Conectividade

77 milhões de moradores da América Latina e Caribe não tem acesso à internet

O levantamento foi apresentado nesta segunda-feira (8/5) pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)

Isabel Dourado*
postado em 08/05/2023 19:19
Em pesquisa, Ipea revela que cerca de seis milhões de estudantes não têm acesso a internet no Brasil -  (crédito: Ana Lídia Araújo / CB /D.A Press)
Em pesquisa, Ipea revela que cerca de seis milhões de estudantes não têm acesso a internet no Brasil - (crédito: Ana Lídia Araújo / CB /D.A Press)

Pelo menos 77 milhões de pessoas que vivem em áreas rurais da América Latina e do Caribe não têm acesso à conectividade com padrões mínimos de qualidade. Foi o que mostrou o estudo Conectividade Rural na América Latina e no Caribe - Uma ponte para o desenvolvimento sustentável em tempos de pandemia, apresentado nesta segunda-feira (8/5) pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Microsoft.

O estudo concentrou trabalho em 24 países da América Latina e do Caribe e apresenta um panorama completo da situação da conectividade rural na região. De acordo com o levantamento, 71% da população urbana da América Latina e do Caribe têm opções de conectividade, em comparação com menos de 37% nas áreas rurais, uma diferença de 34 pontos percentuais que prejudica um imenso potencial social, econômico e produtivo.

A diferença em termos de conectividade é mais acentuada se for feita uma distinção entre população urbana e rural, chegando em alguns casos a uma diferença de 40 pontos percentuais. Do total de pessoas sem acesso à internet na região, 46 milhões vivem na zona rural.

A pesquisa encontrou grandes limitações nos dados estatísticos oficiais disponíveis, o que impede uma demonstração mais precisa da situação real da conectividade nas áreas rurais das Américas: apenas 50% dos países da região têm medições específicas de conectividade nas áreas rurais.

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, afirmou que o acesso para o grande, médio e pequeno produtor rural apresenta uma grande diferença. Segundo ele, quando o assunto é conectividade é possível perceber diferentes Brasis. "Quando a gente pensa no pequeno e médio produtor rural esse acesso à tecnologia não é igual”.

“Esse relatório vai ajudar muito a Anatel no que diz respeito à identificação de áreas em que há lacuna de conectividade, para que possam ser sugeridos ao Conselho Gestor do Fundo à utilização de recursos públicos para complementar essas lacunas digitais e dizer que a Anatel está à disposição para executar as políticas públicas que sejam definidas”, afirmou Baigorri.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no Brasil, Paulo Teixeira, afirmou que muitos brasileiros não conseguem ter acesso à internet e afirmou que os números evidenciam uma desigualdade no acesso às tecnologias. Ele também frisou que a questão da conectividade tem um grande peso para o país.

“Nós temos aí uma parcela da sociedade brasileira que não conseguiu alcançar a alfabetização, o letramento, ficou para trás nesse processo de alfabetização. Agora, veio uma segunda revolução que foi a revolução digital que é essa que estamos falando aqui da internet". Segundo o ministro, o Brasil acumula dois tipos de analfabetismo, “o vinculado ao letramento analógico e agora um analfabetismo digital”.

Banda larga

A pesquisa revelou que as defasagens mais importantes em termos de conectividade ocorrem devido à baixa frequência da internet, com uma média de apenas 10% da população rural (ou 21% se excluído o Brasil) que usa a Internet diariamente. Em seguida, vem a baixa disponibilidade de banda larga, com uma média de 16,6% da população rural acessando esse serviço.

O uso de equipamentos (principalmente smartphones) e o acesso às tecnologias 4G apresentam taxas mais favoráveis, com níveis médios de penetração nas populações rurais de 71% e 37%, respectivamente (48% e 15% se o Brasil for excluído da média).

“Nos propusemos um objetivo ambicioso: reposicionar os territórios rurais como áreas com alto potencial de progresso e prosperidade, o que exige cadeias produtivas sólidas ancoradas no acesso a serviços, tecnologias e conectividade em níveis adequados. Como instituição chave no setor agropecuário, o IICA e seus parceiros estão mobilizados para unir os esforços dos países e do setor privado. Nosso objetivo é reduzir radicalmente as lacunas que impedem o desenvolvimento. A lacuna de conectividade rural-urbana é uma das que requer maior atenção”, afirmou Manuel Otero, Diretor-Geral do IICA.

 

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