Agronegócio

Agro 4.0: Tecnologia acelera avanço da produtividade no campo

Projetos apoiados pela ABDI melhoram a eficiência da agropecuária no uso de recursos como água e fertilizantes, aumentando sustentabilidade do setor

Rosana Hessel
postado em 25/11/2021 06:00
Seminário Agro 4.0 reúne especialistas e experiência que modernizam o agronegócio -  (crédito:  Carlos Vieira/CB)
Seminário Agro 4.0 reúne especialistas e experiência que modernizam o agronegócio - (crédito: Carlos Vieira/CB)

A tecnologia é uma grande aliada para o aumento da competitividade do país, de acordo com o secretário Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, que defendeu avanços nas reformas tributária e administrativa, a fim de estimular o investimento privado.

Nesse sentido, Da Costa elogiou o programa Agro 4.0, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que apresentou, na quarta-feira (24/11), durante o CB Fórum - Agro 4.0, realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a ABDI, os resultados da primeira edição da iniciativa da agência.

Foram desenvolvidos 14 projetos-pilotos envolvendo o uso da tecnologia no campo, melhorando a produtividade, aumentando a eficiência e reduzindo o uso de herbicidas. Oito deles foram premiados pela entidade no evento. "Estamos comemorando resultados absolutamente extraordinários de um programa vencedor, que pode ter um impacto semelhante ao do pacote tecnológico que transformou e revolucionou o campo brasileiro a partir das pesquisas da Embrapa, da assistência técnica, que é o uso da tecnologia 4.0", afirmou Da Costa, durante a abertura do CB Fórum. Ele elogiou a iniciativa da ABDI, que ganhou novo rumo e se transformou em um campo de provas de novas tecnologias.

O secretário destacou que o governo colocou várias medidas em marcha para o desenvolvimento dessa tecnologia, como a desoneração dos chips, que passou de um valor unitário, que, às vezes, supera o preço do microprocessador para um "um percentual baixinho". "Isso destravou o uso dos chips para a internet das coisas", afirmou, citando um dos principais usos do 5G. "Mudamos o Fust e adotamos outras medidas na área da produtividade", acrescentou.

Carga tributária

Ao levantar a bandeira de uma reforma tributária que diminua a carga de impostos sobre a indústria, Da Costa afirmou que é "uma injustiça dizer que a indústria é privilegiada". Segundo ele, o setor produtivo busca sobreviver diante de uma "carga tributária altíssima".

"A indústria da transformação representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB), mas é responsável por 33% do imposto arrecadado", afirmou. Para ele, quem acha a indústria privilegiada desconhece a realidade enfrentada pelo setor produtivo para ser competitivo no mercado internacional. "Nossa indústria é muito competitiva e traz prosperidade quando conseguimos trabalhar juntos, desonerar e destravar o país", complementou.

O Agro 4.0 é resultado de uma parceria entre os ministérios da Economia, da Agricultura e da Ciência, Tecnologia e Inovações. Da Costa adiantou que já está aberto o segundo edital do programa Agro 4.0, que vai selecionar novos projetos para o ambiente de inovação no Brasil.

Na avaliação do secretário, os projetos apresentados pela ABDI mostram que o uso da tecnologia garante ganhos de eficiência na produção agrícola, que já é bastante competitiva no mercado internacional. "Esse é o nosso Brasil que dá certo", frisou. "É muito importante que continuemos trabalhando para a frente, com leis melhores, mais produtividade, e mais emprego e renda para o país", acrescentou.

Ranking

Carlos Da Costa ressaltou que a melhoria do ambiente de negócios é fundamental para ampliar a competitividade do país no mercado externo. Ele disse que as concessões na área de infraestrutura e o marco das telecomunicações para tecnologias digitais devem ajudar o país a avançar no ranking Doing Business, do Banco Mundial. Segundo ele, a meta do governo é tirar o país do 124º lugar para ficar entre os 50 melhores países para fazer negócios, até o fim do governo.

