
Menos de 24 horas depois de três pessoas serem baleadas na terça-feira (23/12) na guerra das facções Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) que disputam o complexo da Pedreira Prado Lopes (PPL), no Noroeste de Belo Horizonte, um homem de 26 anos ligado a uma das organizações criminosas foi executado, na noite desta quarta-feira (24/12).
O homicídio ocorreu por volta das 19h, na Rua Mariana, próximo à esquina com a Rua Abaeté, no Bairro Bonfim, na mesma região. Não há testemunhas do crime, mas o pai da vítima, supostamente ligado ao CV, disse aos policiais que o filho foi chamado no portão de casa e que ouviu os estampidos dos disparos.
A Polícia Militar de Minas Gerais recolheu 17 estojos de munição calibre 9 milímetros, o que pode significar uma demonstração de poder para as outras facções.
De acordo com a PMMG, o controle do "Buraco Quente", uma região de tráfico dominada pelo PCC na Vila Senhor dos Passos, dentro do complexo da PPL, seria o ponto central dos conflitos. O motivo é o desejo da facção Comando Vermelho (CV) de ter domínio sobre o local, que possui acesso estratégico a um ponto de alta vendagem de entorpecentes com saídas para a Avenida Presidente Antônio Carlos e Avenida Dom Pedro II, a menos de um quilômetro do Hipercentro de BH.
O local do crime é uma transversal importante do Bairro Bonfim, situada nas proximidades da Avenida Dom Pedro II e do Cemitério do Bonfim, área marcada por uma mescla de residências antigas e pequenos comércios automotivos. A vítima é um homem de 26 anos, sem profissão informada, mas com histórico policial. O local se situa a cerca de 1,5 quilômetro da 4ª Delegacia de Polícia Civil e 2ª inspetoria da Guarda Civil Metropolitana de Belo Horizonte e da sede da 1ª Região Integrada de Segurança Pública.
Os autores fugiram e não foram identificados. "Quando a guarnição da Polícia Militar chegou ao endereço, os militares notaram que a vítima ainda apresentava um leve movimento ocular, indicando que ele ainda apresentava sinais vitais", informou a PMMG. Os policiais colocaram o homem na viatura e o conduziram ao Hospital Odilon Bherens, a 1,5 quilômetro do local. Contudo, ao dar entrada na unidade de pronto-socorro, a equipe médica constatou que ele morreu.
O local do crime foi preservado para que a perícia técnica da Polícia Civil realizasse o levantamento de provas e a coleta dos estojos. A vítima possuía diversas passagens criminais e, segundo a PMMG, teria ligações com a facção Comando Vermelho. Relatos obtidos pela polícia indicam que o homem estaria planejando uma invasão para tomar o controle do "Buraco Quente", ponto estratégico localizado no complexo da Pedreira Prado Lopes e Vila Senhor dos Passos, que fica a cerca de 850 metros do local da execução.
Um dia antes, um violento embate entre organizações criminosas rivais que disputam o controle do tráfico resultou em três homens feridos a tiros no final da noite de terça-feira (23/12). As vítimas, de 25, 29 e 44 anos, foram atingidas por múltiplos disparos de arma de fogo. Conforme os registros médicos, um dos homens foi alvejado por três tiros, o segundo por dois, enquanto o terceiro sofreu um ferimento na cabeça.
Entre os atingidos, as autoridades identificaram um homem em situação de rua que circulava pelo beco no momento do ataque. Todos os feridos foram encaminhados ao Hospital Odilon Behrens, que fica à frente do aglomerado, permanecendo sob cuidados médicos. De acordo com as apurações iniciais, a ação foi perpetrada por quatro indivíduos vinculados ao Comando Vermelho (CV). Testemunhas relataram que os agressores gritavam o nome da organização durante os disparos.
Há divergências sobre o meio de fuga, com relatos de uma evasão a pé logo após o crime, enquanto há quem afirme que foi utilizado um táxi para apoio na retirada dos suspeitos. A principal suspeita é de que este tenha sido mais um desdobramento da disputa territorial com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na década de 2000, a Pedreira Prado Lopes foi uma das primeiras favelas de BH a ter ligações estreitas com o crime organizado de outros estados. O traficante que dominava a comunidade, Roni Peixoto, morto em 2022, era considerado o "braço direito" em Minas Gerais de Fernandinho Beira-Mar, um dos líderes do Comando Vermelho. Informações da inteligência policial sugerem que a ordem para a execução partiu de uma liderança do grupo agressor que se encontra presa.
Durante a perícia no local, militares apreenderam munições com uma das vítimas, reforçando a suspeita de que houve revide e que os alvos também portavam armamento, possivelmente recolhido por comparsas.
Simultaneamente ao socorro das vítimas, patrulhas realizavam diligências no Beco 21 de Abril quando avistaram um motociclista em veículo sem placa. O condutor desobedeceu à ordem de parada e fugiu, abandonando a motocicleta para escapar pelas passagens estreitas do aglomerado.
Apesar do cerco montado em toda a Região Noroeste, os executores do atentado ainda não foram localizados. O inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) para identificar os autores e o mandante intelectual da ofensiva.
O histórico dos envolvidos aponta vinculação prévia com o tráfico de entorpecentes, o que sustenta a tese de que o crime foi motivado pela guerra interna entre grupos que disputam o comércio ilícito na capital. As forças de segurança mantêm o policiamento reforçado na Pedreira Prado Lopes para evitar retaliações.
A investigação segue sob sigilo para não comprometer o rastreamento dos suspeitos que permanecem foragidos após as ações violentas na região.
Ataque no Buraco Quente
- Invasão do beco: quatro suspeitos armados entram na localidade na noite de terça-feira
- Execução dos disparos: agressores mencionam nome de facção enquanto atingem três alvos
- Socorro das vítimas: feridos são levados ao hospital Odilon Behrens por moradores e policiais
- Tentativa de abordagem: motociclista foge de guarnição da PM e abandona veículo sem placa
- Investigação do caso: ocorrência é entregue à Polícia Civil para investigação de disputa territorial
- Canais de denúncia: utilizar o Disque Denúncia 181 para informar movimentações suspeitas de forma anônima
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