FESTIVAL LED

Quem vota em genocida tem sangue indígena na mão, diz ativista Sâmela Mawé

A comunicadora se emocionou e chorou ao relembrar a rotina de violência vivida por povos originários e pediu que os eleitores escolham candidatos que se comprometam com a agenda indígena

Talita de Souza
postado em 08/07/2022 23:23
Samela alerta que a responsabilidade de parar o ciclo de violência contra indígenas é de todos -  (crédito: Divulgação)
Samela alerta que a responsabilidade de parar o ciclo de violência contra indígenas é de todos - (crédito: Divulgação)

A pouco menos de três meses para o primeiro turno das eleições, em 2 de outubro, o eleitor deve se preocupar em escolher candidatos com a agenda de pautas que ele deseja que receba atenção nos próximos quatro anos. Com a morte de crianças do povo Yanomami, a repressão violenta de indígenas no Pará e o assassinato de um indigenista na Amazônia, ativistas indígenas afirmam que é dever de todo cidadão brasileiro votar para que o cenário de opressão contra os povos originários acabe.


A ativista Sâmela Sateré Mawé utilizou um espaço de fala no Festival LED - Luz na educação, nesta sexta-feira (8/7), para relembrar aos jovens que só será possível mudar uma rotina diária de violência e, ainda, proteger a maior floresta tropical do mundo do desmatamento, votando com responsabilidade. 

“As pessoas têm uma ideia de que a Amazônia é um lugar distante que só veem na televisão. Amazônia são diversos povos, é uma potência de vida e precisamos fazer com que o resto do Brasil se sinta parte pertencente ao nosso bioma, que é do nosso país e que é responsabilidade de todos nós”, pontua.


Ela diz que por séculos os povos originários têm sofrido com repressão ou omissão governamental e que luta, sozinho, por direitos básicos. “Não é responsabilidade só dos povos indígenas estar pegando bala de borracha e spray de pimenta na cara para defender o território dele. É responsabilidade de todos, dos não indígenas principalmente, escolher pessoas que defendam o meio ambiente e defendam a causa indígena na hora de votar”, alerta.


“Porque pessoas que colocam genocidas no poder, assassinos no poder, têm sangue índigena na mão”, setencia. Em seguida, Sâmela caiu no choro e interrompeu a fala para se recuperar, enquanto foi aplaudida pelo público presente. Ao retomar a fala, a ativista pediu desculpa e afirmou que a emoção tomou de conta da fala por relembrado o desespero vivido pelos povos originários.


“Desculpa, gente, é que perdemos muitas pessoas todos os dias. Estamos vendo genocídio nos guarani kawoá essa semana. E a gente ver crianças yanomami sendo estupradas, mortas. Crianças sendo mortas por garimpo. Crianças amazonenses nascidas a beira do rio não podem brincar no rio porque dragas de garimpo podem sugar e ela morrer afogada”, compartilha.


Além de escolher um candidato que se comprometa com a agenda indígena, a mulher também pede auxílio para as pessoas em amplificar o conteúdo produzido nas redes sociais. “Vocês precisam nos ajudar, nos compartilhando, mostrando o que acontece conosco”, pede. O instagram de Sâmela com conteúdos sobre os povos originários e denúncias de violências sofridas pelas aldeias do país pode ser acessado aqui.


Sâmela participou do Festival Led - Luz na educação em uma mesa sobre ativismo on-line. O evento é uma iniciativa da Globo e da Fundação Roberto Marinho e objetiva fomentar a discussão sobre uma educação do futuro.

Sâmela participou da mesa Construir um futuro melhor, ao lado do tiktoker Raphael Vicente (de branco à direita) e da influenciadora trans Giovanna Heliodoro (de rosa)
Sâmela participou da mesa Construir um futuro melhor, ao lado do tiktoker Raphael Vicente (de branco à direita) e da influenciadora trans Giovanna Heliodoro (de rosa) (foto: Oxidany/Globo)


Movimento LED

O Festival que ocorre nesta sexta e sábado é um dos três pilares da iniciativa Movimento LED, promovida pela Globo e a Fundação Roberto Marinho para reconhecer, incentivar e fomentar práticas inovadoras de educação no país.


Além do festival, o Movimento LED conta com uma premiação feita por meio de um edital anual para acelerar seis novas formas de ensinar e aprender na educação básica, técnica e profissional, e educação não-formal — cada iniciativa vencedora recebe R$ 200 mil.


Dez iniciativas feitas por estudantes universitários que apresentem soluções criativas para problemas vividos dentro de escolas ou em universidades também receberão um incentivo de R$ 300 mil, que será dividido entre elas, no Desafio LED - Me dá uma luz aí.


O último pilar do Movimento LED é voltado a oferecer, de maneira gratuita, uma plataforma de aprendizado on-line, chamada Comunidade LED, disponível para pessoas que estão envolvidas ou querem aprender mais sobre novas metodologias, tecnologias disruptivas, experiências de sala de aula e educação inovadora.


Todo o movimento é acompanhado de perto por um conselho consultivo formado por diversas instituições de ensino, como a Unesco, Unicef, Todos pela Educação, CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), Vale do Dendê e Porto Digital.

 

*A repórter participa do Festival Led, no Rio de Janeiro, e viajou a convite da Globo e da Fundação Roberto Marinho. 


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