Um estudo divulgado nesta sexta-feira (11/12) concluiu que 24% da população do Distrito Federal já foi infectada pelo novo coronavírus. Com isso, o número real de casos de covid-19 no Distrito Federal pode ser três vezes maior do que o divulgado. A porcentagem é a maior entre as unidades da federação, empatado com o Rio de Janeiro. Nos últimos sete dias, o DF teve 186 casos novos para cada 100 mil habitantes.
Trata-se da pesquisa feita, desde o início da pandemia, por professores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), e Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Os pesquisadores fazem o alerta para o número de reprodução básico em cada estado. Apenas o Acre teria o fator R0 abaixo de 1. Todas as demais unidades da federação apresentaram valor maior, o que indica uma segunda onda da doença. Valores abaixo de 1 indicam que a pandemia está contida, e, maiores, mostram que há uma expansão.
Tarcísio Rocha Filho, físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento da UnB e um dos pesquisadores participantes do levantamento, avalia o momento como preocupante. "No mundo foi assim e, quando veio a segunda onda, foi pior, porque as pessoas relaxaram, criando condições para isso acontecer”, avalia. “A situação se deteriorou de vez. Aqui no DF, tivemos cerca de 80 casos novos para 100 mil habitantes por semana para cada 100 mil habitantes. Hoje são da ordem de 180."
Os estudiosos envolvidos buscaram dados dos boletins epidemiológicos oficiais e consideraram números não contabilizados, o que foi possível graças aos registros de óbitos, onde a subnotificação é menor.
A partir do levantamento de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principal causa de falecimento da covid-19, foi feita uma comparação com os dados da síndrome de anos anteriores. Daí, conclui-se que o excesso de casos configura, em realidade, pacientes de coronavírus, permitindo obter a taxa de mortalidade total e o percentual real de infectados.
Vacinação
Os pesquisadores criaram cenários diferentes de projeção da doença a partir da chegada da vacina. As simulações consideraram 250 milhões de doses da vacina, o que permitiria, em aplicações de duas doses por paciente, vacinar 125 milhões de pessoas.
O estudo também considerou que a vacina tenha eficácia de 95% e imunidade permanente, e que são necessários 30 dias para atingir pleno efeito das duas doses. Assim, a vacinação teria início na faixa etária de 80 anos ou mais, seguida por pessoas de 70 a 79 anos, e assim por diante, seguindo uma ordem decrescente de idade.
Em um cenário sem a vacina, e dadas as presentes condições de isolamento social, a previsão é de quase 800 mil mortes no Brasil até outubro de 2021. Com políticas mais severas de isolamento, esse número cai para a metade.
Uma outra avaliação imagina um cenário como o atual, porém com vacinação a partir de 15 de janeiro. Em outubro de 2021, as mortes estariam na ordem de 600 mil. Do mesmo modo, com medidas de isolamento maiores, a projeção cai para um pouco mais de 200 mil mortes.
Já em um cenário sem vacina, nem quaisquer medidas de segurança sanitária, as mortes, em janeiro de 2022 podem chegar a 1,2 milhão, em amplo crescimento. Para janeiro de 2023, os pesquisadores fazem projeções de 1,4 milhões de óbitos por covid-19 em todo o Brasil.
Percentual da população já infectada
- DF: 24%
- RJ: 24%
- RR: 21%
- AM: 21%
- MT: 21%
- ES: 20%
- CE: 19%
- SE: 18%
- AP: 17%
- SP: 17%
- PE: 17%
- GO: 16%
- RO: 16%
- AC: 15%
- PI: 15%
- RN: 15%
- PB: 15%
- PA: 14%
- TO: 13%
- AL: 12%
- MS: 12%
- RS: 12%
- MA: 11%
- SC: 11%
- PR: 10%
- BA: 10%
- MG: 9%
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