COVID-19

Bares e restaurantes serão fechados em São Paulo das 20h às 6h

Governador João Doria colocou sete regiões do estado, envolvendo 22% da população, na fase vermelha. Medida visa conter recrudescimento da pandemia. Empresários protestam contra o fechamento de comércio

Sarah Teófilo
Bruna Lima
postado em 22/01/2021 15:24 / atualizado em 22/01/2021 15:38
 (crédito: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)
(crédito: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (22/1) a restrição de funcionamento de comércios até 7 de fevereiro, devido ao aumento de casos de covid-19 no estado. A partir da próxima segunda-feira (25), os bares e restaurantes deverão fechar às 20 horas e só poderão reabrir às 6 horas do dia seguinte. Nos próximos dois fins de semana (30 e 31 de janeiro e 6 e 7 de fevereiro), a restrição é de 24 horas.

Sete regiões do estado foram colocadas na fase vermelha, a mais restritiva, envolvendo 22% da população. O restante (78% da população) está na fase laranja. Todas elas sofrerão com as limitações de horário de funcionamento de comércios à noite e nos fins de semana. Apenas as atividades essenciais poderão funcionar nesses períodos.

Segundo o coordenador-executivo do Centro de Contingência contra Covid-19, João Gabbardo, o estado registra, neste momento, um óbito a cada seis minutos. “O tempo que demoramos para tomar as medidas necessárias vai significar óbitos nessa velocidade”, afirmou. Secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen afirmou que, mantido o comportamento da população que tem sido visto nas últimas semanas, os leitos das unidade de terapia intensiva (UTI) para covid-19, no sistema de saúde,  estariam totalmente ocupados em 28 dias.

Em pronunciamento antes de anunciar as medidas, o governador João Doria (PSDB) fez um apelo a empresários. “Sem vida, não há economia. Sem existência, não há processo econômico que sobreviva. Precisamos, primeiro, cuidar das pessoas, para que possam ir a restaurantes, bares, parques”, afirmou. Doria ressaltou que o aumento de casos em Manaus, cujo sistema de saúde entrou em colapso, com pessoas morrendo por asfixia nos hospitais por falta de oxigênio, começou após setores econômicos  pressionarem o governo local pelo fim da quarentena.

“E o resultado disso? O aumento intenso de pessoas infectadas e, lamentavelmente, de pessoas que foram a óbito. São Paulo não vai ceder; vai proteger. Aqui nós temos compaixão, temos compreensão. Nós obedecemos a razão, e a razão está na ciência, na medicina, na saúde”, afirmou. Houve manifestação de empresários contra o anúncio mais restritivo do governo.

Leitos

Além das medidas mais restritivas, SP trabalha com a abertura de leitos para poder sustentar o aumento das demandas neste início de 2021. Foram 756 novas vagas abertas em hospitais estaduais, sendo 450 de enfermaria e 306 de UTI. Além disso, o hospital de campanha de Heliópolis foi reativado para enfrentar a segunda onda da pandemia, com retorno de operação de 24 leitos de UTI.

“Esse conjunto de medidas vai reforçar o sistema de saúde e garantir o atendimento a todos. São medidas necessárias enquanto não temos a quantidade de vacinas necessária para imunizar todos os brasileiros”, disse Doria.

Sobre as vacinas, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que o estado segue priorizando a aplicação nos profissionais que atuam na linha de frente contra a covid-19, conforme determina o Programa Nacional de Imunização (PNI), mas que as doses ainda são insuficientes.

"Não é a velocidade que gostaríamos e o que precisávamos. Mas, de forma gradual, os municípios estão e estarão recebendo essas vacinas para terminar a fase dos trabalhadores e profissionais da saúde, e continuarmos as outras fases, especialmente em idosos, que correspondem a 77% das mortes decorrentes da covid". O estado tem direito a cerca de 20% na proporcionalidade de distribuição brasileira.

Desde o início da pandemia, São Paulo, quantitativamente, é a unidade da Federação mais afetada pela pandemia, com mais de 1,67 milhão de casos e 51 mil mortes. Em janeiro, a doença voltou a crescer e, na comparação dos 21 primeiros  dias deste mês com o mesmo período de dezembro, o incremento foi de 42% nos casos e de 39% nas mortes. As taxas de ocupação hospitalar também continuam aumentando e estão na faixa de 70%.

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