MEIO AMBIENTE

COP30: Carta propõe US$ 7 bilhões anuais para salvar a Amazônia

Organizações civis, cientistas e lideranças globais entregam roteiro à presidência da COP com plano de financiamento massivo para proteger a maior floresta tropical do planeta

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Intitulada "Ampliando Grande Financiamento de Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro para a Ação", a carta pede que o Brasil, como país-sede da COP30, lidere um pacto global pela floresta - (crédito: Reprodução)

Organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e lideranças nacionais e internacionais entregaram, na última sexta-feira (4/7), à presidência da COP30, um plano de ação para atrair novos investimentos voltadas à proteção da Amazônia. Segundo os autores do documento, a região já perdeu 17% de sua cobertura vegetal original e outros 31% estão degradados. Caso mais 5% sejam devastados, o bioma pode entrar em colapso, liberando bilhões de toneladas de carbono na atmosfera e inviabilizando o cumprimento do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC.

Intitulada “Ampliando Grande Financiamento de Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro para a Ação”, a carta pede que o Brasil, como país-sede da COP30, lidere um pacto global pela floresta. A proposta central é mobilizar ao menos US$ 7 bilhões por ano, valor considerado necessário para impedir que a região atinja o ponto de não retorno — momento em que a degradação da floresta se torna irreversível, comprometendo o equilíbrio climático do planeta.

A carta, entregue à Secretária Nacional de Mudança do Clima e Diretora Executiva da COP30, Ana Toni defende a conservação de 331 milhões de hectares, a restauração de 600 mil km² de áreas degradadas e a garantia de repasses diretos a povos indígenas e comunidades locais, considerados os principais guardiões da floresta. Entre as propostas, estão também a criação de um fundo internacional permanente — o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) — e o fortalecimento de programas de rastreabilidade de cadeias produtivas, como o da carne bovina no Pará e a Moratória da Soja.

Para o senador Beto Faro (PT-PA), que acompanha de perto os preparativos da conferência, a COP30 é a chance histórica do Brasil liderar uma virada na forma como o mundo enxerga a Amazônia. “Enquanto isso, quem lucrou com a devastação assiste à crise climática de camarote e ainda nega os efeitos visíveis das alterações no meio ambiente”, observa o parlamentar.

O Banco Mundial estima que os US$ 7 bilhões por ano são essenciais para manter a floresta em pé. Entretanto, nos últimos dez anos, apenas US$ 5,8 bilhões foram mobilizados globalmente com esse fim. O financiamento climático atual ainda é desproporcional: apenas 3% dos recursos vão para soluções baseadas na natureza voltadas à mitigação, e 11% para adaptação. Segundo especialistas, números considerados muito aquém do necessário.

Além de um plano de financiamento robusto, o documento pede o redirecionamento de subsídios públicos que ainda favorecem atividades predatórias, como a grilagem e o desmatamento em florestas públicas não destinadas — responsáveis por cerca de 30% da perda anual de vegetação nativa no Brasil. A proposta também exige o fortalecimento das capacidades de governança local, investimentos em tecnologias de monitoramento ambiental, garantias fundiárias e salvaguardas socioambientais, com protagonismo direto dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs).

“O Brasil tem a oportunidade histórica de liderar uma transformação global. É hora de reconhecer o enorme potencial que a natureza tem para proteger o planeta. E, além de mobilizar recursos, precisamos garantir que eles cheguem aos territórios de quem realmente protege a floresta. A COP30 pode ser o marco de uma nova era de cooperação internacional, com a Amazônia no centro e no coração do planeta”, destacou Juliana Simões, da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, uma das signatárias da proposta.

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O documento traz, ainda, recomendações como o lançamento de uma Declaração Global pela Amazônia, o apoio a iniciativas como o Programa ARPA, o Fundo Podáali, a Inovação Financeira para Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC), e o fortalecimento da cooperação entre bancos públicos, empresas, filantropias e governos. A expectativa é de que a carta seja incorporada à agenda oficial da presidência brasileira da COP30 e ajude a posicionar o evento como um ponto de inflexão no combate à crise climática.

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postado em 07/07/2025 18:06 / atualizado em 07/07/2025 18:17
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