Investigação

Naja: Ministério Público Militar investigará crimes de prevaricação e fraude

A Justiça determinou o compartilhamento de provas colhidas no âmbito da Operação Snake, que apurou um esquema de tráfico de animais, com o MPM

Darcianne Diogo
postado em 30/09/2020 12:59
Pedro foi preso em 29 de julho, mas foi solto dois dias depois. Caso veio à tona quando ele foi picado pela naja -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
Pedro foi preso em 29 de julho, mas foi solto dois dias depois. Caso veio à tona quando ele foi picado pela naja - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O juiz da 1ª Vara Criminal do Gama, Manoel Franklin Fonseca, determinou o compartilhamento do inquérito policial, que apurou o envolvimento de Pedro Henrique Krambeck, da mãe, padrasto, amigos e policiais militares em um esquema de tráfico de animais silvestres, com o Ministério Público Militar (MPM). O esquema ilegal foi descoberto após o estudante de medicina veterinária ter sido picado por uma cobra naja, em 7 de julho.

As provas colhidas ao longo da Operação Snake, conduzida pela 14ª Delegacia de Polícia (Gama), serão enviadas ao MPM para que o órgão apure possíveis crimes de prevaricação e fraude processual praticadas pelo então oficial do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), Joaquim Elias Costas Paulino, e por Cristiano Dosualdo Rocha, bem como outros militares da unidade. A suspeita é de que os policiais tenham agido para beneficiar Pedro Henrique e o padrasto dele, o tenente-coronel da PMDF Clóvis Eduardo Condi, indiciado 23 vezes por tráfico de animais, maus-tratos fraude processual e associação criminosa.

O juiz entendeu que é possível que os elementos de informação colhidos no âmbito da investigação preliminar conduzida pela autoridade policial da 14ª DP sirvam ao esclarecimento dos fatos investigados no inquérito policial militar.

Participação

À época dos fatos, os policiais chegaram a ser afastados das atividades externas e, agora, atuam em funções administrativas na corporação. Segundo as investigações, em 9 de julho, dois dias após Pedro Henrique ter sido picado, Gabriel Ribeiro de Moura, 24 anos, amigo dele, tentou ocultar a serpente. Em depoimento à Polícia Civil, o jovem afirmou que entregou a cobra aos militares, tendo em vista ‘um acordo de impunidade’. Na versão do jovem, o policial havia garantido que não o levaria à delegacia. O major foi indiciado por fraude processual, prevaricação, associação criminosa e coação no curso do processo.

Investigações concluíram, ainda, que o tenente-coronel Clóvis Eduardo Condi teria dado suporte financeiro e material para que a residência servisse de cativeiro para as cobras. Ele foi visto saindo do condomínio onde mora, no Guará 2, com diversas caixas de serpentes logo após o enteado ser picado.
Além disso, a mãe de Pedro Henrique, a advogada Rose Meire dos Santos responderá por fraude processual, corrupção de menores, tráfico de animais, maus-tratos e associação criminosa. No esquema, ela era encarregada de alimentar as serpentes e cuidar da reprodução.

Pedro Henrique chegou a ficar preso na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) por dois dias por atrapalhar as investigações, mas foi liberado. Agora, todos os envolvidos, incluindo o estudante, aguardam a sentença do juiz.

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