A busca por abordagens naturais para gerenciar o estresse e a ansiedade é uma jornada para muitas pessoas. Entre as plantas medicinais mais conhecidas e estudadas para este fim está a passiflora, popularmente conhecida como a flor do maracujá. É crucial e inegociável afirmar desde o início: os transtornos de ansiedade são condições de saúde sérias que exigem diagnóstico e tratamento com profissionais qualificados. Nenhuma erva ou suplemento pode ou deve substituir o cuidado médico.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a ciência diz sobre os compostos da passiflora, seus potenciais mecanismos de ação no cérebro e os cuidados indispensáveis para seu uso, posicionando-a como um possível suporte, e não como um tratamento para a ansiedade.
Como a passiflora poderia atuar no sistema nervoso central?

Acredita-se que o efeito calmante da passiflora (Passiflora incarnata) esteja ligado à sua capacidade de influenciar os níveis de um neurotransmissor chave no cérebro: o GABA (ácido gama-aminobutírico). O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central; sua função é diminuir a atividade dos neurônios, agindo como um “freio” natural que promove o relaxamento e reduz a agitação mental.
Estudos de laboratório sugerem que os compostos ativos da passiflora, como os flavonoides, podem aumentar os níveis de GABA no cérebro. Ao potencializar a ação desse neurotransmissor calmante, a passiflora pode ajudar a reduzir a hiperexcitabilidade do sistema nervoso que é característica dos estados de ansiedade.
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O que as pesquisas científicas dizem sobre sua eficácia para a ansiedade?
A passiflora é uma das ervas ansiolíticas mais bem pesquisadas. Vários ensaios clínicos em humanos investigaram seus efeitos, com resultados promissores, especialmente para a ansiedade generalizada de leve a moderada.
Uma revisão sistemática de estudos, como a destacada pelo National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), indica que a passiflora demonstrou ser eficaz na redução dos sintomas de ansiedade. Alguns estudos chegaram a comparar sua eficácia à de certos medicamentos benzodiazepínicos, com a vantagem de causar menos sonolência e comprometimento do desempenho no trabalho.
Outra área bem estudada é a sua capacidade de reduzir a ansiedade em pacientes antes de procedimentos cirúrgicos. É importante ressaltar que esses estudos utilizam extratos padronizados e a pesquisa ainda está em andamento.
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Quais são as formas mais comuns de uso da passiflora?
A passiflora pode ser encontrada em diferentes preparações. A forma de uso pode influenciar a dose e a segurança.
Chá de infusão
A forma mais tradicional e suave. O chá é feito com as folhas e flores secas da planta e é frequentemente usado como parte de um ritual de relaxamento antes de dormir ou em momentos de estresse.
Tinturas
São extratos líquidos da planta em uma base de álcool ou glicerina. Permitem uma dosagem mais precisa do que o chá, mas ainda devem ser usados com cautela.
Suplementos em cápsulas
Contêm o extrato seco e padronizado da planta. Esta é a forma geralmente utilizada em estudos clínicos. O uso de suplementos concentrados só deve ser feito sob estrita orientação de um profissional de saúde, pois a dose e a qualidade do extrato são cruciais.
O uso da passiflora é seguro e livre de riscos?
Não. “Natural” não significa inócuo. Embora seja geralmente bem tolerada, a passiflora apresenta riscos e contraindicações importantes.
- Efeitos Colaterais: Os mais comuns incluem sonolência, tontura e, em casos raros, confusão mental. Por isso, não se deve dirigir ou operar máquinas pesadas após o consumo.
- Gravidez: O uso de passiflora é absolutamente contraindicado durante a gravidez, pois alguns estudos em animais sugerem que ela pode induzir contrações uterinas.
- Interações Medicamentosas: A passiflora pode potencializar o efeito de outros medicamentos sedativos, incluindo ansiolíticos, antidepressivos e soníferos, bem como do álcool.
A passiflora pode substituir um tratamento médico para a ansiedade?
A resposta é um enfático e inequívoco NÃO. A ansiedade, especialmente quando se manifesta como um transtorno (Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pânico, etc.), é uma condição complexa que afeta profundamente a vida de uma pessoa.
Conforme alerta a Anxiety & Depression Association of America (ADAA), o tratamento eficaz para os transtornos de ansiedade geralmente envolve psicoterapia (como a Terapia Cognitivo-Comportamental) e, em muitos casos, o uso de medicamentos prescritos. Tentar tratar uma condição de saúde mental séria apenas com ervas pode atrasar o recebimento do cuidado adequado e piorar o quadro a longo prazo.
Se você está lutando contra a ansiedade, o passo mais importante e corajoso é procurar a ajuda de um médico, psicólogo ou psiquiatra. Eles são os únicos profissionais qualificados para oferecer um diagnóstico correto e um plano de tratamento seguro e eficaz.










