Violência de gênero

Três a cada dez mulheres foram assediadas, mas homens não assumem crime

Dados são de estudo que mostra diferença entre a percepção de homens e mulheres sobre violência de gênero

Izabella Caixeta* - Estado de Minas
postado em 14/09/2022 14:54 / atualizado em 14/09/2022 14:54
Estudo mostra que quatro em cada dez brasileiros já sofreram agressão dos parceiros, atuais ou ex, mas apenas dois em cada dez admitem que já agrediram
 -  (crédito: Anete Lusina)
Estudo mostra que quatro em cada dez brasileiros já sofreram agressão dos parceiros, atuais ou ex, mas apenas dois em cada dez admitem que já agrediram - (crédito: Anete Lusina)

A pesquisa "Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas”, divulgada nesta segunda-feira (12/09), mostra que o assédio ainda é um problema reincidente no cotidiano de milhares de mulheres e que o entendimento sobre o tema precisa avançar entre os homens.

Enquanto 45% das mulheres afirmam que já tiveram o corpo tocado sem seu consentimento em local público, apenas 5% dos homens admitem já ter feito isso. Além disso, três a cada dez mulheres afirmam ter passado por situação de importunação ou assédio sexual quando utilizavam o transporte público. Entretanto, nenhum homem reconheceu haver praticado esse tipo de violência.

Outro dado discrepante divulgado pelo estudo mostra que quatro em cada dez brasileiros já sofreram agressão dos parceiros, atuais ou ex, mas apenas dois em cada dez admitem que já agrediram.

O estudo também mostra que 41% das mulheres entrevistadas foram xingadas ou agredidas por dizerem “não” a uma pessoa que demonstrou interesse e 21% dos homens admitem terem feito elogios à aparência ou brincadeiras e comentários pessoais e invasivos a uma desconhecida.

Vinte por cento das mulheres e 14% dos homens dizem ter se envolvido em alguma briga séria desde 2020, sendo que 42% das mesmas ocorreram com atuais ou ex-parceiros. Três em cada dez mulheres afirmaram que foram proibidas de sair para determinados lugares e que tiveram exigência de bloqueio ou exclusão de amigos nas redes sociais por um parceiro. Quase metade dos entrevistados declararam que as brigas e violências acontecem quando estão sozinhos.

Sobre a Lei Maria da Penha, a maioria dos participantes acredita que a medida contribui para a busca de ajuda e para reduzir a violência doméstica, mas 16% dos homens moradores de municípios com até 50 mil habitantes acham que a Lei Maria da Penha “deveria ser anulada, porque bater na parceira pode ser errado, mas não deveria ser crime” e 23% acreditam que a Lei estimula as mulheres a desrespeitarem os homens.

Apesar de nove em cada dez acreditarem que amigos e familiares devem intervir em situações de violência doméstica, 49% homens 60 anos ou mais e 41% homens com ensino fundamental acreditam que a Lei Maria da Penha interfere em uma questão particular privada que diz respeito apenas ao casal.

O estudo

O estudo foi realizado entre 21 de julho e 1 de agosto de 2022 e contou com a participação de 800 homens e 400 mulheres com mais de 16 anos em todo o território nacional.

O objetivo da iniciativa é compreender as experiências e percepções da população brasileira em relação à violência, práticas invasivas e de controle, importunação, perseguição, assédio sexual e violência doméstica.

O estudo foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio da Uber.

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