A vitamina C é, sem dúvida, o antioxidante mais famoso do mundo, sinônimo de saúde e proteção. É crucial e inegociável afirmar desde o início: nenhum nutriente isolado pode neutralizar completamente os danos celulares ou prevenir doenças crônicas. A saúde é resultado de um estilo de vida equilibrado e de uma dieta rica em uma variedade de compostos protetores.
Dito isso, a vitamina C desempenha um papel central e insubstituível como uma das principais linhas de defesa do corpo contra um processo prejudicial chamado estresse oxidativo. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em ciência, o que é esse processo e como a vitamina C atua em nível molecular para proteger nossas células.
O que são os “radicais livres” e o que é o estresse oxidativo?

Os radicais livres são moléculas altamente instáveis e reativas, produzidas como um subproduto natural do nosso metabolismo (a transformação de alimentos em energia) e pela exposição a fatores externos, como a poluição, o tabagismo e a radiação ultravioleta (UV) do sol. Por serem instáveis, eles “roubam” elétrons de outras moléculas saudáveis, como o DNA, as proteínas e as gorduras que compõem nossas membranas celulares, causando um dano em cadeia.
O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio: a produção de radicais livres supera a capacidade do corpo de neutralizá-los com antioxidantes. Esse estado de dano celular crônico é considerado pela ciência uma das raízes do envelhecimento precoce e do desenvolvimento de muitas doenças crônicas, incluindo doenças cardíacas e neurodegenerativas.
Como a vitamina C atua como um “doador de elétrons” para neutralizar os radicais livres?
A principal função da vitamina C como antioxidante é sua capacidade de atuar como um doador de elétrons. Ela é uma molécula que pode doar um de seus elétrons para um radical livre instável, neutralizando-o e interrompendo a cascata de danos.
O que torna a vitamina C tão especial é que, após doar um elétron, ela mesma se torna um radical (chamado radical ascorbil) que é relativamente estável e inofensivo, podendo ser facilmente regenerado de volta à sua forma ativa. Ela é, portanto, um “sacrifício nobre” para a proteção celular. Por ser solúvel em água, ela atua primariamente nos fluidos do corpo, como o plasma sanguíneo.
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A vitamina C pode “regenerar” outros antioxidantes importantes?

Sim, e esta é uma de suas funções mais sofisticadas e menos conhecidas. A vitamina E é o principal antioxidante lipossolúvel, responsável por proteger as membranas celulares (que são feitas de gordura). Quando a vitamina E neutraliza um radical livre, ela se torna inativa.
Conforme detalhado em pesquisas do Linus Pauling Institute, uma autoridade em micronutrientes, a vitamina C tem a capacidade de “reciclar” a vitamina E, doando um elétron de volta para ela e restaurando sua função antioxidante. Essa sinergia entre as vitaminas C e E cria uma rede de proteção antioxidante muito mais robusta no corpo.
Quais são as melhores fontes alimentares de vitamina C para essa proteção?
A forma mais segura e eficaz de obter vitamina C é através de uma dieta rica em frutas e vegetais frescos, que fornecem a vitamina em uma matriz com outras fibras e fitoquímicos benéficos.
Frutas cítricas e tropicais
Acerola (uma das fontes mais ricas do mundo), goiaba, kiwi, laranja, limão e morango.
Pimentão
Especialmente o amarelo e o vermelho, que podem conter mais vitamina C do que uma laranja.
Brócolis e outras crucíferas
Brócolis, couve-flor e couve de Bruxelas.
Folhas verdes escuras
A couve e o espinafre também são boas fontes.
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A suplementação em altas doses é uma estratégia segura contra o estresse oxidativo?
Não. A automedicação com megadoses de vitamina C não é recomendada e pode apresentar riscos. Embora seja hidrossolúvel, doses muito altas (acima de 2.000 mg por dia) podem causar desconforto gastrointestinal, diarreia e, em indivíduos predispostos, aumentar o risco de formação de cálculos renais.
Além disso, estudos em laboratório mostraram que, em condições muito específicas e em doses extremamente altas, a vitamina C pode paradoxalmente atuar como um pró-oxidante, ou seja, promover o dano oxidativo em vez de combatê-lo.
A melhor estratégia para combater o estresse oxidativo é uma dieta colorida e variada. Se você tem preocupações com sua saúde ou com a ingestão de nutrientes, a consulta com um médico e um nutricionista é indispensável para uma avaliação segura e personalizada.







