Tráfico de animais

Caso naja: onze são indiciados, incluindo policiais militares

Entre os crimes que o major do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA), Elias Costa, e o padrasto de Pedro Henrique Krambeck, Clóvis Eduardo Condi, responderão estão fraude processual e associação criminosa

Darcianne Diogo
postado em 13/08/2020 12:52 / atualizado em 13/08/2020 21:15
Segundo a polícia, Pedro Henrique dos Santos traficava cobras no DF há três anos -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Segundo a polícia, Pedro Henrique dos Santos traficava cobras no DF há três anos - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Onze pessoas foram indiciadas no caso da naja, incluindo Pedro Henrique dos Santos Krambeck, 22 anos, a mãe, a advogada Rose, o padrasto, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, o major do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA), Elias Costa, e o amigo Gabriel Ribeiro de Moura, 24. Entre os crimes que os acusados responderão estão o tráfico de animais silvestres, associação criminosa, maus-tratos, prevaricação e fraude processual.

O desfecho das investigações foi repassado durante coletiva de imprensa, promovida na manhã desta quinta-feira (13/8), na Departamento de Polícia Especializada (DPE), pelos delegados da 14ª Delegacia de Polícia (Gama).

Durante esse período, a polícia colheu vídeos, fotos e documentos que comprovaram que Pedro Henrique vendia as serpentes. “Não se trata de um colecionador, mas de um traficante. Ele trazia as cobras de viagens para outros estados do país e há diálogos nas redes sociais que mostram ele negociando a venda. Uma dessas vendas, inclusive, foi feita no Gama, e se tratava de um filhote de uma cobra nigritus, que custou R$ 500”, detalhou o delegado Willian Andrade.

Mensagens de Whatsapp coletadas pela polícia revelaram negociações de Pedro com os compradores, valores dos filhotes das cobras e informações sobre as serpentes. Segundo as investigações, ele guardava, ainda, vários camundongos no freezer, que serviam de alimento para as serpentes.

Em um documento a qual o Correio teve acesso, a mãe de Pedro alegou que não sabia da existência de serpentes no apartamento. Contudo, ficou comprovado que ela era a responsável por alimentar os animais e cuidar da reprodução. O padrasto dele, o tenente-coronel da PMDF, foi indiciado 22 vezes por tráfico de animais silvestres. “A conduta que ele tinha, também, era de dar o suporte financeiro e material para que a residência servisse de cativeiro”, disse o investigador.

Imagens das câmeras de segurança do condomínio onde Pedro mora com a família, no Guará 2, registraram o momento em que o padrasto sai do local carregando caixas com cobras. De acordo com a apuração policial, após o incidente, a família teria acionado Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro, para ajudar na ocultação das cobras. “Ele foi chamado para ‘resolver o problema’. Então, ele esconde essas cobras no Núcleo Rural de Planaltina e em outros locais. Até em casa de amigos, também foi ocultado serpentes”, disse o delegado.

Indiciamentos
O tenente-coronel responderá por tráfico de animais, fraude processual, maus-tratos e associação criminosa. A mãe, Rose Meire dos Santos, responde por fraude processual, corrupção de menores, tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa.

Em 30 de julho, o Correio teve acesso às mensagens trocadas entre uma professora de medicina veterinária e um estudante. Nas conversas, a docente sugere que o interlocutor jogue as cobras no mato. A mulher, identificada como Fabiana Sperb Volkweis, foi indiciada por fraude processual. O Correio revelou que ela integrava a Câmara Técnica de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF), mas foi afastada devido à repercussão do caso

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