TRÁFICO DE ANIMAIS

Traficantes de animais planejavam procriar serpentes no DF; naja está entre elas

Diálogos mostram a intenção de Pedro Henrique em procriar serpentes no DF, dentre elas a que o picou. A Polícia Civil indiciou o jovem e outras 10 pessoas pelo esquema ilegal de compra e venda de animais silvestres e exóticos

Walder Galvão
postado em 15/08/2020 07:00
 (crédito: Ivan Mattos/Zoologico de Brasilia - 11/7/20)
(crédito: Ivan Mattos/Zoologico de Brasilia - 11/7/20)

Acusado de participar de um esquema ilegal de tráfico de animais silvestres desde 2017, o estudante Pedro Henrique Krambeck Lehmkhul, de 22 anos, planejava reproduzir cobras no Distrito Federal, dentre elas a cobra naja kaouthia, que o picou em 7 de julho. Agentes da 14ª Delegacia de Polícia (Gama) encontraram um diálogo em um dos celulares apreendidos com os suspeitos, que mostra a intenção do jovem de procriar os répteis.

Nas conversas obtidas pelos investigadores, uma pessoa entra em contato com Pedro e questiona se ele teria interesse em vender a cobra. Em resposta ao interlocutor, o acusado de tráfico de animais informa que a ideia era reproduzir o animal. Na quinta-feira, a Polícia Civil já havia concluído que o jovem não era apenas um colecionador de serpentes, mas que ele comprava os bichos de outras unidades da Federação para revender e ganhar dinheiro.

Além de Pedro, os agentes indiciaram outras 10 pessoas por tráfico, associação criminosa, maus-tratos, prevaricação e fraude processual. Entre os envolvidos, estão o padrasto e a mãe do jovem. A família, caso condenada, pode cumprir pena de 30 anos de prisão e os demais suspeitos podem ficar presos de seis a oito anos. Há indícios de que a mãe do jovem, a advogada Rose Meire dos Santos, ajudava na procriação dos bichos.

De acordo com a apuração policial, a mulher era responsável por alimentar as serpentes com camundongos. Os animais ficavam congelados no freezer da geladeira e havia outros vivos na área de serviço na residência da família, no Guará 2. Além disso, ela cuidava para que acontecesse a reprodução deles, conforme apurou a 14ª Delegacia de Polícia (Gama).

Ao Correio, o delegado à frente do caso, Willian Andrade, confirmou que o diálogo de Pedro sobre o interesse de reproduzir cobras estava sob avaliação dos investigadores.

Investigação


Os agentes concluíram que, além de Pedro, a mãe e o padrasto, o tenente-coronel da Polícia Militar Clóvis Eduardo Condi, participavam do esquema. O ex-comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) Joaquim Elias Costa Paulino, uma professora de medicina veterinária da faculdade Uniceplan, onde Pedro Henrique estudava, e amigos dele também foram indiciados.

Pedro foi preso pela investigação da Polícia Civil em 29 de julho. Entretanto, a justiça concedeu habeas corpus ao jovem dois dias depois. Gabriel Ribeiro, amigo de Pedro, também foi preso pelos policiais em 22 de julho e solto no mesmo dia que o colega. A suspeita é de que ele tenha ocultado os animais após o início das investigações.

Internação


O caso veio à tona apenas quando Pedro foi picado pela naja, em 7 de julho. Ele permaneceu internado no Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, e o soro antiofídico necessário para o tratamento do veneno precisou ser importado do Instituto Butantan, em São Paulo. O acusado por tráfico de animais chegou a ficar em coma e passar por hemodiálise, entretanto, em 13 de julho, ele deixou a unidade de saúde e voltou para a casa.

Após o acidente, os policiais deram início às investigações e descobriram o esquema criminoso. Ao todo, os agentes apreenderam 23 cobras em posse do estudante. Alguns dos animais, como a naja, precisaram ser encaminhados para o Instituto Butantan, em São Paulo.

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