VIOLÊNCIA

Laudo indica que japonesa foi assassinada com golpe na cabeça

Análise pericial apontou que Hitome Akamatsu não foi estrangulada, segundo depoimento do acusado. Ele será interrogado novamente. Crime aconteceu em 10 de novembro. O corpo da vítima foi localizado no último domingo (15/11)

Sarah Peres
postado em 20/11/2020 16:27 / atualizado em 20/11/2020 16:28
Hitome Akamatsu, de 43 anos, foi encontrada morta no último domingo (15/11) -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Hitome Akamatsu, de 43 anos, foi encontrada morta no último domingo (15/11) - (crédito: Material cedido ao Correio)

O laudo pericial do corpo da japonesa Hitome Akamatsu, 43 anos, apontou que a média morreu por traumatismo craniano. A análise demonstra inconstâncias no depoimento do suspeito de latrocínio (roubo com assassinato), Rafael Lima da Costa, 18, que será intimado novamente a prestar esclarecimentos à Polícia Civil. Conforme noticiado pelo Correio em primeira mão, o crime aconteceu em 10 de novembro, em uma cachoeira da Casa de Dom Inácio Loyola, em Abadiânia (GO). Mas, o agentes de segurança localizaram o corpo da estrangeira no último domingo (15/11).

De acordo com a delegada Isabella Joy, chefe da Delegacia de Abadiânia, o material mostra que “a vítima faleceu pela ação contundente do acusado. Isso é o contrário do que ele disse em depoimento. Aguardamos o segundo laudo solicitado, de lugar, e assim, iremos questionar o suspeito sobre as divergências”, adianta.

O laudo de lugar poderá apontar se Hitome sofreu alguma outra violência. A previsão inicial é de que o inquérito policial do caso seja entregue à Justiça na próxima quarta-feira (25/11). Rafael está preso preventivamente na Unidade Prisional de Anápolis (GO), conforme determinação da Justiça.

Morte em cachoeira

Hitome Akamatsu foi atacada por Rafael da Costa enquanto tomava banho de cachoeira, no centro místico onde João de Deus atuava antes de ser preso. O acusado relatou em depoimento, na Delegacia de Abadiânia, que, no dia do crime, um grupo de oito homens teria invadido a residência dele, cobrando o pagamento da dívida de drogas. O jovem não quis informar aos agentes os nomes dos supostos traficantes.

Rafael saiu de casa de bicicleta e deixou o veículo em um terreno baldio, próximo à Casa de Dom Inácio Loyola, no Bairro Lindo Horizonte. Posteriormente, o acusado seguiu para a cachoeira. Segundo o depoimento do acusado, ele viu uma mulher tomando banho em uma cachoeira (Hitome) e os pertences próximos. Ao revistar os pertences, sem que a vítima percebesse, não encontrou nada de valor. Se aproximou dela e notou que ela não falava português. Acreditando que seria denunciado e resolveu matá-la.

O depoimento foi disponibilizado em autos do processo do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e indicam como o investigado afirmou ter matado a médica japonesa. “A vítima o empurrou e saiu. O interrogado (Rafael) retirou a camisa e passou pelo pescoço da vítima, enforcando-a. Ela desmaiou e, mesmo assim, continuou apertando. O suspeito soltou a vítima e aguardou por cinco minutos, quando percebeu que ela havia morrido. Colocou a vítima nos ombros e a jogou em uma vala de enxurrada, enterrando-a com pedras, pois desejava que o corpo não fosse achado”, conta no documento.

Fuga com roupas da médica

O acusado deixou a cachoeira com os pertences da médica: uma bermuda leggin, uma saia, uma camiseta e um colchonete azul. Ao sair da Casa Dom Inácio, um segurança do local viu Rafael, parando-o. O funcionário questionou o que o jovem estava fazendo no centro. O suspeito afirmou que havia “ajudado um povo a recolher um gado e que teria ido a cachoeira para tomar banho.”

Após sair do centro místico, Rafael foi a uma construção abandonada e, ali, teria encontrado uma garrafa pet com gasolina. Ele teria utilizado o combustível para atear fogo nos pertences da vítima, com exceção da blusa — a vestimenta foi descartada em um contêiner, em frente a um estabelecimento local.

Ao considerar a materialidade do crime e a versão do acusado, o juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende decidiu mantê-lo detido para garantir a ordem pública. “Tendo em vista a periculosidade do conduzido, consubstanciada na gravidade concreta dos fatos, sendo a vítima violentamente agredida, com resquícios de crueldade, sem chance de defesa, sendo o corpo da vítima localizado coberto por terra e pedras, crime este praticado, ao que indicam os indícios preambulares, por motivos insignificantes e desprezíveis”, analisou.

Segundo ataque

Conforme noticiado pelo Correio, uma outra estrangeira teria sido atacada em Abadiânia, na mesma semana em que aconteceu o assassinato da médica Hitome Akamatsu. Em depoimento a policiais da delegacia local, Rafael confessou ter tentado roubar outra mulher.

“Há alguns dias, no Bairro Lindo Horizonte, tentou roubar uma mulher, quando notou que ela não falava português. A mulher reagiu e lhe aplicou um golpe de judô, jogando-o ao chão. Depois, correu e fugiu da área”, consta no texto do depoimento colhido pela Delegacia de Abadiânia.

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