Educação

Covid-19 continua sendo motivo de tensão para quem vai fazer prova do Enem

Especialistas dão conselhos para administrar a ansiedade.

Maria Eduarda Cardim
postado em 01/11/2021 05:58 / atualizado em 08/11/2021 10:24
Gustavo de Matos tomou duas doses de vacina e, totalmente imunizado, se sente mais tranquilo para fazer a prova -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Gustavo de Matos tomou duas doses de vacina e, totalmente imunizado, se sente mais tranquilo para fazer a prova - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Diante do surgimento do novo coronavírus, além dos desafios já comuns do período de estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes que vão realizar a prova em 21 e 28 de novembro terão que lidar com novas dificuldades, como o medo de infecção pela covid-19 durante as provas e a adaptação perante as regras sanitárias adotadas na pandemia. O avanço da vacinação dá uma segurança maior aos jovens que farão as provas em novembro, mas, ainda assim, a ansiedade toma conta diante do novo normal. Para conseguir lidar com este momento importante, psicólogos dão dicas do que fazer e como se acalmar em situações de estresse.


O estudante do 3º ano do Centro de Ensino Médio Setor Leste Gustavo de Matos, 17 anos, fez o Enem 2020, em janeiro deste ano, e diz que conseguiu se adaptar às medidas sanitárias adotadas durante a prova. Ele acredita que vai ficar mais tranquilo agora, completamente imunizado contra a covid-19.


“Este ano, já estou vacinado com as duas doses da vacina e isso dá uma tranquilidade. No Enem de 2020 houve muita desistência de pessoas que estavam com medo do contágio”, lembra. No segundo dia de prova da última edição, deixaram de comparecer 3.052.633 de pessoas, o equivalente a 55,3% do total — a maior abstenção de toda a história do Enem.


Para Gustavo, o principal desafio foi a perda do ritmo de estudo, já que a pandemia o obrigou a estudar remotamente. “Perdi a rotina de estudo que eu tinha e foi um pouco complicado no sentido de aprender todos os conteúdos passados pelos professores”, lamenta. Para 2021, contudo, o estudante, que mora em Ceilândia, está com uma boa expectativa para tentar uma vaga na Universidade de Brasília (UnB).


A estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Sigma Maria Clara Nakao, 17 anos, também já realizou outros testes durante a pandemia, como o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da UnB, e relembra que a ansiedade aumentou na hora da prova. “Além dos cuidados que você já tem que ter normalmente, de se preocupar com a prova em si, nos preocupamos com outros pontos, como levar máscaras para trocar durante a prova, álcool em gel e a questão do distanciamento”, diz.


Além disso, como a prova é dividida em dois dias, o estudante precisa se cuidar ao máximo para não se contaminar entre uma avaliação e outra. “Para quem é ansioso, isso atrapalha bastante, mas a vacina trouxe uma tranquilidade, e ter feito outras provas durante a pandemia me preparou também para o exame deste ano”, relata.

Medo

O psicólogo do Hospital Santa Marta Luigi Sturaro explica que o medo da contaminação durante a realização do exame pode, sim, ocasionar um menor rendimento na avaliação. “Principalmente pela necessidade que os candidatos têm de manter a sua atenção concentrada em resolver questões da prova. Quando ela se torna difusa, com esse medo de contaminação da covid-19, a tendência é de que esse desempenho caia justamente pelo sentir-se ainda mais sobrecarregado emocionalmente”, avalia.


Mesmo com a queda do número de casos e mortes pelo coronavírus no país e o avanço da vacinação, a psicóloga clínica formada pela Universidade de Brasília (UnB) e neuropsicóloga pelo Instituto de Psicologia Aplicada e Formação de Portugal (Ipaf) Juliana Gebrim ressalta que, além do medo da contaminação, os candidatos às vagas nas universidades passaram por momentos difíceis durante os últimos dois anos e podem sofrer com estresse pós-traumático.


“Tivemos, na família desses estudantes que vão fazer o Enem, pessoas que eles perderam. Pais, tios, amigos, pessoas próximas. E isso pode ter atrapalhado até mesmo na condição dos estudos para o exame, além de ter abalado o psicológico desses estudantes”, pondera. Para tentar driblar as dificuldades psicológicas encontradas durante a pandemia, a psicóloga indica acompanhamento psicológico e a adoção de hábitos saudáveis.

Bons hábitos

“Se você não puder ter feito uma preparação psicológica anterior, sugiro que foque em manter bons hábitos básicos dos quais sempre falamos e que podem diminuir a ansiedade de uma forma muito boa. Ou seja, é preciso se alimentar bem, sem alimentos muito gordurosos, ter um sono restaurador, praticar atividades físicas e meditação”, indica.


Luigi concorda com a colega e ainda ressalta ser fundamental que os estudantes compreendam que o estado da sua saúde mental poderá afetar frontalmente o desempenho deles na avaliação. “Percebam que o bom desempenho na prova perpassa por uma série de pequenas medidas que vão além do estudar o conteúdo, mas sobretudo lidar com as próprias emoções”, completa.

 

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