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Empresa se recusa a fazer convite de casamento gay e diz sofrer "heterofobia"

Em vídeo, o dono da empresa diz que luta por princípios e que acredita "na família como ela é". Casal registrou boletim de ocorrência

Henrique Nascimento e Wagner Cardoso registraram boletim de ocorrência contra os empresários por discriminação.  -  (crédito: Reprodução/LssFotografia)
Henrique Nascimento e Wagner Cardoso registraram boletim de ocorrência contra os empresários por discriminação. - (crédito: Reprodução/LssFotografia)

Um casal gay registrou um boletim de ocorrência denunciando terem sido vítimas de homofobia após uma loja de São Paulo se negar a fazer "convites homossexuais" para casamento deles. Um dos noivos, Henrique Nascimento, enviou uma mensagem via WhatsApp para fazer um orçamento com a Jurgenfeld Ateliê, que respondeu informando que não fazia "convites homossexuais". 

A história de Henrique Nascimento e Wagner Cardoso viralizou nas redes sociais após uma amiga do casal divulgar prints da mensagem X (antigo Twitter). Na mensagem, a empresa responde sugerindo ao casal "procurar uma papelaria que atenda a necessidade" deles. Após o caso repercutir nas redes sociais, o dono da empresa publicou um vídeo no perfil da loja, onde diz que segue "princípios cristãos", alega que não se trata de "homofobia ou qualquer tipo de preconceito, mas sim de princípios e valores".

Os responsáveis pela empresa atribuíram a atitude a uma "questão de princípios" e afirmaram que após o ocorrido, estão sofrendo retaliação do casal e do público, e que seria "heterofobia". 

"Existe "heterofobia"? Taí uma pergunta que deveria ser introduzida nos livros de filosofia desse século diante de tantas barbares [sic] que temos visto. Hoje, chegamos ao nosso ápice! Não aguentamos mais ter que aguentar tantas críticas e questionamentos sobre o fato de NÃO REALIZARMOS casamentos ou eventos homossexuais, como dissemos no vídeo acima”, início a empresa no pronunciamento.

Confira o vídeo completo:

Ainda em nota, a empresa informou que estabelece princípios pelos quais lutaram até o fim, independentemente da opinião da "maioria da sociedade" ou "qualquer baboseira dessas que todo mundo tem falado hoje em dia".

“Aqui, na nossa empresa acreditamos na família como ela é e não estamos pedindo pra ninguém que acredita ao contrário mude de pensamento ou de posicionamento, ao contrário, se você é mulher e casou com mulher, continuem casadas, se você é homem e casou com homem, então por favor continuem casados, porém AQUI nós fazemos dessa forma e será dessa forma”, comentou.

“Se fossemos uma empresa que faz apenas casamentos homossexuais e não faz casamentos heterossexuais, seriamos politicamente corretos e estaríamos arrasando de orçamento da galera que assiste Globo e escuta Anita, porém AQUI NAO FUNCIONA ASSIM”, disse a empresa em outro trecho do pronunciamento, encerrando com um versículo bíblico.

Nesta quarta-feira (24/4), o perfil da empresa compartilhou um pedido de "apoio e de oração", pois estariam recebendo mensagens ofensivas.

O casal que teve o serviço negado também realizou postagens repudiando o ocorrido e informando sobre a denúncia que não teria sido levada a sério pela instituição de segurança. "O sentimento que eu tive pra mim ali na delegacia era que eu que tinha cometido um crime e eu que estava errado ali", disse em publicação. O caso foi registrado no 73º Distrito Policial, do Jaçanã, Zona Norte da capital de São Paulo.

A Secretaria de Segurança Pública de SP informou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) contatou as vítimas e investiga o crime de discriminação.

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postado em 25/04/2024 00:12
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