Religião

"Vou com com o coração aberto", diz novo Arcebispo de Brasília

Em entrevista ao Correio, Dom Paulo Cezar compartilha as expectativas para a nova missão confiada pelo papa Francisco

Ana Maria da Silva*
postado em 22/10/2020 14:27 / atualizado em 22/10/2020 14:27
 (crédito: Reprodução/ Diocese de São Carlos)
(crédito: Reprodução/ Diocese de São Carlos)

Por meio de uma nunciatura apostólica, a vida de Dom Paulo Cezar Costa seguiu novos rumos. Carioca natural de Valença, o religioso carrega em si 53 anos de muita fé e grandes aprendizados, e poderá desfrutar de mais uma missão a partir de dezembro, mês previsto para sua posse como novo arcebispo de Brasília. “O papa me pede pra partir e eu, com liberdade no coração, disse ‘sim’. Sempre ouvi, na voz dos superiores, a voz de Deus, e, através do pedido do papa, vejo um novo projeto de Deus para mim, agora nessa grande, jovem e desafiadora cidade que é Brasília”, diz, em entrevista ao Correio.

Nomeado bispo pelo papa Bento XVI em 24 de novembro de 2010 e ordenado em 5 de fevereiro de 2011, em sua cidade natal, Dom Paulo escolheu como lema de sua ordenação episcopal a frase “Tudo suporto pelos eleitos”. Ele diz que pretende doar o melhor de si para alcançar esse objetivo também em Brasília. “Vou com a disposição de dialogar com os poderes executivo, legislativo e judiciário, e com a disposição de construir aquilo que papa Francisco chama de a cultura do encontro”, ressalta.

Graças aos ensinamentos do sumo sacerdote, o novo arcebispo diz que enxerga no diálogo a chave para a solução dos grandes problemas enfrentados hoje pela a sociedade. “Ele sempre diz que através do diálogo é possível construir pequenos e grande projetos de uma vida em sociedade. Todos ganham quando uma sociedade dialoga, quando os diversos atores de uma sociedade são capazes de sentar juntos. Vou com a disposição de construir a cultura do diálogo, do encontro com a sociedade, e de ser presença do bom pastor do nosso amado povo, dos católicos da diocese de Brasília", garante.

Expectativas

A empolgação pela nova etapa da jornada eclesiástica é consequência das grandes experiências adquiridas ao longo dos anos. “Levo comigo uma bagagem”, avisa. Dom Paulo Cezar foi pároco em diferentes igrejas de sua cidade natal e estudou em Roma. Tornou-se vice-presidente do comitê organizador da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, em 2013, quando teve a oportunidade de conviver com o sumo pontífice. Em 2016, tornou-se bispo de São Carlos (SP), quando administrou cerca de 120 paróquias, com 149 padres e aproximadamente um milhão de fiéis.

Agora, faz as malas para ser recebido pela capital federal. O intuito, segundo o religioso, é conduzir a arquidiocese com reverência. “Eu pretendo entrar na diocese de Brasilia com muito respeito. É uma igreja jovem, mas que já possui sua tradição, que tem uma caminhada. Então, pretendo conhecer, encontrar as pessoas, pastorais, movimentos e instituições”, diz. Para isso, o religioso diz que contará com a ajuda de sua “bagagem”, como ele mesmo diz. “É claro que levo também toda uma bagagem comigo. Uma experiência que eu tive na universidade, no meio acadêmico, na minha diocese de origem e que tive agora em São Carlos. Vou com a disposição de também dar algo”, ressalta.

Ao ser questionado quanto à maneira que pretende conduzir a igreja de Brasília, Dom Paulo diz que pretende seguir o exemplo de papa Francisco. “Vou com o intuito de fazer aquilo que ele [papa Francisco] tem pedido para a igreja. De fazer com que a igreja Brasília - que já é viva - seja cada vez mais uma igreja missionária, evangelizadora. Que vá ao encontro das periferias urbanas e das periferias existenciais. Uma igreja que vá ao encontro de todos”, explica.

Momento de espera

Aos fiéis brasilienses, o sacerdote deixa uma mensagem de esperança: “Peço que me esperem em uma atitude de oração, de abertura. Vou com o coração aberto, disposto a entrar na vida desta igreja com muito respeito. Vou na disposição de ser bom pastor pra vida desse povo, com a disposição de encontrar os diversos setores da vida dessa cidade, das cidades satélites. E de também ouvir e dar a minha contribuição. De caminharmos juntos para que assim possamos construir pequenos e grandes projetos”, diz.

Com humildade, Dom Paulo pede: “Vou com o coração aberto e peço que também me acolham com o coração aberto. Eu acredito muito na força da oração, então me esperem pedindo a Deus que eu possa ser presença do bom pastor na vida dessa diocese, desse povo. Pedindo que eu possa realizar a vontade de Deus”, solicita.

Despedida

Já com saudades da então cidade que o acolheu ao longo dos últimos quatro anos anos, Dom Paulo garante que, independentemente da distância física, o coração sempre irá lembrar de São Carlos. “Eu amei São Carlos e fui amado pelo clero, pelo povo. Construí um relacionamento bonito com as autoridades, com os poderes constituídos, um relacionamento de respeito. Todos continuarão no meu coração depois que partir para Brasília. Rezarei sempre por eles”, afirma.

Apesar da saudade, o religioso garante entrega e doação a sua nova missão. “Quando eu vou, vou por inteiro. Mas as saudades, as amizades, a vasta experiência que eu adquiri aqui [em São Carlos] continuarão comigo. Espero que o que construímos ao longo destes anos engrandeça a igreja de São Carlos. Vou com totalidade para me doar com totalidade na vida dessa grande e jovem igreja de Brasília”, despede-se.

 

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