Há um ano, a soldado Marizelli Armelinda Dias era atingida por uma árvore enquanto combatia incêndio em vegetação na QNL 02, em Taguatinga. A morte da soldado emocionou os colegas de corporação e todo o DF. De lá pra cá, Marizelli ainda é um exemplo para os companheiros e é lembrada pela família como uma mulher de força de vontade, foco e muita alegria.
“Ela faz muita falta no dia a dia, porque era luz aqui de casa”, conta a irmã mais velha de Marizelli, Mariza Aparecida Dias, 34 anos. “Ela sempre foi determinada em tudo que ela se propunha a fazer.”
A irmã lembra do esforço de Marizelli para entrar para os bombeiros. “Para entrar na corporação, ela precisou superar um trauma que tinha de água, porque quase se afogou quando tinha 5 anos de idade. Sem falar que tinha um problema no joelho que ela precisou tratar para aguentar os exercícios”, contou a irmã.
Um bombeiro que se formou com Marizelli e atuou no mesmo batalhão da soldado destacou a determinação da amiga. “Ela passou por muito perrengue durante o curso, porque tinha dificuldade na natação, mas treinou dobrado, triplicado e conseguiu se formar. Sempre elevava a moral da tropa quando o pessoal ficava cabisbaixo”, contou.
Ele afirma que Marizelli era a primeira a se aprontar quando acontecia alguma ocorrência e também a primeira a entrar na viatura para atender ao chamado. “Foi inspiração para todos nós que nos formamos com ela e tivemos a honra e o privilégio de conviver. A forma de homenagear é nunca se esquecer e trabalhar com cada vez mais e manter o padrão que ela estabeleceu”, concluiu.
Mariza conta que, meses antes de morrer, a irmã viveu o primeiro momento de risco junto aos bombeiros. “Ela disse que eles estavam combatendo chamas muito altas e densas, e os amigos estavam receosos de entrar no fogo e o comandante entrou primeiro, sozinho. Ela decidiu entrar no fogo junto e falou para o comandante que o que acontecesse com ele aconteceria com ela”, narrou a irmã da bombeira.
Família
Pouco antes de morrer, Marizelli fez um esforço para reunir toda a família para um churrasco. “Todos ficaram impressionados, porque nossa família é grande e todos são muito ocupados com o trabalho”, explicou Mariza.
A irmã conta que esse encontro familiar todos estavam felizes e eufóricos, cantavam músicas, conforme o gosto de Marizelli. “Decidimos que todos os anos vamos fazer essa reunião familiar na mesma data, como uma forma de homenagear a minha irmã.”
“Ainda hoje eu não tenho nem palavras para falar. Lembro-me muito dela, ela era amada, uma pessoa que não existia, até hoje não me acostumei. Queria fazer uma homenagem amanhã [hoje], celebrar uma missa para ela, chamar os bombeiros e cantar as músicas que ela mais gostava, mas eu não tive força”, contou a mãe da bombeira, Conceição Aparecida Dias, conhecida como Dona Cida.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
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