Pandemia

Covid-19: Após mais de cinco meses, em que estágio está o DF?

Óbitos causados pelo coronavírus estacionaram em patamar alto, mas a transmissão da covid-19 parece estar em queda após mais de cinco meses da chegada da epidemia ao DF

Celimar de Meneses*
postado em 26/08/2020 17:00 / atualizado em 26/08/2020 17:00
A previsão de alguns especialistas é que, até sábado (29/8), o DF viva o pico de mortes por coronavírus -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 14/5/20)
A previsão de alguns especialistas é que, até sábado (29/8), o DF viva o pico de mortes por coronavírus - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 14/5/20)

Desde a segunda semana de agosto, o Distrito Federal estacionou no pico de média de mortes por semana causados por covid-19, afirmam especialistas da área da saúde. A previsão é que ele dure até semana que vêm. Desde a terceira semana de julho, o DF vivia o ápice no diagnóstico de novos casos do vírus, mas as transmissões parecem ter desacelerado, o que indica uma diminuição da quantidade de novos casos da doença. No entanto, os especialistas afirma que ainda não é a hora de relaxar as medidas de prevenção.

“Nossa previsão foi de que até o dia 29 [deste mês] teríamos o pico de óbitos. Ainda estamos atravessando esse pico de mortes”, afirma o pesquisador Paulo Angelo Resende, da Associação GigaCandanga e um dos coordenadores do Observatório PrEpidemia da Universidade de Brasília (UnB). “Realmente passamos o pico de infectados, de quantas pessoas estão infectadas simultaneamente pelo vírus”, diz o especialista.

Paulo explica que as previsões só valem caso as condições se mantenham. Mudanças de contenção da população, como volta às aulas presenciais, podem mudar a taxa de reprodução da covid-19, fazendo com que a doença volte a subir. Em relação à média de óbitos na capital, preocupa que ela se estabilize justamente no ponto mais alto da curva. “Se nós simplesmente achatamos a curva, resolve o problema dos hospitais, o número de internações não sobe, mas, no fim, o número de óbitos não reduz significativamente”, conclui.

Para o professor do Departamento de Saúde Coletiva da UnB e integrante da Sala de Situação da instituição, Mauro Niskier Sanchez, o DF estacionou num nível muito alto de casos e óbitos por coronavírus, enquanto já retomou as atividade econômica e discute uma possível volta das escolas. Para o pesquisador, não estamos fazendo pressão suficiente para que o chamado platô decresça.

“Todas as curvas mostram que não temos conseguido uma diminuição sustentada dos níveis de transmissão da comunidade como um todo”, afirmou. O pesquisador comentou indicadores da Secretaria de Saúde (SES) que podem mostrar uma diminuição da doença. No entanto, a mudança na forma da contagem dos óbitos resulta em mais tempo para que os números se consolidem.

Na quarta-feira da semana passada (19/8), o Governo do Distrito Federal (GDF) mudou a forma de apresentar os dados de mortes por coronavírus no DF. Agora, os óbitos que não entrarem no boletim diário da secretaria passam a ser contabilizados no boletim epidemiológico nas respectivas datas de ocorrência, depois de confirmado o diagnóstico da covid-19. Isso faz com que os dados levem mais tempos para se consolidar.

“Levando isso em consideração, será que podemos ver uma melhora agora? A situação ainda é preocupante e não vai embora num futuro tão imediato. Para não piorar a situação, não dá pra abrir indiscriminadamente todos os setores”, afirmou Sanchez.

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