
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) chega, possivelmente hoje, ao último dia, após a intorrupção imposta, ontem, por um incêndio em suas instalações. Antes do incidente, em coletiva de imprensa, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez fortes apelos para se evitar o que chamou de "prejuízos irreversíveis" caso lideranças globais não coloquem em prática os compromissos assumidos.
Guterres clamou às delegações a trabalharem no que for possível para manter a meta de limitar a temperatura global a 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais. "Depois de 10 anos do Acordo de Paris, andamos bastante, mas não o suficiente", declarou.
Ele enfatizou que a adaptação climática não é uma meta teórica e requer compromisso dos países, além de reforçar que triplicar os recursos nesta seara é fundamental.
Questionado por jornalistas sobre travas no avanço das negociações, Guterres disse não ser o momento de falar sobre derrota na COP30. Ele reforçou ser essencial a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países que ainda não anunciaram suas novas metas. Até a última atualização eram 118 NDCs entregues. Atualmente, 198 países participam da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o que faz dela um dos maiores órgãos multilaterais do sistema das Nações Unidas (ONU).
Guterres também afirmou que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma "necessidade", repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. "Não haverá solução sem uma transição justa para longe dos combustíveis fósseis", avaliou.
"Saúdo os pedidos por um mecanismo de transição justa e a crescente coligação pedindo clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis. E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa que esteja alinhada com um mundo com aquecimento limitado a 1,5 graus", declarou.
A fala está alinhada ao posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Cúpula dos Líderes, que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), Lula defendeu a superação da dependência dos combustíveis fósseis e, desde então, é especulado nos corredores um possível "plano de Lula" para tal objetivo.
Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O "como fazer" ou a definição do "mapa do caminho" é o que ainda está pendente. O tema divide as delegações e, se houver avanço, será considerado uma das vitórias da Conferência em Belém (PA).
O assunto enfrenta resistência, especialmente, por parte dos países produtores de petróleo. A proposta brasileira, apesar de apoiada por mais de 80 países, enfrenta oposição de nações que dependem economicamente da produção de petróleo, como as nações árabes, a Rússia e a Bolívia.
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Financiamento
Assim como para um caminho concreto rumo à transição para longe dos fósseis, Guterres destacou que é necessário um "caminho crível para realizar a meta financeira de Baku". Ele se refere à necessidade de investimento de US$ 1,3 trilhão em soluções para as mudanças climáticas, definida na COP29 na capital do Azerbaijão.
"Todos os países desenvolvidos mobilizando pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035 e traçando uma rota para alcançarmos o US$ 1,3 trilhão por ano até 2035", afirmou Guterres.
Diante das limitações dos orçamentos soberanos dos países, ele lembrou que o setor privado, mercados financeiros e bancos multilaterais precisam aumentar a participação no processo de financiamento climático.
Guterres defendeu ainda equilíbrio entre adaptação e mitigação. O primeiro trata da capacidade de buscar preparo para conviver com os impactos do clima em mudança. O segundo é a própria redução das emissões de gases de efeito estufa.
Estados Unidos
O secretário-geral foi questionado sobre qual seria a mensagem que ele gostaria de deixar ao presidente dos Estados Unidos, país sem delegação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele apenas respondeu: "Estamos esperando por você".

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