Devastação

Garimpo ilegal cresce 35 mil hectares em 2022, revela MapBiomas

Levantamento mostra ainda que 40% da área garimpada na Amazônia foi aberta nos últimos 5 anos

Principal interesse dos garimpeiros é pelo ouro, com 85,4% dos 263 mil hectares garimpados para extração do minério -  (crédito:  Minervino Júnior/CB)
Principal interesse dos garimpeiros é pelo ouro, com 85,4% dos 263 mil hectares garimpados para extração do minério - (crédito: Minervino Júnior/CB)
postado em 22/09/2023 11:44 / atualizado em 22/09/2023 11:49

A área ocupada pelo garimpo ilegal no Brasil cresceu 35 mil hectares em 2022 na comparação com o ano anterior. É o que revela o MapBiomas nesta sexta-feira (22/9). De acordo com o levantamento, a Amazônia concentra quase a totalidade do ocorrido em 2022, com 92% da área garimpada, e pouco menos da metade (40,7%) da área garimpada nesse bioma foi aberta nos últimos cinco anos. Ainda segundo o relatório, o principal interesse dos garimpeiros é pelo ouro, com 85,4% dos 263 mil hectares garimpados para a extração do minério.

O levantamento do MapBiomas também mostra a concentração do garimpo ilegal em áreas de proteção e restritas à atividade, como nos Parques Nacionais do Jamanxin, do Rio Novo e da Amazônia, no Pará; na Estação Ecológica Juami Japurá, no Amazonas, e na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As três primeiras áreas são garimpadas há mais de 20 anos, entretanto as imagens de satélite revelam crescimento na Terra Yanomami, onde ocorreu uma expansão nos últimos 10 anos.

César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas, afirmou que a existência e o avanço do garimpo ilegal são evidência do apoio econômico e politico à atividade. “O tamanho desses garimpos sobressai nos mapas, sendo facilmente identificável até por leigos. Surpreende que ano após ano ainda subsistam. Sua existência e o seu crescimento são evidência do apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido.”

Avanço desenfreado

O levantamento destaca também que a expansão da atividade ilegal em áreas protegidas em 2022 foi 190% mais do que há cinco anos, com aumento de 50 mil hectares. No ano, mais de 25 mil hectares em Terras Indígenas e 78 mil hectares em Unidade de Conservação estavam ocupados pela atividade; e 39% da área garimpada no Brasil estava dentro de TIs ou de UCs.

Nos Territórios Indígenas, 15,7 mil hectares foram ocupados pelos garimpeiros no ano passado, o número representa um crescimento de 265% sendo que 62,3% da área garimpada em TIs foi aberta nos últimos cinco anos. As mais atingidas são Kayapo (13,7 mil hectares), Munduruku (5,5 mil hectares), Yanomami (3,3 mil hectares), Tenharim do Igarapé Preto (1 mil hectares) e Sai-Cinza (377 hectares).

Nas unidades de Conservação, 43% da área explorada foi aberta nos últimos cinco anos. O MapBiomas aponta que as mais atingidas são APA do Tapajós (51,6 mil hectares), Flona do Amaná (7,9 mil hectares), Esec Juami Japurá (2,6 mil hectares), Flona do Crepori (2,3 mil hectares) e Parna do Rio Novo (2,3 mil hectares).

MapBiomas é iniciativa de uma rede colaborativa formada por organizações não governamentais, universidades e empresas do Brasil, organizada com o objetivo de utilizar tecnologia de qualidade e baixo custo para produzir séries anuais de mapas de cobertura e uso do solo dos biomas brasileiros.

*Estagiária Isabel Dourado sob a supervisão de Andreia Castro

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação