CORONAVÍRUS

Covid-19: novas variantes dificultam alcance da imunidade de rebanho

Hoje, no Brasil, circulam pelo menos cinco variantes do novo coronavírus, o que dificulta a avaliação sobre o grau de proteção alcançado pelos brasileiros

» GABRIELA BERNARDES* » GABRIELA CHABALGOITY*
postado em 27/09/2021 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Com mais de 70% da população tendo recebido, pelo menos, a primeira dose da vacina contra a covid-19, alguns especialistas dizem que o país está atingindo a chamada imunidade de rebanho, ou seja, uma situação em que, devido ao alto número de pessoas imunizadas, a cadeia de transmissão da doença é interrompida. No entanto, hoje, no Brasil, circulam pelo menos cinco variantes do novo coronavírus, o que dificulta a avaliação sobre o grau de proteção alcançado pelos brasileiros.

O conceito de imunidade coletiva, ou imunidade de rebanho, se destacou em função da pandemia. Esta imunidade, ou resistência à infecção, pode ser adquirida pelos indivíduos que se recuperaram após sofrer a doença ou que foram vacinados. O infectologista Claudilson Bastos diz que a imunidade de rebanho é o que o mundo espera com a vacinação em massa. “Na realidade, ao atingirmos 80% das pessoas totalmente imunizadas, teremos uma maior segurança quanto à transmissão”, afirma.

Atualmente, mais de 144 milhões de brasileiros, o equivalente a mais de 67% da população, receberam, pelo menos, a 1ª dose da vacina. Outros 86 milhões de pessoas, ou 39%, já estão totalmente imunizadas com duas doses ou dose única.

No Brasil, a pandemia da covid-19 foi agravada por diversas variantes do novo coronavírus: Alfa, Beta, Delta, Gama e Mu. Quanto mais o vírus tende a se propagar, maiores são as possibilidades de ocorrerem mutações. A maioria, porém, tem efeitos mínimos. Quando a mutação traz características definitivas para o vírus, e permite que se reproduza, nasce uma variante. Algumas das que circulam no Brasil, como a Delta, trazem preocupação por ter uma capacidade maior de transmitissão.

O infectologista José David Urbaez, do Laboratório Exame, avalia que ainda é cedo para se afirmar sem hesitação que o país chegou à imunidade de rebanho. “É uma questão para se ter muita cautela. Entretanto, a gigantesca transmissão que assolou o país, e que ainda continua acontecendo com menor intensidade, certamente conferiu imunidade por infecção natural em grandes grupos populacionais”, comenta.

“Uma grande parte da população com imunidade por infecção natural deve estar chegando ao limite dessa proteção, podendo ocorrer novamente um recrudescimento da doença, ainda mais com a presença da variante Delta. Assim, ainda estamos em uma situação muito frágil”, explica Urbaez.

Para o infectologista Igor Thiago Queiroz, do Hospital Giselda Trigueiro, em Natal, com quase 40% da população totalmente vacinada, e com o adoecimento de muitas pessoas, de forma sintomática ou assintomática, se espera que a imunidade possa já ter sido alcançada. “O problema é que a proteção que você tinha para o vírus original, atualmente com as variantes, é menor. Essa imunidade coletiva pode ser prejudicada porque vão ocorrendo mutações do vírus que conseguem escapar do sistema imunológico”, explica.



*Estagiárias sob a supervisão de Odail Figueiredo

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação