Coronavírus

'Vai morrer muita gente antes de ter vacina suficiente', diz professor da UnB

Um dos pesquisadores à frente do sequenciamento de genoma do coronavírus na UnB, Bergmann Morais Ribeiro, fala ao CB. Poder sobre os estudos, falta de vacina e investimentos em pesquisas científicas

A descoberta de que a variante inglesa do novo coronavírus já circula no Distrito Federal alerta para riscos ainda maiores da doença. Embora a capital já tenha iniciado a campanha de imunização, ainda não há vacinas suficientes para proteger os brasilienses, nem mesmo aqueles do grupo de risco, considerados prioridade no calendário da Secretaria de Saúde. Em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense e a TV Brasília, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Morais Ribeiro afirma que “ainda vai morrer muita gente antes de ter vacina suficiente”.

O docente é um dos pesquisadores à frente do sequenciamento do genoma do coronavírus na UnB. Por meio do estudo, o grupo consegue identificar as mutações do vírus. “Todo vírus que entra vai mudando e essa mudança pode ser para o bem ou para o mal. Tem que acompanhar, porque se for para o mal, você pode descobrir onde está mudando e fazer estratégias. É importante acompanhar a evolução do vírus”, disse o especialista.

Bergmann destaca que uma das formas de controlar esse espalhamento é por meio da vacina. “Se não vacinar, vai permitir que ele replique e produza mais variantes e, possivelmente, uma variante que cause doenças mais graves”, destacou.

Para ele, embora o Brasil seja referência em imunização e tenha um calendário anual seguido por outros países, houve um atraso na produção de uma vacina contra a covid-19. “Provavelmente, muitos governos acharam que a doença não ia se espalhar. O governo tem que ser assessorado com informações de quem trabalha com vírus, de quem entende do assunto”, afirmou Bergmann.

O especialista falou ainda sobre a falta de investimento em pesquisas científicas no país, o que acaba gerando atrasos no resultado de estudos. Por outro lado, ele destaca a rapidez da produção de vacinas contra a covid-19 e critica quem é contra a imunização. “Antes, se questionava a eficiência das vacinas. Hoje, questionam. Elas foram testadas exaustivamente e, hoje, contamos com muita tecnologia. Ninguém é louco de liberar vacina sem comprovação”, completou.