A busca por fontes naturais de energia e resistência para enfrentar a rotina diária é uma constante. Em meio a um vasto mercado de suplementos, os cogumelos adaptógenos, como o cordyceps, ganharam grande notoriedade. Usado por séculos na medicina tradicional chinesa, o cordyceps tem sido objeto de estudo da ciência moderna por seu potencial em otimizar a energia e a performance física.
É crucial e inegociável afirmar desde o início: a fadiga persistente é um sintoma que exige uma avaliação médica para descartar condições de saúde subjacentes. Nenhum suplemento pode ou deve substituir um diagnóstico e tratamento profissional, nem os pilares fundamentais de uma boa saúde. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a ciência diz sobre o cordyceps, seus mecanismos de ação e os cuidados indispensáveis para seu consumo.
Como o cordyceps poderia influenciar a produção de energia no corpo?

O principal mecanismo pelo qual o cordyceps parece influenciar a energia está relacionado à produção de trifosfato de adenosina (ATP). O ATP é a molécula que serve como a principal “moeda” de energia para todas as células do corpo, incluindo as musculares. A produção eficiente de ATP é fundamental para a resistência e para combater a sensação de cansaço.
Pesquisas em laboratório sugerem que os compostos do cordyceps podem aumentar a produção de ATP, essencialmente ajudando as células a se tornarem mais eficientes na geração de energia. Ao melhorar a disponibilidade de ATP, o corpo teria mais combustível para sustentar a atividade física e as funções diárias, o que poderia se traduzir em uma menor percepção de fadiga.
O que a ciência diz sobre o cordyceps e a resistência física?
O efeito do cordyceps na resistência é frequentemente ligado à sua capacidade de melhorar a eficiência do uso de oxigênio pelo corpo, um marcador conhecido como VO2 máximo. O VO2 máximo é a quantidade máxima de oxigênio que um indivíduo consegue utilizar durante um exercício intenso, sendo um indicador chave da capacidade aeróbica.
Alguns estudos clínicos em humanos, embora pequenos, mostraram resultados promissores. Uma pesquisa publicada no Journal of Dietary Supplements encontrou que a suplementação com um tipo específico de cordyceps (Cordyceps militaris) melhorou o tempo até a exaustão e alguns marcadores de resistência em adultos jovens saudáveis. No entanto, é importante notar que a pesquisa nesta área ainda está em desenvolvimento, e nem todos os estudos encontraram efeitos significativos, indicando que mais pesquisas de larga escala são necessárias.
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Além da energia, quais outros benefícios do cordyceps são investigados?
O interesse científico no cordyceps vai além da energia, explorando outras propriedades que podem contribuir indiretamente para o bem-estar geral.
Propriedades antioxidantes
O cordyceps é rico em compostos antioxidantes, que ajudam a combater o dano celular causado pelos radicais livres, um processo associado ao envelhecimento e à fadiga.
Suporte à função imunológica
Tradicionalmente, o cordyceps é usado para fortalecer o sistema imunológico. A ciência moderna investiga como seus polissacarídeos podem modular a atividade das células de defesa do corpo.
Potencial anti-inflamatório
Estudos em laboratório sugerem que o cordyceps possui propriedades anti-inflamatórias, o que poderia ajudar a reduzir a inflamação de baixo grau associada ao estresse físico e à fadiga.
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O cordyceps é seguro? Quais os cuidados e possíveis efeitos colaterais?
Embora seja geralmente considerado seguro para a maioria das pessoas quando usado em doses adequadas e por curtos períodos, “natural” não significa isento de riscos.
- Efeitos Colaterais: Os mais comuns são leves e podem incluir desconforto gastrointestinal ou boca seca.
- Doenças Autoimunes: Por seu potencial de estimular o sistema imunológico, pessoas com doenças autoimunes (como lúpus, esclerose múltipla ou artrite reumatoide) devem evitar o cordyceps, pois ele poderia agravar a condição.
- Interações Medicamentosas: O cordyceps pode interagir com medicamentos anticoagulantes e antiplaquetários, aumentando o risco de sangramento. Também pode interferir com medicamentos para diabetes, podendo baixar demais o açúcar no sangue.
A suplementação pode substituir os pilares da energia e resistência?
A resposta é um enfático e inequívoco NÃO. A base para uma energia e resistência sustentáveis não vem de um suplemento, mas sim de hábitos de vida consistentes e saudáveis. Os pilares fundamentais são:
- Sono de qualidade: A principal ferramenta do corpo para a recuperação física e mental.
- Nutrição balanceada: Fornecer ao corpo os macronutrientes e micronutrientes de que ele precisa através de alimentos integrais.
- Hidratação adequada: Essencial para todas as funções metabólicas.
- Treinamento consistente e progressivo.
A automedicação com suplementos para tratar a fadiga é uma prática perigosa. Conforme alerta o Memorial Sloan Kettering Cancer Center em sua análise baseada em evidências, é crucial a orientação profissional. A consulta com um médico para investigar a causa da sua fadiga e com um nutricionista para avaliar sua dieta e a real necessidade de suplementação é o único caminho seguro e eficaz.










