Crime

Estuprador do Parque atacava homens no intervalo do trabalho

João Batista Alves Bispo, 41 anos, morava em Planaltina e trabalhava como cozinheiro em um restaurante da 405 Sul. Discreto na comunidade, vizinhos relataram que o criminoso não mantinha contato com ninguém e nem recebia visitas em casa

Darcianne Diogo
postado em 08/10/2020 18:31 / atualizado em 08/10/2020 18:37
A polícia divulgou fotos do acusado e pede que outras vítimas denunciem -  (crédito: PCDF/Divulgação)
A polícia divulgou fotos do acusado e pede que outras vítimas denunciem - (crédito: PCDF/Divulgação)

Sem contato com os vizinhos, João Batista Alves Bispo, 41 anos, conhecido também como o “Tarado do Parque”, mantinha uma vida discreta. O criminoso, preso na manhã desta quarta-feira (7/10) pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), trabalhava como cozinheiro em um restaurante na Asa Sul e morava em Planaltina.

As investigações, conduzidas pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), revelaram que o criminoso operava de maneira parecida junto às pessoas que frequentavam o Parque da Cidade à noite: ele dopava as vítimas — sempre do sexo masculino, com idades entre 25 e 40 anos — com “Boa Noite, Cinderela” nas bebidas, estuprava e roubava os pertences. Estima-se que, até o momento, 11 pessoas tenham sido vítimas do autor, em um período de 2008 e 2020. Na tarde desta quinta-feira (8/10), após a repercussão do caso, um mineiro procurou a unidade policial e denunciou o autor por furto.

Segundo a apuração policial, João Batista não conversava com os vizinhos e, atualmente, trabalhava como cozinheiro em um restaurante da 405 Sul. O delegado da 1ª DP Maurício Iacozzilli afirmou que, em alguns casos, o criminoso chegou a abusar das vítimas no horário de almoço e depois do expediente. “Varia por ocorrência. Ele trabalhava pela manhã e `tarde no local e aproveitava dos horários de folga para cometer os delitos”, disse.

Durante o interrogatório, João Batista tentou negar os delitos, imputando-os a um suposto amigo. Contudo, de acordo com o delegado, as investigações demonstraram que a tal pessoa não existe. “Ele não soube explicar como os pertences das vítimas estavam em sua casa e disse que os remédios foram ali deixados por este tal amigo. Os vizinhos chegaram a relatar que ele nunca recebeu visitas, saía às 5h da manhã de casa e retornava após as 23h, sempre sozinho”, detalhou o investigador.


Casos


Ao menos 11 pessoas relataram ter sido vítimas do estuprador. O primeiro caso teria ocorrido em 2008, em Planaltina, mas a vítima só registrou boletim de ocorrência este ano. Em depoimento, o rapaz afirmou que pediu ajuda ao acusado para realizar a mudança de móveis do apartamento. No local, João Batista agrediu e abusou sexualmente da vítima. À época, o rapaz tinha 16 anos.

Dois anos depois, o autor tentou estuprar um homem no Estacionamento 3 do Parque da Cidade, mas a vítima lutou e fugiu. O rapaz só registrou boletim após a repercussão do caso na imprensa. Em 2013, um jovem com deficiência mental foi vítima do criminoso. Segundo o relato, João teria prometido R$ 1 mil em troca de sexo. A mãe do garoto, no entanto, descobriu e denunciou o caso à polícia.

O acusado começou a dopar os homens com a substância química em 2017, segundo as investigações. A primeira vítima foi um jovem de 18 anos. A 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) instaurou um inquérito, mas a vítima renunciou e não quis dar prosseguimento ao processo. No ano seguinte, o criminoso usou a droga para dopar outro homem, de 22 anos, mas o jovem também preferiu não dar continuidade à ação penal.

Neste ano, ele cometeu outros cinco crimes. O mais recente aconteceu em 10 de agosto. Um homem procurou a 1ª DP ainda na tarde desta quinta-feira, após a repercussão do caso. Ele relatou aos policiais que estava no Parque da Cidade, sentado em um banco, quando o autor se aproximou e lhe disse que estava triste pois era seu aniversário e estava sozinho. Após as conversas, criminoso perguntou se a vítima não queria "tomar uma" com ele. O rapaz aceitou, segundo apontaram as investigações. O homem desacordou e foi encontrado apenas no dia seguinte pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que o socorreu. A vítima alegou que não foi abusado, mas teve o celular furtado.

Denuncie

A polícia pede para que, quem reconhecer João Batista como autor de outros crimes, denuncie à PCDF pelo telefone 197.

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