Rio de Janeiro

'Justiceiros de Copacabana': ações podem ser configuradas como crime; entenda

A movimentação de moradores mediante aos crimes ocorridos na região pode ser enquadrada em 5 crimes distintos; polícia prendeu um dos envolvidos em assalto que motivou o grupo

A ação dos criminosos na região provocou uma onda de revolta e levou algumas pessoas a sugerir mais violência para combater os furtos e assaltos -  (crédito: Reprodução/X/Twitter @OGlobo_Rio (6/12/23))
A ação dos criminosos na região provocou uma onda de revolta e levou algumas pessoas a sugerir mais violência para combater os furtos e assaltos - (crédito: Reprodução/X/Twitter @OGlobo_Rio (6/12/23))
postado em 07/12/2023 18:22 / atualizado em 07/12/2023 18:24

A ação de um grupo de moradores de Copacabana, no Rio de Janeiro, para tentar "resolver com as próprias mãos" a criminalidade na região, pode ser configurada como crime. As movimentações nos últimos dias, nas redes sociais, indicam a criação de um grupo que 'persegue' supostos autores de crimes no bairro.

De acordo com o advogado criminalista Reinaldo Santos de Almeida as ações dessas pessoas, caso confirmado envolvimento em atos de "justiceiros", podem ser enquadradas nos crimes de ameaça, lesão corporal, formação de milícia privada, porte ilegal de armas e exercício arbitrário das próprias razões.

As penas para esses crimes variam conforme a gravidade dele. "Por exemplo, a ameaça tem pena de detenção de um a seis meses ou multa. A lesão corporal pode variar de 3 meses a 1 ano (lesão leve) até 8 anos (lesão grave). A formação de milícia privada pode resultar em reclusão de 4 a 8 anos. Já o porte ilegal de armas pode levar a uma pena de 2 a 4 anos", explica o advogado.

Reinaldo destaca ainda que as ações destes "justiceiros" só não serão puníveis em caso da hipótese de legítima defesa (Art. 25 do Código Penal), "quando alguém reage proporcionalmente a uma agressão injusta e atual para proteger a própria integridade ou de terceiros, em que a ação pode ser considerada lícita", acentua.

Para o especialista, algumas mudanças governamentais e legislativas podem impedições ações como as vistas em Copacabana, como aumentar os investimentos em políticas públicas de educação, saúde, emprego e moradia; reforçar a presença policial e os recursos de segurança pública nas áreas afetadas; conscientizar sobre os riscos e ilegalidades da justiça com as próprias mãos e reprimir a ação violenta de milícias privadas; e, por fim, fomentar a participação comunitária em programas de segurança cidadã, em colaboração com as forças de segurança pública.

Entenda o caso

Na noite de sábado (2/12), um empresário idoso foi agredido com socos e chutes na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, após tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada. Imagens de câmeras de monitoramento mostram mais de dez suspeitos envolvidos na ação. O empresário chegou a desmaiar com os golpes e precisou ser levado a uma UPA da região.

A ação dos criminosos provocou uma onda de revolta e levou algumas pessoas a sugerir mais violência para combater os furtos e assaltos. Um perfil no Instagram está postando imagens de suspeitos, inclusive com seus números de CPF. Algumas das fotos são de menores de idade que, segundo a página, já cumpriram medidas socioeducativas pela prática de delitos.

Na tarde de quarta (6), a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSP-RJ) anunciou que o homem que agrediu o idoso foi identificado pela Polícia do Rio. O suspeito, que não teve nome divulgado, já tinha nove passagens pela polícia entre roubo, furto e tráfico de drogas e já foi preso duas vezes. Outros suspeitos do ataque ainda estão sendo procurados.

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