
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou nesta terça-feira (1º/7) o documento “Um chamado por justiça climática e a Casa Comum: conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções”. A iniciativa marca a posição oficial da cúpula da Igreja Católica e das conferências episcopais da África, da Ásia e da América Latina em relação à crise climática global e as discussões que serão levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA).
Com duras críticas ao modelo econômico vigente e ao que chamam de “falsas soluções”, como o chamado “capitalismo verde”, os bispos reforçaram que não é possível enfrentar a emergência climática sem uma mudança estrutural nas formas de produção, consumo e organização da vida social.
“Não se supera a crise ambiental com soluções vindas do mesmo sistema que a provocou. É preciso romper com a lógica do lucro a qualquer custo”, afirmou Dom Vicente de Paula Ferreira, presidente da Comissão Episcopal para Ecologia Integral e Mineração da CNBB em coletiva de imprensa, em Brasília.
O documento apresentado foi entregue ao Papa Leão XIV em audiência realizada também nesta terça-feira, no Vaticano, pelo presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), cardeal Dom Jaime Spengler.
Em vídeo enviado de Roma, o cardeal contou que o pontífice acolheu o texto com atenção e está ciente da importância da COP30, inclusive diante do convite oficial feito pelo governo brasileiro para que participe do evento em Belém.
“A entrega foi muito significativa. O Papa está consciente do papel da Igreja e da urgência do debate climático”, afirmou Dom Jaime.
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Ainda nesta terça, o documento será entregue pessoalmente à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Na próxima quinta-feira (3/7), o ofício também será apresentado à Câmara dos Deputados, durante uma audiência pública.
Articulação internacional
O texto foi construído ao longo de um ano, em articulação entre o Celam (América Latina e Caribe), o Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (Secam) e a Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). Ele expressa o olhar da Igreja Católica do Sul Global diante da crise ecológica e denuncia os impactos da destruição ambiental sobre os mais pobres.
Durante a coletiva, o primeiro vice-presidente da CNBB, Dom João Justino de Medeiros, destacou o papel da Igreja brasileira como referência internacional no debate sobre justiça climática.
“O fato de a COP30 ocorrer no Brasil nos chama a uma atuação mais intensa. Temos o compromisso de articular a Igreja em todos os níveis e somar com os povos e organizações que constroem alternativas concretas”, disse.
O documento já havia sido utilizado como instrumento de articulação política na Conferência de Bonn, na Alemanha, preparatória à COP30. Agora, será mobilizado em encontros regionais da CNBB em todo o país.
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