CLIMA

Seca e calor castigam o Distrito Federal; tempo deve mudar a partir de segunda

Estiagem deve durar, pelo menos, até o próximo dia 21. Umidificadores, toalhas molhadas e ventiladores tornam-se alternativas para amenizar a quentura e a baixa umidade do ar, desta época do ano. Ontem, a capital chegou a 115 dias sem chuvas

Samara Schwingel
postado em 18/09/2020 06:00
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

O Distrito Federal completou 115 dias sem chuvas, ontem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a situação só deve mudar a partir de 21 de setembro, quando a massa de ar quente que está sobre a região da capital federal perderá a força. Até lá, o brasiliense precisa encontrar formas de amenizar os efeitos da estiagem na saúde e no bem-estar. As soluções vão desde as medidas mais tradicionais, como o uso de umidificadores, até as mais peculiares, como o uso de toalhas úmidas no pescoço.

Inez Mauricia Pereira, 82 anos, mora no DF desde 1975. Ela conta que, sempre nesta época do ano, tem problemas relacionados ao clima quente e seco. “Meus olhos ficam secos, e as pernas começam a doer. Tenho algumas tosses e dores de cabeça, também”, relata. A aposentada sente cansaço extremo e isso a atrapalha nas tarefas do dia a dia. “Neste período, fico com mais sono e mais indisposta. Tenho dificuldades para realizar coisas simples, como arrumar a casa e lavar a louça”, afirma.

Para tentar driblar os efeitos da estiagem na saúde, a moradora do Núcleo Bandeirante aposta em soluções caseiras aliadas a orientações médicas. “Costumo pegar uma toalha úmida, passá-la nos braços e pernas e, depois, deixá-la no pescoço. Funciona para amenizar a sensação de calor”, avalia. “Tenho alguns problemas no pulmão e, por isso, sofro com o ar abafado. O médico indicou-me o aparelho para controlar um pouco a situação”, completa.

Segundo a meteorologista do Inmet Andrea Ramos, o dia mais quente de 2020, até o momento, foi em 11 de setembro, quando os termômetros marcaram 33,1ºC. Ao longo desta semana, o cenário não deve ser diferente. A previsão é de que as máximas fiquem entre 30ºC e 32ºC até este domingo. Andrea explica que estas características costumam durar até meados de setembro. “Apesar disso, não é uma máxima, esse período pode se estender ou ser mais curto a depender do ano”, diz. Ela destaca que o recorde de estiagem no DF foi registrado em 1963. “Naquele ano, de acordo com os arquivos, a cidade ficou 164 dias sem chuvas”, completa.

Expectativas

A baixa umidade do ar é outra característica do inverno no DF que incomoda o brasiliense. Ontem, a mínima chegou a 22%. Tamine de Almeida, 28, é professora e está trabalhando em casa desde o início da pandemia. Ela conta que o ar seco é um incômodo na hora de ministrar as aulas. “Sinto cansaço, indisposição. Preciso trazer o computador para perto da janela ou do ventilador”, relata. Ela está ansiosa para que as precipitações voltem a acontecer. “Há tempos, estou esperando uma frente fria ou uma chuva para refrescar um pouco. Não vejo a hora”, diz.

A expectativa de chuva anima a estudante Nathália de Souza, 22. Ela mora na Asa Norte e sofre com a baixa umidade do ar e o calor excessivo. Para amenizar os efeitos do clima, Nathália gosta de ir ao Parque da Cidade. “Em casa, sinto-me presa e parece que o ar não circula. É cansaço e moleza o dia inteiro, não tem como. Por isso, gosto de sair um pouco e tomar uma água de coco para hidratar”, explica. Mesmo assim, a estudante diz que sente os efeitos da seca. “Estar ao ar livre melhora um pouco, mas, a única coisa que poderia ajudar, de verdade, é a chuva. Estou ansiosa por este momento”, finaliza.

Ranking de estiagem no DF

Confira a lista de períodos mais longos sem chuvas na capital federal. Este ano, caso as precipitações ocorram apenas na próxima segunda-feira (22/9), 2020 pode ocupar a 9ª colocação de ano mais seco.

1º 1963 (164 dias)

2º 1970 (135 dias)

3º 1966 (131 dias)

4º 2010 (130 dias)

5º 2017 (127 dias)

6º 1995 (126 dias)

7º 2007 (125 dias)

8º 2008 (123 dias)

9º 1991 (117 dias)

10º 2020 (115 dias)

11º 2019 (113 dias)


Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)

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  • Nathália busca sempre se hidratar e curtir o ar livre para fugir do calor
    Nathália busca sempre se hidratar e curtir o ar livre para fugir do calor Foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press
  • Em home office, a professora Tamine de Almeida sofre com o ar seco na hora de dar aulas
    Em home office, a professora Tamine de Almeida sofre com o ar seco na hora de dar aulas Foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press

Palavra de especialista

Dois litros de água por dia


Nesta época do ano, na seca, é preciso tomar cuidado com a hidratação. O ideal é que cada pessoa tome, pelo menos, dois litros de água por dia. A ingestão de frutas e legumes pode auxiliar a atingir essa meta de hidratação. Como está muito seco, o ideal é evitar ambientes com ar-condicionado. Caso não seja possível, lembrar de beber ainda mais água e utilizar umidificadores. Para a pele seca, sempre indico o uso de hidratantes neutros; para os olhos, colírios de hidratação para amenizar a irritação. Importante lembrar que são colírios conhecidos como “lágrimas artificiais” apenas para hidratação.

Marcos Pontes, médico clínico do grupo Santa

Registre a primeira chuva

Participe deste momento tão esperado pelos brasilienses e registre a primeira chuva após mais de 100 dias de seca no DF. Poste a foto e marque com a hashtag #ChuvaNoDF. As melhores imagens serão repostadas nas redes sociais do Correio Braziliense! Venha, chuva!

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