A fadiga é uma das queixas de saúde mais comuns e frustrantes, podendo ter dezenas de causas. É crucial e inegociável afirmar desde o início: o cansaço persistente e a fraqueza muscular são sintomas que exigem uma avaliação médica para um diagnóstico correto. A automedicação, especialmente com suplementos de ferro, pode ser perigosa e mascarar a real causa do problema.
Dito isso, uma das causas mais prevalentes e tratáveis para a fadiga em todo o mundo é a anemia por deficiência de ferro. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em ciência, o papel indispensável que o ferro desempenha no transporte de oxigênio e na produção de energia, e por que a sua suplementação deve ser sempre orientada por um profissional.
Como o ferro atua no transporte de oxigênio, o combustível das nossas células?

A principal função do ferro no corpo humano, e a mais vital para os nossos níveis de energia, é ser o componente central da molécula de hemoglobina. A hemoglobina é a proteína encontrada dentro dos glóbulos vermelhos do sangue, responsável por “agarrar” o oxigênio nos pulmões e transportá-lo para cada uma das trilhões de células do nosso corpo.
As nossas células precisam de um suprimento constante de oxigênio para realizar a respiração celular e produzir ATP, a principal molécula de energia. Sem ferro suficiente, a produção de hemoglobina é prejudicada, diminuindo a capacidade do sangue de transportar oxigênio. O resultado é, essencialmente, uma “crise energética” celular, que se manifesta como fadiga, fraqueza e cansaço.
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O que é a anemia ferropriva e quais são seus principais sintomas?
A anemia ferropriva é o estágio mais avançado da deficiência de ferro, no qual os estoques do mineral no corpo estão tão baixos que a produção de glóbulos vermelhos saudáveis é comprometida. Conforme descrito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é a deficiência nutricional mais comum no mundo.
Além da fadiga e da fraqueza generalizada, os sintomas clássicos incluem:
- Palidez da pele e das mucosas (como a parte interna das pálpebras).
- Falta de ar, mesmo com esforços leves.
- Tontura ou vertigem.
- Dores de cabeça.
- Mãos e pés frios.
Quais são as melhores fontes alimentares de ferro e como otimizar sua absorção?
A forma mais segura de manter os níveis de ferro é através da alimentação. É importante conhecer os dois tipos de ferro encontrados nos alimentos e como o corpo os absorve.
Ferro heme (alta absorção)
Encontrado em alimentos de origem animal. É a forma mais facilmente absorvida pelo corpo. As melhores fontes são carnes vermelhas, fígado e outras vísceras, aves e peixes.
Ferro não-heme (menor absorção)
Encontrado em alimentos de origem vegetal. Sua absorção é menos eficiente e pode ser influenciada por outros componentes da refeição. As melhores fontes incluem leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), vegetais de folhas escuras (espinafre, couve), tofu e sementes de abóbora.
Potencializadores da absorção
O consumo de alimentos ricos em vitamina C junto com uma fonte de ferro não-heme pode aumentar drasticamente sua absorção. Por exemplo, temperar o feijão com limão ou comer uma laranja de sobremesa.
Inibidores da absorção
Compostos presentes no café, nos chás (taninos) e o cálcio dos laticínios podem diminuir a absorção do ferro não-heme. Recomenda-se consumir essas bebidas e alimentos em horários diferentes das refeições principais.
Por que a suplementação de ferro sem prescrição médica é tão perigosa?

A automedicação com suplementos de ferro é uma prática de alto risco. Ao contrário de outras vitaminas, o corpo humano não possui um mecanismo eficiente para excretar o excesso de ferro. Se consumido sem necessidade, ele pode se acumular nos órgãos, principalmente no fígado, coração e pâncreas, causando uma condição de sobrecarga de ferro.
A sobrecarga de ferro é tóxica e pode levar a danos graves nos órgãos e a doenças como a hemocromatose. Por esse motivo, a suplementação só deve ser feita quando há uma deficiência comprovada.
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Como diagnosticar e tratar a deficiência de ferro de forma segura?
A única abordagem segura e eficaz para lidar com uma possível deficiência de ferro é através da orientação profissional.
- Diagnóstico Médico: Se você apresenta sintomas como fadiga persistente, a consulta com um médico é o primeiro e indispensável passo. Através de um exame de sangue, ele poderá medir seus níveis de hemoglobina, ferritina (a proteína que armazena o ferro) e outros marcadores para confirmar ou descartar uma deficiência.
- Prescrição Correta: Se a deficiência for confirmada, o médico irá prescrever o tipo e a dose correta de suplemento de ferro para a sua necessidade específica, monitorando sua evolução.
- Orientação Nutricional: Um nutricionista é fundamental para ajudar a ajustar sua dieta, garantindo uma maior ingestão de ferro através dos alimentos e orientando sobre as melhores combinações para otimizar a absorção, prevenindo futuras deficiências.







