O bullying virou assunto sério na TV e no cinema. Não é mais só aquela história clássica do valentão da escola. Agora as produções mostram como essa violência pode destruir vidas de verdade, especialmente com as redes sociais no meio. E tem uma série que está fazendo todo mundo parar para pensar.
“Adolescência”, que chegou à Netflix em março de 2025, está causando um impacto gigantesco. A minissérie britânica de quatro episódios já alcançou 24,3 milhões de visualizações nos primeiros quatro dias. A história é pesada: um menino de 13 anos mata uma colega de escola. Mas por trás dessa tragédia tem muito mais coisa acontecendo.
Por que “Adolescência” está fazendo tanto barulho?
A série não é só mais um drama adolescente. Ela mostra como Jamie Miller, o protagonista, passou de vítima de bullying para assassino. O roteiro mergulha em temas que muita gente prefere não ver: masculinidade tóxica, cultura incel, radicalização online e como as redes sociais podem ser um ambiente extremamente perigoso para jovens vulneráveis.
O que impressiona é como a produção foi filmada. Toda feita em plano sequência, como se fosse uma câmera seguindo os personagens em tempo real. Isso deixa tudo mais tenso e real. A série se baseia em casos reais de violência escolar na Inglaterra, o que torna tudo ainda mais perturbador.
Como o bullying virtual mudou tudo?
Antigamente, o bullying ficava na escola. Quando você chegava em casa, pelo menos tinha paz. Hoje não existe mais esse escape. As redes sociais fazem com que a perseguição continue 24 horas por dia. “Adolescência” mostra isso de forma cruel: como emojis aparentemente inocentes podem ser usados como armas.
Na série, símbolos como o emoji de feijão e a “pílula vermelha” funcionam como códigos secretos entre grupos que praticam cyberbullying. Para os adultos, são só desenhinhos bobos. Para os adolescentes, podem significar humilhação constante. Essa desconexão entre gerações é um dos problemas mais sérios que a série expõe.
Que outras produções estão tratando do assunto?
Várias séries e filmes têm abordado o bullying nos últimos anos. “13 Reasons Why” foi uma das primeiras a causar polêmica, mostrando como o bullying pode levar ao suicídio. Mesmo com as críticas, a série conseguiu abrir conversas importantes sobre saúde mental.
“Sex Education” trata o tema de forma mais leve, mas não menos importante. A série mostra como educadores podem fazer a diferença na vida dos estudantes. Já “Euphoria” mergulha na masculinidade tóxica e como ela afeta as relações entre adolescentes. São abordagens diferentes, mas todas tentam mostrar como o bullying pode ser devastador.
Como filmes usam a fantasia para falar de dor real?
Alguns filmes preferem usar elementos fantásticos para tratar do bullying. “Sete Minutos Depois da Meia-Noite” é um exemplo interessante. O garoto Conor conversa com um monstro em forma de árvore para escapar da realidade dolorosa do bullying na escola e da doença da mãe.
Essa estratégia funciona porque torna temas pesados mais acessíveis, especialmente para crianças menores. A fantasia oferece um lugar seguro para processar sentimentos difíceis. É uma forma de dizer que todo mundo precisa de um refúgio quando a vida fica pesada demais.
Qual o papel da família e da escola nisso tudo?
“Adolescência” deixa bem claro que o bullying não começa na escola. Ele começa em casa, na falta de estrutura familiar, na ausência de diálogo. A escola apenas amplifica problemas que já existem. Por isso, resolver bullying exige que família e escola trabalhem juntas.
Segundo especialistas que analisaram a série, expulsar o aluno que pratica bullying não resolve nada. Ele só vai para outra escola e continua com o comportamento. O ideal é responsabilizar, dar apoio psicológico e trabalhar as causas do problema. Ignorar os sinais pode levar a tragédias como a mostrada na série.
Essas produções ajudam ou atrapalham?
Existe debate sobre isso. Alguns educadores acham que séries como “Adolescência” podem ser usadas como ferramentas pedagógicas. Elas ajudam a iniciar conversas difíceis entre pais, professores e alunos. Falam a linguagem dos jovens e mostram consequências reais.
Outros profissionais são mais céticos. Acham que essas produções podem glamorizar a violência ou dar ideias perigosas. O importante é que não sejam consumidas sozinhas. Precisam vir acompanhadas de diálogo, reflexão e apoio de adultos responsáveis. A série serve como alerta, mas não como manual de como agir.