitais.

Quatro ondas

Durante discurso desta quinta-feira, o general Pazuello indicou, ainda, que há quatro ondas em uma pandemia. A primeira sendo a contaminação e mortes: “A primeira onda é tudo aquilo que aconteceu e vem acontecendo com o repique agora. Isso é uma onda, que pode ter um repique, dois repiques, mas é uma onda”, avaliou.

De acordo com o ministro, a segunda onda são as mortes e o impacto causado pelas doenças não tratadas durante a pandemia. Já a terceira tem a ver com o aumento da violência doméstica e feminicídio, que ocorre com o isolamento e a crise econômica. A quarta é o aumento de casos de automutilação e suicídios.

“Essas quatro ondas fazem parte de um processo de pandemia. Não confundam ondas com novo surto, que é o que está acontecendo na Europa, com o vírus mutado. Lá é um novo surto que pode virar endemia e, depois, pandemia; e pode se confundir com as ondas da primeira. O troço é grave, ele vai em uma linha e nós temos que estar muito atentos”, completou.

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