Em situações de nervosismo, muitas pessoas percebem que passam a piscar com mais frequência, especialmente em entrevistas de emprego, apresentações em público, conversas difíceis ou momentos de pressão. A explicação para esse aumento no piscar está ligada ao funcionamento do sistema nervoso simpático, que é ativado em situações de estresse e desencadeia uma série de reações automáticas no organismo, incluindo alterações na forma como os olhos se comportam.
O que é o sistema nervoso simpático e como ele reage ao estresse
O sistema nervoso simpático faz parte do sistema nervoso autônomo, responsável por funções automáticas do corpo, como batimentos cardíacos, diâmetro da pupila, sudorese e pressão arterial. Ele é acionado em situações de estresse físico ou emocional, dando início à resposta de “luta ou fuga”, essencial para a adaptação e a sobrevivência, como explica a pesquisa “Spontaneous eye blink rate: An index of dopaminergic component of sustained attention and fatigue”.
Nesse processo, hormônios como adrenalina e noradrenalina são liberados, deixando o organismo em estado de prontidão, com aumento da vigilância e da atenção ao ambiente. Os olhos entram nesse circuito: a pupila dilata, o padrão de piscar muda e o cérebro ajusta automaticamente essas respostas para equilibrar proteção ocular, nitidez da visão e reação rápida aos estímulos.
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do Dr. João Henrique Dupin:
@joaohenriquedupin Respondendo a @Aninha 💞 ♬ som original – João Henrique Dupin
Por que os olhos piscam mais quando estamos nervosos
O aumento da frequência de piscar em momentos de nervosismo resulta de uma combinação de fatores fisiológicos e emocionais. Com o sistema simpático ativado, o corpo entra em estado de excitação e tensão muscular, e os músculos ao redor dos olhos, responsáveis por abrir e fechar as pálpebras, também sofrem essa influência, gerando um piscar mais rápido ou irregular.
O estresse também modifica o padrão de fixação do olhar, tornando a atenção visual mais dispersa e favorecendo um piscar mais frequente, quase como uma “pausa rápida” no estímulo visual intenso. Pesquisas em neurociência indicam que o piscar se relaciona a processos cognitivos, como concentração e processamento de informações, o que ajuda a explicar por que tarefas estressantes ou de alto desempenho alteram esse padrão.
Como o piscar ajuda a lubrificar e proteger os olhos
Independentemente do estado emocional, o piscar tem a função essencial de manter a superfície dos olhos úmida, limpa e protegida. A cada piscada, uma fina camada de lágrima é distribuída sobre a córnea, formando o filme lacrimal, composto por três camadas principais: oleosa, aquosa e mucosa, que evitam o ressecamento e melhoram a qualidade da visão.
Quando a pessoa está nervosa, tende a alternar momentos de olhar fixo com períodos de piscar mais rápido. O olhar fixo reduz temporariamente a frequência de piscar e favorece leve ressecamento; em seguida, o cérebro compensa com uma sequência de piscadas mais frequentes para repor a umidade. Esse movimento também remove pequenas partículas e secreções, funcionando como uma espécie de “limpeza automática” dos olhos.
Quais fatores podem intensificar o piscar em momentos de tensão
Além do estresse em si, diversos fatores ambientais e hábitos diários podem intensificar o aumento do piscar quando a pessoa está nervosa. Esses elementos potencializam o ressecamento ocular ou a irritação, tornando os olhos mais sensíveis às mudanças emocionais e à ativação do sistema simpático.
Nesses contextos, alguns aspectos do estilo de vida merecem atenção especial, pois podem agravar a sensação de desconforto e o padrão de piscar acelerado, principalmente em pessoas com maior sensibilidade emocional ou com transtornos de ansiedade:
- Uso prolongado de telas, que reduz a frequência de piscar e favorece o ressecamento ocular.
- Ambientes secos ou com ar-condicionado, que aceleram a evaporação da lágrima.
- Uso de lentes de contato, que pode aumentar a sensibilidade à falta de lubrificação.
- Histórico de alergias oculares, que já deixam os olhos mais irritados.
- Privação de sono, que prejudica a estabilidade do filme lacrimal.

Como cuidar dos olhos e reduzir o impacto do estresse
Manter os olhos confortáveis em períodos de tensão envolve cuidados diretos com a visão e estratégias gerais de manejo do estresse. Pequenas mudanças na rotina podem ajudar a preservar o filme lacrimal, diminuir a irritação ocular e reduzir a intensidade do piscar em situações de pressão emocional ou profissional.
Algumas medidas são frequentemente recomendadas por especialistas para proteger os olhos e, ao mesmo tempo, colaborar com a regulação do sistema nervoso, trazendo mais conforto visual e bem-estar geral em momentos de ansiedade:
- Fazer pausas regulares ao usar computador ou celular, afastando o olhar das telas por alguns minutos.
- Lembrar de piscar de forma consciente em ambientes muito secos ou com ar-condicionado.
- Usar lágrimas artificiais, quando indicado por profissional de saúde, para reforçar a lubrificação.
- Manter boa hidratação ao longo do dia, o que também contribui para a qualidade da lágrima.
- Adotar técnicas de relaxamento, como respiração lenta e profunda, que ajudam a reduzir a ativação do sistema simpático.
Em geral, o aumento do piscar em momentos de nervosismo é uma resposta normal do organismo, relacionada à forma como o sistema nervoso lida com o estresse e protege os olhos. Quando o desconforto visual é intenso, persistente ou acompanhado de dor, ardência ou visão embaçada frequente, é importante buscar avaliação profissional para investigar possíveis alterações oculares ou fatores associados ao estresse prolongado.








