SAÚDE

Queiroga culpa estados por falta de vacinas da AstraZeneca para segunda dose

O Brasil registrou 215 óbitos causados pela covid-19, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados nesta segunda-feira (14/9)

Gabriela Bernardes*
postado em 14/09/2021 06:00
Segundo ministro, não há falta de imunizantes:
Segundo ministro, não há falta de imunizantes: "Campanha vai bem" - (crédito: Walterson Rosa/MS)

A segunda aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus foi suspensa em diversas cidades no Brasil em razão da falta do imunizante na semana passada. São Paulo, Rio Grande do Norte, Tocantins, Rondônia e Mato Grosso do Sul tiveram que suspender a vacinação da segunda dose em alguns postos. A ausência de doses prejudica a progressão da campanha vacinal e atrasa a imunização da população.

O Brasil registrou 215 óbitos causados pela covid-19, de acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgados ontem. Com os registros, o país acumula 587.066 vidas perdidas para a doença. O levantamento do Conass, que compila dados de secretarias de Saúde dos 26 estados e do Distrito Federal, apontou, ainda 6.645 novos casos em 24 horas. Com isso, o Brasil superou 21 milhões de pessoas infectadas, com um total de 21.006.424 de registros desde o início da pandemia. Os dados do Ceará e do Rio de Janeiro não foram computados por problemas técnicos.

A média móvel de casos no Brasil voltou a cair, chegando a 15.571 nos últimos sete dias. Esse é o menor patamar desde o mês de maio de 2020, segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgado no domingo. A regressão na quantidade de casos é consequência, em grande parte, do bom ritmo de vacinação que parte das unidades da Federação alcançou nos últimos meses.

Para o infectologista José David Urbaez, do Exame Imagem e Laboratório, porém, o número não representa segurança e não deve ser comemorado. “De forma alguma nós podemos falar de pandemia sob controle”. Ele comenta que, infelizmente, o país acostumou-se com números elevados de transmissões e mortes. “Como no primeiro semestre de 2021, nós chegamos a picos enormes, de cem mil casos por dia e quase quatro mil mortos, quando enxergamos uma situação de 500 ou 600 óbitos por dia, temos uma falsa sensação de um problema que está totalmente controlado”, pontua. E continua: “Problema controlado não é isso, o problema só será controlado quando tivermos dias sem aparecimento de óbitos, para que assim tenhamos uma queda significativa de casos — muito abaixo disso que nós estamos vendo atualmente”.

* Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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Efeito delta na pandemia

A queda nos números da pandemia coloca em dúvida a força da variante delta no Brasil, após causar uma avalanche de novos casos nos últimos meses em países da Europa, Ásia e nos Estados Unidos. Quatro meses após a confirmação do primeiro caso da variante no país, os impactos da cepa estrangeira ainda são incertos.

“Há um período, digamos assim, de latência entre a introdução da nova variante e a sua disseminação com intensidade por todo o território que habitualmente vai ser acometido”, explica o infectologista José David Urbaez.

Ele avalia que, em terras brasileiras, a conjuntura pandêmica não possibilita uma avaliação profunda, já que as alterações de casos não são lineares. “A gente ainda não tem uma clareza sobre o que está acontecendo no país, porque a delta entrou no Brasil em um contexto de alta transmissão da variante gama, que é a variante brasileira. Então, temos um país com uma circulação viral elevada o tempo inteiro. A soma de uma segunda variante pode, de alguma forma, modificar esse comportamento que observamos em outros locais do mundo”, pontua.

Sem descuido

Urbaez não descarta a influência da progressão da campanha de imunização no controle da delta. “Evidentemente, há a influência da vacinação, pensando em indivíduos que estão com uma dose, que alcançam em torno de 70% no Brasil. É possível ainda que tenha somado a isso o efeito de que muitos deles já infectaram-se previamente, portanto, têm uma imunidade a partir da infecção natural que foi reforçada com uma dose”, comenta.

Contudo, segundo ele, a população não pode afrouxar as medidas de proteção. “A gente sabe que esses períodos de latência podem se seguir desses picos enormes com um comportamento explosivo. É por isso que nós sempre acreditamos que a cautela em relação às atividades, que já estão extremamente abertas e que não têm nenhum tipo de cuidado em relação à transmissão, seja vista com mais seriedade”, finaliza Urbaez. 

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