Os avanços existentes no país estão sendo feitos por meio do investimento privado, de acordo com o secretário. Mas para que a confiança dos investidores aumente, ele defendeu que é preciso reduzir os gastos públicos por meio da aprovação da reforma administrativa, que está parada no Congresso. Além disso, apontou a aprovação do marco do setor elétrico e a desverticalização da Petrobras como medidas para destravar ainda mais o desenvolvimento da fronteira do agronegócio.

Efeito em cadeia entre produtores rurais

Os bons resultados da primeira edição do programa Agro 4.0, desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), deram frutos e garantiram uma segunda edição da iniciativa, de acordo com o presidente da entidade, Igor Calvet.

"Os casos de sucesso mostram que o Brasil real está funcionando", destacou o executivo, ontem, durante o CB Fórum - Agro 4.0, evento realizado pelo Correio Braziliense em parceria com a ABDI, onde foram apresentados os projetos premiados. Ele contou que esse segundo edital para o programa era inevitável e já está disponível no site da agência.

"Diante de todos os resultados positivos, não nos cabia outra coisa", afirmou Calvet. Segundo ele, esse programa deverá permitir uma difusão das tecnologias desenvolvidas, alavancando investimentos pelo país e melhorando a rentabilidade no campo.

Alavancagem

Na primeira edição, foram investidos R$ 4,8 milhões em 14 projetos-pilotos que deverão ser aplicados por 700 produtores nacionais, mas a expectativa é que esse número aumente nos próximos anos. "Esses projetos serão difundidos, diretamente, para 700 produtores, mas, ao serem difundidos, testados e validados, devem ir para muito mais produtores. O efeito em cadeia será muito importante", destacou Calvet, durante sua apresentação no evento. "Os recursos são, aparentemente, pequenos, mas terão uma alavancagem muito grande nos próximos anos", reforçou.

O presidente da ABDI contou que, nesse projeto, o ecossistema de inovação do agronegócio já foi previamente mapeado — e será aprofundado e difundido pelo país. Assim, como a indústria do agro, ele tem um sistema inovador que precisa ser fomentado e acessado de maneira mais articulada. Calvet e os participantes do evento destacaram que, entre os projetos escolhidos, a tecnologia é o principal diferencial para avanços na economia de água, na redução no uso do agrotóxicos e no aumento da produtividade. A expectativa do executivo é ampliar, ao máximo, o acesso às inovações pelos produtores com esses projetos.

"Estamos fazendo um spin-off (demonstrativo) para a difusão de tecnologias. E foi necessário mapear as melhores tecnologias e institutos de pesquisa para aprimorar o acesso a essas fontes, a fim de melhorar a competitividade", ressaltou Calvet.

O objetivo da agência, de acordo com o executivo, é ser "um real difusor de tecnologia no campo, e em todos os campos", pois, atualmente, é preciso estar cada vez mais conectado por meio de tecnologias transversais e disruptivas. "Esse projeto é um marco fundamental para a ABDI e mostra a forma como devemos nos portar diante de uma economia que se globaliza e se relaciona de forma diferente com as pessoas", afirmou.

Na avaliação do presidente da ABDI, a forma de relacionamento entre as pessoas e os setores não é mais estanque como no passado e, por conta disso, é importante a modernização, tanto no campo quanto nas grandes cidades. "Hoje, tudo é muito mais conectado por meio de tecnologias", pontuou.

O secretário especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, elogiou a iniciativa da ABDI, da qual ele é presidente do Conselho Deliberativo, e destacou que a agência passou por uma "grande transformação". "O exemplo desse resultado está sendo entregue por essa agência tão importante para o Brasil", disse.

Da Costa ressaltou que, durante o governo Michel Temer, o Agro 4.0 era uma das inovações tecnológicas com grande potencial de desenvolvimento do país e de melhora na produtividade apontadas por um estudo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O secretário, na época, foi diretor da instituição.

 

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