CRISE

Conflitos por terras: mortes aumentaram mais de 1000% em 2021, aponta relatório

Mortes por conflitos no campo batem recorde e ianomâmis são as maiores vítimas

Luana Patriolino
postado em 10/12/2021 21:01 / atualizado em 10/12/2021 22:12
 (crédito: Nelson Almeida/ AFP )
(crédito: Nelson Almeida/ AFP )

O relatório do Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) traz um alerta: aumentou em 1.044% as mortes em consequência de conflitos no campo neste ano, em comparação com 2020. Segundo o documento, o número saiu de nove para 103, sendo que a maior parte dos óbitos (101) foram de indígenas Yanomamis.

Na pesquisa, há uma diferença entre "mortes em consequência de conflitos no campo" e "mortes por conflito no campo” que é quando uma pessoa morre, mas o óbito não decorre de assassinato, mas "de uma realidade de violência contra as famílias de determinada comunidade, ou nas relações de trabalho de produção", segundo definição da Pastoral. Já as mortes por conflito no campo se referem a homicídios.

Estima-se que o número pode ser ainda maior, pois o levantamento só estará consolidado para publicação em 2022. As mortes apontadas no estudo ocorreram durante invasões de garimpeiros ao território Yanomami, que resultaram em assassinatos, agressões, ameaças ao território, contaminação da água e desmatamento, além da transmissão de doenças, como a covid-19.

"Acompanhamos, durante o ano de 2021, diversas invasões de garimpeiros ao território ianomâmi, resultando em assassinatos, agressões, ameaças, ameaça ao território, contaminação da água, desmatamento, além de serem vetores de doenças diversas, incluindo a Covid-19. Vimos também crianças sendo sugadas por dragas e morrendo afogadas ao fugirem dos tiros disparados pelos criminosos", diz o relatório.

Esses óbitos também incluem a das crianças sugadas por dragas e outras que morreram afogadas ao fugirem de tiroteios. 

Conflitos

Das 103 mortes decorrentes dos conflitos por terra, 26 foram assassinatos. O ano teve menos conflitos por terras, mas contou com mais famílias envolvidas (3,55%).

A CPT também quantificou a forma como essas violências ocorreram. Um dado de destaque foi o número de "impedimento do acesso às áreas de uso coletivo", que subiu 1056,91%. Em seguida, vêm a expulsão de pessoas de terras (152,61%), pistolagem (117,63%), e a grilagem (113,44).


 

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