Na praia de Porto de Galinhas (PE), um casal de Mato Grosso foi agredido por comerciantes. Segundo relato de uma das vítimas, Johnny Andrade, ele e o namorado, Cleiton Zanatta, alugaram um serviço de barraca por R$ 50. No entanto, na hora da cobrança, o ambulante aumentou o valor para R$ 80 sem consulta prévia. O casal acredita que as agressões também foram motivadas por homofobia.
“Eu falei ‘cara, não é justo, você me cobrou R$ 50, então eu vou te pagar os R$ 50’ e ele ‘não, você vai me pagar os R$ 80’”, relatou. Após Johnny se recusar mais uma vez, o vendedor atirou uma cadeira contra ele.
A situação se agravou ainda mais com a chegada de outros comerciantes. “Juntou mais uns 10, 15 em cima de mim, me deram vários pontapés”, conta. “O Cleiton, meu companheiro, ele saiu correndo para pedir ajuda”.
As vítimas denunciaram a falta de policiamento no local e alegaram que o Corpo de Bombeiros, que estava próximo à cena, demorou de agir. “Os bombeiros vieram na hora que viram que eles iam linchar, que eles iam matar a gente, mas antes deixaram a gente apanhar para caramba, de uma forma muito brutal”, afirma Cleiton.
Mesmo após serem colocados na parte na carroceria da picape dos salva-vidas, os agressores continuaram a atacar as vítimas, enquanto os agentes tenta afastar os envolvidos. “Antes de o salva-vidas sair, eles conseguiram me tirar de cima da camionete, me arrastaram de novo e me deram muito chute nas costas, na cabeça”, revela Cleiton em outro depoimento.
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Além do episódio assustador, os dois enfrentaram descaso ao procurar assistência médica. Segundo o relato, não havia ambulâncias disponíveis e eles precisaram arcar com as despesas. Na delegacia, eles relataram demora para registrar o boletim de ocorrência. Johnny e Cleiton continuam na cidade, mas contam que não conseguem sair do hotel por medo. Eles afirmaram que vão entrar na Justiça contra a Prefeitura do Ipojuca, onde fica localizada a praia, e o estado de Pernambuco.
Em nota, a Prefeitura do Ipojuca, classificou o ocorrido como “grave e incompatível com os valores de respeito, acolhimento e hospitalidade que norteiam o destino”. Segundo a gestão, as equipes de salva-vidas e o Corpo de Bombeiros atuaram rapidamente no local, evitando que a situação se agravasse. O órgão afirmou ainda que intensificou as ações de fiscalização dos ambulantes cadastrados nos últimos meses.
Até o momento, o governo de Pernambuco não se manifestou publicamente sobre o assunto. O Correio procurou a Secretaria de Defesa Social (SDP-PE), mas não obteve retorno até a última atualização da matéria. Nas redes sociais da pasta, usuários publicaram comentários com críticas à atuação das forças de segurança e cobram com governo por posicionamento.
