Um distúrbio pouco conhecido, mas que afeta significativamente a vida de quem o possui, é a Narcolepsia. Esta doença rara, caracterizada por uma extrema sonolência durante o dia, mesmo após uma boa noite de sono, tem suas raízes em um desequilíbrio químico no cérebro. O relato de Ana Cristina Braga, funcionária pública aposentada, ilustra bem os desafios enfrentados por quem sofre desse distúrbio. Os primeiros sinais de sonolência excessiva começaram por volta dos 30 anos, mas foi apenas após uma longa jornada de mais de uma década que ela conseguiu um diagnóstico correto.
No passado, encontrar tratamento para a Narcolepsia era extremamente difícil, especialmente no sistema público de saúde do Rio de Janeiro. Hoje, há avanços significativos nesse sentido. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) se destaca como um dos poucos locais a oferecer um programa pioneiro de diagnóstico da doença através do Sistema Único de Saúde (SUS). Coordenado pela neurologista Christianne Martins, o Ambulatório de Distúrbios do Sono do Hupe oferece um diagnóstico especializado da narcolepsia e outras condições relacionadas, um avanço essencial para a região.
O que causa a Narcolepsia?
O diagnóstico da narcolepsia pode ser complicado e demorado, frequentemente levando de 10 a 12 anos. A dificuldade muitas vezes se deve à falta de conhecimento sobre a doença e à disponibilidade limitada de exames específicos. Predominantemente, a narcolepsia se manifesta em adolescentes e adultos jovens, mas pode aparecer precocemente em crianças a partir dos seis anos. Um aspecto chave para o seu desenvolvimento é a predisposição genética combinada com possíveis gatilhos ambientais, como infecções virais, que iniciam uma resposta autoimune, deteriorando os neurônios produtores de hipocretina, um neurotransmissor crucial.

Quais são os desafios do diagnóstico?
Os desafios para diagnosticar a narcolepsia são muitos. Entre os testes utilizados, destacam-se o Teste de Múltiplas Latências do Sono e a Dosagem de Hipocretina no líquor, além da tipificação do HLA DQ1B0602. Recentemente, houve progresso significativo no Hupe, onde o teste de múltiplas latências do sono foi incorporado através de reformas e treinamentos realizados graças a cursos de formação específicos. A dosagem de hipocretina ainda precisa ser implementada, mas há esforços contínuos para completar o arsenal diagnóstico da instituição.
Qual o impacto social e profissional da narcolepsia?
A condição não afeta apenas a saúde física do indivíduo, mas também tem implicações sociais e profissionais. Ana Cristina Braga, por exemplo, enfrentou preconceitos e desafios no trabalho, sendo muitas vezes incompreendida por colegas que viam sua condição como preguiça. Após conseguir o diagnóstico, Ana precisou se afastar do trabalho, enfrentando dificuldades financeiras e emocionais. Buscando apoio e informação, criou a Associação Brasileira de Narcolepsia e Hipersonia Idiopática, promovendo o suporte entre pacientes e lutando por melhorias no atendimento.
Como a narcolepsia afeta a qualidade de vida?
Além da narcolepsia, o setor de Distúrbios do Sono do Hupe trata outras condições como insônia e sonambulismo, desenvolvendo um trabalho de excelência em diagnóstico e tratamento. O serviço ganha destaque também pelas pesquisas reconhecidas internacionalmente e pela formação contínua de sua equipe. Com o crescimento na capacidade de atendimento e a contínua evolução nas técnicas utilizadas, a meta é proporcionar uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes que enfrentam esses desafios diários relacionados ao sono.
Entre em contato:
Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271








