A busca por estratégias naturais para gerenciar os sentimentos de ansiedade é uma preocupação crescente e válida no mundo moderno. Dentro da nutrição, o magnésio tem ganhado destaque como um mineral crucial para a saúde do sistema nervoso. É crucial e inegociável afirmar desde o início: os transtornos de ansiedade são condições de saúde sérias que exigem diagnóstico e tratamento com profissionais qualificados. Nenhuma dieta ou nutriente isolado pode ou deve substituir o cuidado médico e psicológico.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o papel fisiológico que o magnésio desempenha na regulação da resposta ao estresse do corpo. O objetivo é fornecer informação nutricional de apoio, e não um plano de tratamento para a ansiedade.
Qual a conexão entre o magnésio e o sistema de “freio” do cérebro?

O sistema nervoso possui mecanismos de aceleração e de frenagem. A ansiedade está frequentemente associada a um sistema de aceleração hiperativo. O principal “freio” do cérebro é um neurotransmissor chamado GABA (ácido gama-aminobutírico), cuja função é diminuir a atividade neuronal, promovendo calma e relaxamento.
O magnésio desempenha um papel fundamental nesse sistema de frenagem. Pesquisas mostram que o magnésio se liga aos receptores GABA e aumenta sua eficácia, ajudando a acalmar o sistema nervoso. Além disso, ele também atua limitando a ação do glutamato, o principal neurotransmissor excitatório. Essencialmente, o magnésio ajuda a diminuir o “volume” da comunicação excitatória no cérebro e a aumentar o “volume” da comunicação calmante.
Como o magnésio ajuda a regular a resposta do corpo ao estresse?
A resposta física ao estresse é governada pelo eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA). Quando estamos estressados, esse eixo é ativado, culminando na liberação de hormônios como o cortisol. Embora vital em situações de perigo real, a ativação crônica desse eixo mantém o corpo em um estado de alerta constante, o que é uma característica central da ansiedade.
Conforme detalhado em pesquisas revisadas pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), o magnésio parece ajudar a regular o eixo HPA, atenuando a liberação de cortisol. Um nível adequado de magnésio pode tornar o corpo mais resiliente aos efeitos fisiológicos do estresse, impedindo que a resposta de alerta saia do controle.

O que as pesquisas científicas dizem sobre a relação entre magnésio e ansiedade?
A ciência tem estabelecido uma forte correlação entre baixos níveis de magnésio e um aumento nos sintomas de ansiedade. Indivíduos com transtornos de ansiedade frequentemente apresentam níveis mais baixos deste mineral. No entanto, é importante distinguir correlação de causalidade.
Os ensaios clínicos que testaram a suplementação de magnésio para ansiedade mostraram resultados promissores, mas ainda não são definitivos. Uma revisão sistemática de estudos publicada na revista Nutrients concluiu que a suplementação pode ser benéfica para a ansiedade leve a moderada, mas ressaltou a necessidade de mais pesquisas de alta qualidade. O efeito parece ser mais pronunciado em pessoas que já possuem uma deficiência do mineral.
Quais são as melhores fontes alimentares de magnésio?
A forma mais segura e eficaz de garantir níveis adequados de magnésio é através de uma dieta variada e rica em alimentos integrais.
Sementes de abóbora e de chia
As sementes de abóbora estão entre as fontes mais concentradas de magnésio. As sementes de chia também são uma excelente fonte, além de oferecerem fibras e ômega-3.
Amêndoas e castanhas
Amêndoas, castanhas-de-caju e castanhas-do-pará são ricas em magnésio, gorduras saudáveis e fibras.
Espinafre e outras folhas verdes escuras
Vegetais como espinafre, acelga e couve são potências nutricionais, fornecendo uma grande quantidade de magnésio por caloria.
Leguminosas (feijão preto, edamame)
Feijões pretos, lentilhas, grão-de-bico e edamame são excelentes fontes não só de magnésio, mas também de proteínas e fibras.
Chocolate amargo (70% cacau ou mais)
Uma fonte deliciosa e rica em magnésio e antioxidantes, para ser consumida com moderação.
Apenas aumentar o magnésio na dieta é suficiente para tratar a ansiedade?
A resposta é um enfático e inequívoco NÃO. A ansiedade é uma condição complexa e multifatorial, influenciada por fatores genéticos, psicológicos, ambientais e de estilo de vida. Embora uma nutrição adequada, incluindo a ingestão suficiente de magnésio, seja um pilar fundamental para a saúde cerebral, ela é apenas uma peça do quebra-cabeça.
Conforme alerta o National Institute of Mental Health (NIMH), se a ansiedade está interferindo em sua capacidade de trabalhar, estudar ou manter relacionamentos, ela não é mais apenas uma “preocupação”, mas uma condição de saúde que requer tratamento. A busca pela ajuda de um médico, psicólogo ou psiquiatra é o passo mais importante para receber um diagnóstico correto e um plano de tratamento eficaz, que pode incluir terapia e, se necessário, medicação. Um nutricionista pode, então, auxiliar na criação de um plano alimentar que apoie seu bem-estar geral.










