VIOLÊNCIA

Caso Kathlen: OAB do Rio avalia que PM desrespeitou decisão do Supremo

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) da Polícia Civil está investigando o caso

Pedro Ícaro*
João Vitor Tavarez*
postado em 11/06/2021 06:00
Polícia Civil investiga de onde partiu o tiro que matou a jovem de 24 anos -  (crédito: Reprodução/Instagram)
Polícia Civil investiga de onde partiu o tiro que matou a jovem de 24 anos - (crédito: Reprodução/Instagram)

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) avalia que a operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro que vitimou a jovem Kathlen Romeu, de 24 anos, em Lins de Vasconcelos, zona norte da capital fluminense, descumpriu liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), de junho de 2020, que proibiu operações policiais em comunidades e favelas durante a pandemia da covid-19. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) da Polícia Civil está investigando o caso.

A DHC ouviu ontem a avó de Kathlen Romeu como testemunha. Ela disse que precisou insistir muito para que a PM prestasse socorro à sua neta. Outras testemunhas também serão chamadas para prestarem depoimento. Um dos objetivos da investigação é identificar de onde partiu o tiro que atingiu a jovem, que estava grávida de quatro meses.

“Os agentes ouviram cinco dos 12 policiais militares que estavam na comunidade e participaram da ação e apreenderam suas armas, sendo 10 fuzis calibre 7.62, dois fuzis calibre 5.56 e nove pistolas .40. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a vítima foi atingida por apenas um tiro, de fuzil. O projétil atingiu o tórax e não ficou alojado”, explicou a DHC.

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Rodrigo Mondego, esteve no Instituto Médico Legal (IML), ontem, a fim de prestar assistência aos familiares da vítima e ouvir os relatos dos pais e da avó de Kathlen.

“Segundo os relatos da avó, o tiro partiu dos policiais militares que estavam de tocaia dentro da comunidade. Quando ela passou caminhando junto com a neta, atiraram”, relata Rodrigo Mondego, afirmando que a comissão ainda irá conversar com mais testemunhas e acompanhar a investigação da Polícia Civil.

Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que não houve nenhum tipo de operação no local. O que ocorreu, segundo a PM, foi um ataque aos policiais por criminosos, que dispararam de maneira “inesperada e inconsequente”. Em paralelo às investigações da Polícia Civil, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) abriu um inquérito para apurar os fatos.

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Reforço para Manaus

Novos contingentes da Força Nacional de Segurança (FNS) chegaram ontem a Manaus para reforçar o trabalho dos policiais que já foram deslocados para a capital e outras cidades do Amazonas com o objetivo de combater uma onda de ataques de criminosos a prédios públicos e empresas de ônibus. No total, os agentes enviados pelo governo federal chegam a 144. A onda de violência começou no início da semana.

De acordo com o Ministério da Justiça, as tropas ficarão no estado por 30 dias, com possibilidade de prorrogação, se necessário. O ministro Anderson Torres afirmou estar atendendo a solicitação do governador do Amazonas, Wilson Lima, visando ao restabelecimento da paz e da ordem na capital e outras cidades do estado.

O governo amazonense afirma que os atos violentos ocorrem como resposta à morte de Erick Batista Costa, traficante conhecido como “Dadinho”, 30 anos, em ação policial que ocorreu no sábado, dia 5 de junho.

As polícias do Amazonas e a Força Nacional criaram uma operação integrada chamada de “Mão de Ferro”, após reunião de planejamento para inclusão dos efetivos da Força Nacional de Segurança nas ações policiais.

O secretário da Segurança Pública do estado, Louismar Bonates, afirmou que mais de 400 barreiras de fiscalização foram instaladas em Manaus para abordagem e revista de veículos. As ações contam com apoio de agentes da Polícia Rodoviária Federal deslocados de Roraima.

Além de Manaus, nove cidades do interior também registraram ocorrências: Manacapuru, Parintins, Careiro Castanho, Iranduba, Itapiranga, Carauari, Rio Preto da Eva, Caapiranga e Anori.

*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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